São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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BNDES assume Copa e Olimpíada

Com um aporte de R$ 15 bilhões, banco será principal financiador dos eventos organizados pelo Brasil

Opção do governo federal contempla risco menor de calote e de obras prioritárias não ficarem prontas por falta de investimentos

Rafael Andrade/Folha Imagem
TRIO DE FERRO
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes em cerimonia de hasteamento da bandeira olimpica, no Palácio da Cidade, no bairro de Botafogo, no Rio. Assim como na Copa do Mundo de 2014, o BNDES vai ser o principal financiador dos Jogos Olímpicos de 2016


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai ser o principal financiador das duas maiores competições esportivas do mundo, a Copa de 2014 e a Olimpíada do Rio, em 2016. O banco deve oferecer ao menos R$ 15 bilhões para os eventos.
Mais do que bancar diretamente os custos das empreitadas bilionárias, o governo federal vai passar ao BNDES a tarefa de custear com empréstimos os principais gastos de infraestrutura urbana, os mais custosos, para os dois eventos.
O banco de desenvolvimento foi a saída escolhida pela União para honrar os principais gastos com os projetos esportivos, com menos riscos de perder dinheiro. Caberá ao governo federal investir em portos, aeroportos e paisagismo.
Uma pista disso foi o recado que a ministra Dilma Rousseff deu ao diretor de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, sexta-feira, uma hora antes do anúncio da vitória do Rio para 2016. "Prepare-se, você terá muito trabalho!".
Entre os futuros financiadores, o BNDES aparece como o principal. O banco vai disponibilizar inicialmente R$ 5 bilhões para o PAC da Mobilidade, programa que prevê a construção de vias, criação de corredores de ônibus articulados e a expansão com criação de outras linhas do metrô carioca. Segundo o ministro Márcio Fortes, o valor pode aumentar.
Os investimentos na área são os mais vultosos, segundo projeto executivo de 2016. Só o valor para infraestrutura pode chegar a R$ 20 bilhões.
O diretor do banco Élvio Gaspar afirmou à Folha que vai disponibilizar R$ 4,8 bilhões para a reforma/construção de estádios para a Copa, mais do que os R$ 3,6 bilhões previstos.
Esse montante já prevê o teto de R$ 400 milhões por estádio, limite de financiamento de 75% e inclui recursos para três instalações privadas -Morumbi, do São Paulo, Beira-Rio, do Internacional, e Arena da Baixada, do Atlético Paranaense.
Os investimentos para a Copa e os Jogos coincidem. O que é gasto para 2014 já serve como herança para dois anos depois.
A Olimpíada deve custar R$ 25,9 bilhões, sete vezes o valor do Pan-07, de R$ 3,7 bilhões.
O BNDES também abrirá uma linha para reforma de hotéis para a Copa, que Gaspar estima ser de R$ 1 bilhão -e variar de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, em média, por imóvel.
Com a Olimpíada, o montante deve subir para até R$ 5 bilhões, porque é necessária a construção de mais 10 mil a 12 mil quartos no Rio, para atender os parâmetros olímpicos.
Ontem, o governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou que um empresário do setor hoteleiro prometera construir três hotéis na Barra da Tijuca, epicentro da Olimpíada, caso o Rio conquistasse o direito a ser sede. O BNDES viabilizaria empreendimentos como esses.
Os financiamentos não se restringirão aos entes públicos. Entidades privadas também poderão receber recursos, porém o banco será mais exigente nas garantias requeridas.
Governos e prefeituras são melhores devedores porque podem ser cobrados no fundo de participação de Estados e municípios, além da possibilidade de usar terrenos públicos.
O modelo é diferente do adotado no Pan, quando a prefeitura não contou com recursos do BNDES, segundo o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia. De acordo com Maia, a prefeitura não usou recursos de arrecadação, concessões e troca por gabarito (caso da Vila do Pan).


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