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pátria de joelheiras
Vôlei festeja com chuva, suor e cerveja
Bicampeões compram bebida, jogam espumante nos fãs e param a avenida Paulista para comemorar o título mundial
Giba rouba a cena ao atravessar multidão para colocar a filha no desfile e, como Dante e Anderson, sair do carro para ir ao banheiro
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Era meio-dia quando a chuva
começou, uma pancada forte,
que fez os atletas se encolherem e se cobrirem e quase acabou com a festa. Quase.
O aguaceiro arrefeceu cerca
de cinco minutos depois e parece ter acordado os jogadores da
seleção de vôlei, até então atordoados por 35 horas de viagem
entre o Japão e São Paulo. E foi
assim, molhados, que eles começaram o desfile com o troféu
do bicampeonato mundial.
A injeção de ânimo que faltava foi dada por Roque Santos. O
torcedor de 29 anos, já na descida da avenida Brigadeiro Luís
Antônio, grudou no carro do
Corpo de Bombeiros.
Acenava, aplaudia e falava
com Escadinha. Pareciam velhos amigos. Tão íntimos que
decidiu servir de garçom. O líbero sacou o dinheiro, e o torcedor rumou ao bar da esquina.
Minutos depois, uma das
motos da escolta policial trouxe
a encomenda: duas sacolas com
latas de guaraná e cerveja.
As ruas não lembravam a
conquista do penta de futebol,
mas as calçadas estavam
cheias. No centro da cidade, arredores da praça da Sé, o número de torcedores, no chão e nas
janelas, cresceu. Uma pequena
legião corria atrás do time incentivada pelo locutor: "Dê o
seu aceno, vibre com a seleção".
E o público aplaudia, pedia
autógrafos e dava mais gás à
festa. Na avenida São João, garrafas de espumante surgiram
da calçada. Banho de espuma
nos engravatados, nos meninos
de rua, nas tietes de Giba...
Diante da tranqüilidade e insistência dos fãs, até os seguranças, truculentos no início,
ajudavam papéis e camisas a
chegarem às mãos dos atletas e
voltarem autografados aos donos. Nem sempre dava certo. A
certa altura, duas meninas foram ao chão. Puxões de cabelos,
berros, e uma sai aos prantos.
Perdera a bandeira "do Giba".
O melhor jogador do Mundial, Escadinha e Marcelinho
eram os mais animados.
Quase na Paulista, Santos até
se ofereceu para buscar mais
cerveja. Desta vez não, obrigado. "Não os conheço não. Vim
porque eles são bicampeões
mundiais e merecem. Assisti a
todos os jogos", disse ele.
Giba, então, começou a roubar a cena. Primeiro, desceu para buscar a filha Nicoll, 2. A menina saiu pela janela do ônibus
que levava familiares e jornalistas sob olhares de reprovação
de Cristina Pirv, sua mulher.
Depois, entrou em um bar seguido de fãs. Apertado, precisava usar o banheiro. Anderson e
Dante já haviam feito o mesmo
na Paulista, para desespero dos
seguranças. Efeito da cerveja.
A famosa avenida teve a pista
sentido Paraíso interditada. Do
outro lado, buzinaço e manifestações. "Vamos pedir a correção do IR e o aumento do salário mínimo. A seleção está com
a gente. Giovane, nos dê uma
força", bradava o porta-voz do
Sindicato dos Bancários, dirigindo-se ao ex-jogador, que não
faz mais parte da seleção.
Após quase três horas sob sol
forte, acabou a festa, que quase
não ocorreu por causa dos Europeus. Cinco jogadores nem
voltaram ao Brasil.
Poucos torcedores se despediram dos bicampeões, no ginásio do Ibirapuera. Mas ao menos um saiu satisfeito e pedia:
"Não esqueçam do catador de
latinhas, hein?".
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