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Defeito esvazia nova piscina do Pan
Pela segunda vez, impermeabilizante incompatível com a massa das paredes pode ter sido o causador do problema
Parque Aquático foi aberto
em maio mesmo sem estar
totalmente concluído;
arquibancada com ferro
aparente precisa de reforma
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
RICARDO MORAES
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Primeira obra a ficar "pronta" para os Jogos Pan-Americanos, sete meses atrás, o Parque
Aquático Júlio Delamare já teve interditada uma de suas
duas piscinas novas. O parque,
situado no complexo do Maracanã, foi inaugurado em maio,
mesmo sem estar concluído.
A piscina de saltos ornamentais estava ontem quase vazia,
com um pouco de água suja ao
fundo. Com problemas, ela foi
fechada há pelo menos duas semanas. Atletas que lá treinam
estão praticando em clubes. A
escolinha suspendeu as atividades. Não há previsão de data
para reabertura.
A arquibancada, com ferro
aparente por causa do desgaste
do concreto, oficialmente está
em reforma, embora ontem de
manhã nenhum operário fosse
visto trabalhando no local.
Na piscina olímpica ainda
são feitos ajustes. Jogadores de
pólo que participaram de um
torneio recente reclamaram da
temperatura elevada da água e
do excesso de cloro.
No dia 2 de maio, o parque foi
inaugurado, ainda que a arquibancada não tenha recebido
melhorias. O vice-governador
Luís Paulo Conde discursou na
cerimônia: "Orgulhosamente,
entregamos agora o Parque
Aquático Júlio Delamare".
O parque é formado por uma
piscina olímpica, uma piscina
de saltos (espécie de tanque gigante que fica sob os trampolins), uma piscina coberta de
aquecimento e a arquibancada.
Só as piscinas não-cobertas foram reformadas.
Já durante as obras erros
abalaram o cronograma. O uso
de impermeabilizante incompatível com a massa provocou
infiltrações na piscina de saltos
e atrasou a entrega.
Funcionários do Maracanã
disseram que a infiltração se
repetiu. Segundo eles -que não
quiseram se identificar-, um
produto foi encomendado do
exterior para impermeabilizar
as paredes. A empreiteira Norberto Odebrecht, contudo,
aponta defeito em uma válvula
no fundo da piscina.
Outro equívoco na reforma
foi o do cumprimento da piscina olímpica, que precisa ter 50
m. Depois de construída no lugar da antiga, descobriu-se que
media 49,98 m -uma diferença
mínima que, no entanto, pode
determinar um recorde.
Uma parede foi destruída e a
obra, refeita. Um levantamento
topográfico atestou o sucesso
da correção.
O cenário atual é estranho
para um parque recém-inaugurado. Por segurança, foi colocada uma rede vermelha em torno da piscina de saltos.
Na arquibancada, há rachaduras nos degraus, o concreto
dos corrimões está desgastado
e com ferro à mostra, plantas
nascem sob os assentos. Uma
placa exige o uso de capacete.
O Júlio Delamare vai abrigar
na piscina olímpica jogos de pólo aquático. A de saltos ornamentais será usada para treinos. As provas de saltos estão
previstas para o parque em
construção em Jacarepaguá. Se
houver problema, o Maracanã
deveria ser opção.
Informado pela Folha sobre
o relato de que a piscina foi alvo
de infiltração, o brasileiro Ruben Márcio de Araújo, árbitro
da Federação Internacional de
Natação, disse: "É uma coisa
complicada. Se ali há problema,
imagina o que pode acontecer
com a piscina ao lado".
Além da piscina fechada e da
arquibancada em obras, há outra particularidade: em janeiro,
a Suderj (Superintendência de
Desportos do Estado do Rio de
Janeiro) estimou em R$ 4,5
milhões o custo da reforma.
Ontem o presidente da entidade, Sérgio Emilião, divulgou
novo número: R$ 7 milhões (ao
todo, R$ 192 milhões devem
ser gastos no complexo do Maracanã para o Pan do Rio).
O secretário-geral do Comitê
Organizador do Pan, Carlos
Roberto Osório, pediu ontem
que se "acelerem as obras nessa reta final". Também defendeu que seja mais ágil a "liberação de recursos" pelos órgãos
públicos.
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