São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2006

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Defeito esvazia nova piscina do Pan

Pela segunda vez, impermeabilizante incompatível com a massa das paredes pode ter sido o causador do problema

Parque Aquático foi aberto em maio mesmo sem estar totalmente concluído; arquibancada com ferro aparente precisa de reforma

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

RICARDO MORAES
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Primeira obra a ficar "pronta" para os Jogos Pan-Americanos, sete meses atrás, o Parque Aquático Júlio Delamare já teve interditada uma de suas duas piscinas novas. O parque, situado no complexo do Maracanã, foi inaugurado em maio, mesmo sem estar concluído.
A piscina de saltos ornamentais estava ontem quase vazia, com um pouco de água suja ao fundo. Com problemas, ela foi fechada há pelo menos duas semanas. Atletas que lá treinam estão praticando em clubes. A escolinha suspendeu as atividades. Não há previsão de data para reabertura.
A arquibancada, com ferro aparente por causa do desgaste do concreto, oficialmente está em reforma, embora ontem de manhã nenhum operário fosse visto trabalhando no local.
Na piscina olímpica ainda são feitos ajustes. Jogadores de pólo que participaram de um torneio recente reclamaram da temperatura elevada da água e do excesso de cloro.
No dia 2 de maio, o parque foi inaugurado, ainda que a arquibancada não tenha recebido melhorias. O vice-governador Luís Paulo Conde discursou na cerimônia: "Orgulhosamente, entregamos agora o Parque Aquático Júlio Delamare".
O parque é formado por uma piscina olímpica, uma piscina de saltos (espécie de tanque gigante que fica sob os trampolins), uma piscina coberta de aquecimento e a arquibancada. Só as piscinas não-cobertas foram reformadas.
Já durante as obras erros abalaram o cronograma. O uso de impermeabilizante incompatível com a massa provocou infiltrações na piscina de saltos e atrasou a entrega.
Funcionários do Maracanã disseram que a infiltração se repetiu. Segundo eles -que não quiseram se identificar-, um produto foi encomendado do exterior para impermeabilizar as paredes. A empreiteira Norberto Odebrecht, contudo, aponta defeito em uma válvula no fundo da piscina.
Outro equívoco na reforma foi o do cumprimento da piscina olímpica, que precisa ter 50 m. Depois de construída no lugar da antiga, descobriu-se que media 49,98 m -uma diferença mínima que, no entanto, pode determinar um recorde.
Uma parede foi destruída e a obra, refeita. Um levantamento topográfico atestou o sucesso da correção.
O cenário atual é estranho para um parque recém-inaugurado. Por segurança, foi colocada uma rede vermelha em torno da piscina de saltos.
Na arquibancada, há rachaduras nos degraus, o concreto dos corrimões está desgastado e com ferro à mostra, plantas nascem sob os assentos. Uma placa exige o uso de capacete.
O Júlio Delamare vai abrigar na piscina olímpica jogos de pólo aquático. A de saltos ornamentais será usada para treinos. As provas de saltos estão previstas para o parque em construção em Jacarepaguá. Se houver problema, o Maracanã deveria ser opção.
Informado pela Folha sobre o relato de que a piscina foi alvo de infiltração, o brasileiro Ruben Márcio de Araújo, árbitro da Federação Internacional de Natação, disse: "É uma coisa complicada. Se ali há problema, imagina o que pode acontecer com a piscina ao lado".
Além da piscina fechada e da arquibancada em obras, há outra particularidade: em janeiro, a Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro) estimou em R$ 4,5 milhões o custo da reforma.
Ontem o presidente da entidade, Sérgio Emilião, divulgou novo número: R$ 7 milhões (ao todo, R$ 192 milhões devem ser gastos no complexo do Maracanã para o Pan do Rio).
O secretário-geral do Comitê Organizador do Pan, Carlos Roberto Osório, pediu ontem que se "acelerem as obras nessa reta final". Também defendeu que seja mais ágil a "liberação de recursos" pelos órgãos públicos.


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