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Dunga renega capitão como ele
Técnico diz que seu estilo de comandar dos tempos de jogador não seria bom para os dias de hoje
Segundo o treinador, só boas atuações no Barcelona não são suficientes para fazer de Ronaldinho titular na seleção brasileira
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Referência dentro de campo
na conquista da Copa do Mundo de 94, o técnico Dunga desaprovou ontem o seu estilo de liderança na atual seleção.
Capitão da equipe no Mundial dos EUA, Dunga era o líder
do time comandado por Carlos
Alberto Parreira. No gramado,
o ex-volante chamava a atenção por gritar e cobrar dos companheiros em público.
""Minha forma de liderança
em 94 não seria bom para os
dias de hoje. Tudo tem que ter
mudança, evolução. Hoje é outro tipo de comportamento, de
idéias", disse o treinador, que
agrediu o atacante Bebeto em
campo no Mundial da França,
em 1998. Numa discussão, ele
deu uma cabeçada no companheiro durante a partida.
""Além disto, ficamos 24 anos
sem ganhar naquela época. A
pressão era enorme e não podíamos errar [em 94]. Tinha
que ter a cobrança mais forte.
Hoje, as coisas modificaram e
precisamos de uma liderança
mais diferente da minha", disse
Dunga, que deu a faixa de capitão para o zagueiro Lúcio. O jogador tem um estilo sóbrio. Ele
fala com os companheiros nas
partidas, mas evita gesticular
com os outros atletas.
Contundido, Lúcio ficou de
fora do jogo na Suíça, no mês
passado. Com a ausência do capitão, Kaká colocou pela primeira vez a braçadeira. O jogador do Milan é um dos principais interlocutores de Dunga
no grupo atual. Eles sempre
conversam sobre tática.
O técnico evitou comparar os
jogadores da seleção atual com
o seu estilo. ""Não procuro fazer
esta comparação. A minha fase
de jogador tem que ficar de fora", disse Dunga, assumiu o
cargo após a derrota da seleção
no Mundial da Alemanha. Até
então, ele nunca trabalhou como treinador.
Dunga deu ontem uma palestra num fórum internacional
sobre futebol no Rio. Além dele,
o italiano Arrigo Sacchi, técnico
da seleção italiana na Copa de
94 e ex-dirigente do Real Madrid, e o argentino José Pekerman, que comandou a seleção
do seu país no último Mundial,
também participam do evento.
O fórum é organizado pela FSV
Sports, empresa cuja filha de
Carlos Alberto Parreira é sócia.
O ex-técnico da seleção também debateu.
Dunga voltou a manter o suspense sobre a situação de Ronaldinho na seleção. Ele não
quis confirmar o jogador do
Barcelona como titular.
"Escalo pelo que tenho visto
em campo e pelas estatísticas.
O mais importante é o coletivo.
A partir daí, a individualidade
sobressai", disse o treinador,
que fez questão de lembrar que
o jogador teve dificuldades para
recuperar o ritmo após a Copa.
Dunga, que está invicto no
cargo, disse que apenas boas
atuações de Ronaldinho no
Campeonato Espanhol não vão
garanti-lo no time titular.
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