São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dunga renega capitão como ele

Técnico diz que seu estilo de comandar dos tempos de jogador não seria bom para os dias de hoje

Segundo o treinador, só boas atuações no Barcelona não são suficientes para fazer de Ronaldinho titular na seleção brasileira

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Referência dentro de campo na conquista da Copa do Mundo de 94, o técnico Dunga desaprovou ontem o seu estilo de liderança na atual seleção.
Capitão da equipe no Mundial dos EUA, Dunga era o líder do time comandado por Carlos Alberto Parreira. No gramado, o ex-volante chamava a atenção por gritar e cobrar dos companheiros em público.
""Minha forma de liderança em 94 não seria bom para os dias de hoje. Tudo tem que ter mudança, evolução. Hoje é outro tipo de comportamento, de idéias", disse o treinador, que agrediu o atacante Bebeto em campo no Mundial da França, em 1998. Numa discussão, ele deu uma cabeçada no companheiro durante a partida.
""Além disto, ficamos 24 anos sem ganhar naquela época. A pressão era enorme e não podíamos errar [em 94]. Tinha que ter a cobrança mais forte. Hoje, as coisas modificaram e precisamos de uma liderança mais diferente da minha", disse Dunga, que deu a faixa de capitão para o zagueiro Lúcio. O jogador tem um estilo sóbrio. Ele fala com os companheiros nas partidas, mas evita gesticular com os outros atletas.
Contundido, Lúcio ficou de fora do jogo na Suíça, no mês passado. Com a ausência do capitão, Kaká colocou pela primeira vez a braçadeira. O jogador do Milan é um dos principais interlocutores de Dunga no grupo atual. Eles sempre conversam sobre tática.
O técnico evitou comparar os jogadores da seleção atual com o seu estilo. ""Não procuro fazer esta comparação. A minha fase de jogador tem que ficar de fora", disse Dunga, assumiu o cargo após a derrota da seleção no Mundial da Alemanha. Até então, ele nunca trabalhou como treinador.
Dunga deu ontem uma palestra num fórum internacional sobre futebol no Rio. Além dele, o italiano Arrigo Sacchi, técnico da seleção italiana na Copa de 94 e ex-dirigente do Real Madrid, e o argentino José Pekerman, que comandou a seleção do seu país no último Mundial, também participam do evento. O fórum é organizado pela FSV Sports, empresa cuja filha de Carlos Alberto Parreira é sócia. O ex-técnico da seleção também debateu.
Dunga voltou a manter o suspense sobre a situação de Ronaldinho na seleção. Ele não quis confirmar o jogador do Barcelona como titular.
"Escalo pelo que tenho visto em campo e pelas estatísticas. O mais importante é o coletivo. A partir daí, a individualidade sobressai", disse o treinador, que fez questão de lembrar que o jogador teve dificuldades para recuperar o ritmo após a Copa.
Dunga, que está invicto no cargo, disse que apenas boas atuações de Ronaldinho no Campeonato Espanhol não vão garanti-lo no time titular.


Texto Anterior: Empreiteira nega nova infiltração
Próximo Texto: Itália: Atacante do tetra é acusado de apostas ilegais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.