São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Renda corintiana atinge recorde no ano da queda

Clube ganhou R$ 127,9 milhões até outubro e deve superar o campeão São Paulo

Maioria das receitas do time do Parque São Jorge, inchadas por negociação de Willian, foi utilizada para pagar dívidas ou pessoal

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano em que foi rebaixado à Série B do Brasileiro, o Corinthians atingiu sua maior arrecadação e uma das maiores da história do futebol brasileiro. Em 2007, o clube de Parque São Jorge deve superar as rendas do rival São Paulo, que é o que mais arrecada no país.
Isso pode ser constatado com uma análise dos balancetes divulgados pela diretoria corintiana nos últimos dias.
Pelos documentos, até o final de outubro, o Corinthians arrecadou R$ 127,9 milhões. Neste valor não são considerados os últimos dois meses do ano.
A diretoria do São Paulo estima que sua arrecadação final no ano será de R$ 127 milhões. A receita recorde atingida pelo Corinthians deve-se às negociações de jogadores, principalmente do meia Willian. Houve outra venda expressiva, de Carlos Alberto, também meia. O clube ganhou R$ 73,6 milhões com atletas. Só que, desse total, cerca de R$ 11 milhões ainda não foram recebidos pelo clube. É que o alemão Werder Bremen está pagando parceladamente por Carlos Alberto.
Além disso, boa parte do dinheiro ganho com essas negociações teve de ser usado para pagar dívidas da gestão de Alberto Dualib. São R$ 14 milhões em Imposto de Renda. Ainda há o débito de R$ 21 milhões com o Lyon referente a Nilmar, que pode causar perdas esportivas se não for quitado.
Também sobre as outras receitas do Corinthians pesa o passivo. No total, o futebol arrecadou R$ 44,4 milhões com patrocínios e cotas de TV. O dinheiro da televisão do Brasileiro, por exemplo, não foi recebido em grande parte porque estava comprometido com adiantamentos feitos pelo Clube dos 13. O clube ainda ganhou R$ 9,9 milhões com o setor social.
Pelo último balancete, o passivo corintiano (obrigação a pagar) soma R$ 197 milhões. Uma parte deste valor é de receitas a realizar. Ou seja, valores que o time, na verdade, vai receber por contratos de TV. Mas os débitos compõem a maior parte.
Não foi só a retenção de receitas para pagar dívidas que pesou. As despesas atingem valores vultosos. Segundo o balancete do fim de outubro, o total era de cerca de R$ 70 milhões com pessoal. "Há despesas importantes com pessoal. Só devemos conseguir quitá-las em três anos", explicou o vice-presidente de finanças do clube, Raul Corrêa da Silva.
A diretoria corintiana reconhece que dificilmente vai atingir os patamares de receitas de 2007, pois a venda de jogadores é esporádica e incerta.
Os cartolas projetam um aumento de rendas de patrocínios e cotas de TV -neste caso, terão de renegociar contratos da Série B do Brasileiro. O problema é que, para fazer crescer esse tipo de receita, é preciso um trabalho paulatino, que demora certo tempo para dar resultado. É o que mostram as finanças do São Paulo, maior arrecadador do país até o momento.
No ano passado, os são-paulinos ganharam em torno de R$ 122,9 milhões, cerca de R$ 10 milhões a mais do que tinham faturado no ano anterior. "Temos renegociado contratos de TV e de marketing para aumentar nossas receitas", contou o diretor de finanças do São Paulo, Oswaldo Vieira de Abreu.
Suas rendas só foram superadas pelo Santos, em 2005, que ganhou R$ 136,7 milhões (a maior parte do valor, resultado das vendas de Robinho e Elano). O Corinthians pode até se aproximar desse número em 2007, já que faltam dois meses para o final do ano. Mas, ao contrário das outras arrecadações recordes, acumula um déficit de R$ 11,3 milhões até o final de outubro. E o rebaixamento.


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