São Paulo, domingo, 06 de dezembro de 2009

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JUCA KFOURI

Maracanã em dia de graça


Palco de tantas desgraças cariocas e nacionais, o cartão de visitas do futebol brasileiro será só festa

MARACANÃ E TRAGÉDIA foram quase sinônimos diversas vezes na história. A começar por 1950, quando a seleção brasileira era o Flamengo, e a uruguaia era o Grêmio.
Mas com uma diferença fundamental: o Uruguai tinha um objetivo, o de ser campeão mundial. O Grêmio não tem nenhum.
Porque até mesmo o Grêmio já calou o Maracanã lotado na decisão da Copa do Brasil de 1997, quando empatou em 2 a 2 com o Flamengo e ficou com o título.
Então, como hoje, quando o rubro-negro está com a faixa e a taça nas mãos, ninguém apostava nos visitantes gaúchos.
Gaúchos, mas do Juventude, que dois anos depois calaram de novo o estádio, ao empatarem sem gols com o Botafogo e voltarem com a Copa do Brasil para o Rio Grande.
Como fez o Santo André, que estava na segunda divisão, em 2004, contra o próprio Flamengo.
Sim, o Maracanã, apesar de tudo que por lá fizeram Mané Garrincha e Zico, não foi apelidado de Recreio dos Bandeirantes à toa, a começar pelo fato de que seu primeiro jogo, o que inaugurou o estádio, terminou com vitória da seleção paulista sobre a carioca, por 3 a 1.
Lá o Santos ganhou dois títulos mundiais, ao vencer o Benfica no primeiro jogo (3 a 2) e confirmar em Lisboa (5 a 2), em 1962, e ao derrotar o Milan na revanche (4 a 2) e na negra (1 a 0), no ano seguinte. Como lá, diante do Vasco, o Corinthians ergueu a primeira taça oficial da Fifa pelo Mundial de Clubes de 2000.
Nem é bom falar em Flu e LDU...
Mas sempre, note bem, fossem estrangeiros ou forasteiros, com os adversários buscando a consagração o que, repita-se, não é o caso da partida de hoje.
O Flamengo será hexacampeão nacional não só porque é melhor que o Grêmio ou porque o Grêmio só venceu uma vez fora de casa neste Brasileirão e assim mesmo ao ganhar do Náutico, um dos quatro rebaixados para a Série B.
O Flamengo será mais uma vez campeão porque até as tragédias precisam de certos ingredientes que estão ausentes neste domingo.
Não tem aquele clima que antecedeu uma das maiores derrotas rubro-negras de todos os tempos, a para o América mexicano, depois que o Mengo tinha sido bicampeão estadual, despedia-se de Joel Santana e tinha a confortável vantagem de ter vencido, em Guadalajara, por 4 a 2, pela Libertadores.
Aqueles 3 a 0 do Maracanã engalanado, no ano passado, tinham todos os condimentos preferidos do Sobrenatural de Almeida. Agora não.
O Flamengo está humilde como Andrade, cerebral como Petkovic, cauteloso como Ronaldo Angelim e fulminante como Adriano, se até a hora do jogo ele não cortar o pescoço, ou os pulsos, ao fazer a barba.
E terá o Grêmio pela frente, que nem consegue disfarçar a vontade de perder a qualquer custo, porque se gaúchos se unem e gostam de briga com paulistas, cariocas ou mineiros, gostam mais ainda de quebrar qualquer unidade conterrânea quando o assunto é futebol, é Gre-Nal. A menos, é claro, que o Santo André esteja vencendo o Inter e tamanha improbabilidade dê aos gremistas a injeção de ânimo para ajudar o Palmeiras ou o São Paulo...

blogdojuca@uol.com.br


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