São Paulo, segunda-feira, 07 de janeiro de 2008

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Pela internet, Jade espanta a China

Novo salto da ginasta, que a coloca como candidata ao pódio na Olimpíada, chega à principal adversária via YouTube

Chineses, que apostam no ouro de Fei Cheng, ligam para o Brasil para perguntar sobre a brasileira após verem vídeo com a nova acrobacia


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Jade Barbosa inicia hoje, quando retoma os treinos em Curitiba, a temporada mais importante de sua carreira. E não serão só os treinadores ucranianos da seleção feminina de ginástica artística que estarão de olho nos passos da carioca.
Tudo porque, antes de sair para a folga de final de ano, Jade protagonizou façanha que a credencia ao rol de fortes candidatas a medalha na Olimpíada de Pequim, em agosto. E que a colocou na mira dos chineses.
Em sua última exibição na temporada 2007, no último dia 15, em Foz do Iguaçu, em etapa do circuito nacional, Jade Barbosa fez um dos saltos de maior alto grau de dificuldade no código de pontuação e que, até então no mundo, só a chinesa Fei Cheng, tricampeã mundial de salto, fora capaz de exibir.
"O salto não é tão difícil. É como um dos que eu já faço. Valeu pela estréia em torneio. Após o Mundial, vi que tinha que trocar um dos saltos [são dois] para ficar de igual para igual com a Fei Cheng", afirma Jade.
No último Mundial, no único grande duelo entre as duas ginastas, a brasileira ficou em desvantagem, já que seus saltos tinham notas de partida de 16,500 e 15,600, enquanto os da chinesas alcançavam 16,500.
Para Jade, o novo salto, que consiste em rodante com meia volta mais mortal para a frente com pirueta e meia, exige bem mais técnica do que explosão.
"Já o treinava com o Oleg Ostapenko [ucraniano que treina a seleção]. É mais jeito. Tem que ser tudo certo. Mas não fui perfeita em Foz do Iguaçu."
Realmente, na exibição no Paraná, que durou cerca de dez segundos, ela saiu campeã do salto, mas viu desconto de 1 ponto na nota de partida, que é 16,500 -só outros dois saltos no código superam esse valor, um de 16,700 e outro de 17,100, comuns nas provas masculinas.
"Ela foi fantástica. Tiramos 1 ponto. Mas, por ter sido a estréia, foi maravilhoso. Se limpar o movimento, tem grandes chances de disputar pódio inédito para o país na Olimpíada", diz Alice Tanabe, presidente do Comitê Técnico da Confederação Brasileira de Ginástica.
A confiança se dá pelo fato de que, no último Mundial, o mais difícil da história, só duas atletas ostentavam dois saltos de 16,500: Cheng e a norte-coreana Su Jong-hong. E Jade, agora.
O que a deixou na mira da China. "Não sei quem pôs o salto no YouTube. Mas os chineses viram, ligaram, queriam saber desde quando Jade fazia o salto, falaram que o técnico de lá acha o salto dela melhor que o de sua atleta. Estão pasmos, pois acreditavam no ouro da Cheng", diz Eliane Martins, supervisora de seleções da CBG.
Copiar movimentos difíceis não é novidade para Jade. Em 2003, só três meses após Daiane dos Santos sagrar-se campeã mundial de solo e consagrar o duplo twist carpado, Jade virou a mais jovem do planeta a fazer a acrobacia, com 13 anos.
E ela não descarta o sonho de criar um movimento. "Isso é especial. Mas é muito difícil. Não vou desistir. Só não posso ter isso como prioridade agora." A prioridade, diz, é "chegar com tudo afiado à Olimpíada".


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