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Pela internet, Jade espanta a China
Novo salto da ginasta, que a coloca como candidata ao pódio na Olimpíada, chega à principal adversária via YouTube
Chineses, que apostam no ouro de Fei Cheng, ligam para o Brasil para perguntar sobre a brasileira após verem vídeo com a nova acrobacia
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Jade Barbosa inicia hoje,
quando retoma os treinos em
Curitiba, a temporada mais importante de sua carreira. E não
serão só os treinadores ucranianos da seleção feminina de
ginástica artística que estarão
de olho nos passos da carioca.
Tudo porque, antes de sair
para a folga de final de ano, Jade protagonizou façanha que a
credencia ao rol de fortes candidatas a medalha na Olimpíada de Pequim, em agosto. E que
a colocou na mira dos chineses.
Em sua última exibição na
temporada 2007, no último dia
15, em Foz do Iguaçu, em etapa
do circuito nacional, Jade Barbosa fez um dos saltos de maior
alto grau de dificuldade no código de pontuação e que, até então no mundo, só a chinesa Fei
Cheng, tricampeã mundial de
salto, fora capaz de exibir.
"O salto não é tão difícil. É como um dos que eu já faço. Valeu
pela estréia em torneio. Após o
Mundial, vi que tinha que trocar um dos saltos [são dois] para ficar de igual para igual com a
Fei Cheng", afirma Jade.
No último Mundial, no único
grande duelo entre as duas ginastas, a brasileira ficou em
desvantagem, já que seus saltos
tinham notas de partida de
16,500 e 15,600, enquanto os da
chinesas alcançavam 16,500.
Para Jade, o novo salto, que
consiste em rodante com meia
volta mais mortal para a frente
com pirueta e meia, exige bem
mais técnica do que explosão.
"Já o treinava com o Oleg Ostapenko [ucraniano que treina
a seleção]. É mais jeito. Tem
que ser tudo certo. Mas não fui
perfeita em Foz do Iguaçu."
Realmente, na exibição no
Paraná, que durou cerca de dez
segundos, ela saiu campeã do
salto, mas viu desconto de 1
ponto na nota de partida, que é
16,500 -só outros dois saltos
no código superam esse valor,
um de 16,700 e outro de 17,100,
comuns nas provas masculinas.
"Ela foi fantástica. Tiramos 1
ponto. Mas, por ter sido a estréia, foi maravilhoso. Se limpar o movimento, tem grandes
chances de disputar pódio inédito para o país na Olimpíada",
diz Alice Tanabe, presidente do
Comitê Técnico da Confederação Brasileira de Ginástica.
A confiança se dá pelo fato de
que, no último Mundial, o mais
difícil da história, só duas atletas ostentavam dois saltos de
16,500: Cheng e a norte-coreana Su Jong-hong. E Jade, agora.
O que a deixou na mira da
China. "Não sei quem pôs o salto no YouTube. Mas os chineses viram, ligaram, queriam saber desde quando Jade fazia o
salto, falaram que o técnico de
lá acha o salto dela melhor que
o de sua atleta. Estão pasmos,
pois acreditavam no ouro da
Cheng", diz Eliane Martins, supervisora de seleções da CBG.
Copiar movimentos difíceis
não é novidade para Jade. Em
2003, só três meses após Daiane dos Santos sagrar-se campeã
mundial de solo e consagrar o
duplo twist carpado, Jade virou
a mais jovem do planeta a fazer
a acrobacia, com 13 anos.
E ela não descarta o sonho de
criar um movimento. "Isso é
especial. Mas é muito difícil.
Não vou desistir. Só não posso
ter isso como prioridade agora." A prioridade, diz, é "chegar
com tudo afiado à Olimpíada".
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