São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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JUCA KFOURI

Copo meio cheio, copo meio vazio


É verdade. Muito depende do olhar. Mas muito depende, também, do paladar. E é aí que o problema mora

ENTRO NO jogo proposto pelos caros vizinhos Soninha e Torero. E suspeito que ambos têm razão na escolha que fizeram ainda em pleno Carnaval.
Ela, vestida de verde e azul, mais verde do que azul, preferiu olhar para o que vai bem em nosso futebol, escolheu o copo meio cheio, embora sem esquecer da Quarta-Feira de Cinzas.
Ele, de preto e branco, mais preto do que branco, não conseguiu ser otimista, ficou com o copo meio vazio e não viu muito outro jeito que não o de beber o que restava, em homenagem à triste cartolagem. De fato, as duas percepções podem conviver e convivem diante de olhares assim ou assado.
O problema maior é saber o que está no copo.
Melhor um copo inteiramente vazio do que um cheio de cicuta. Muito melhor ainda é um copo transbordando de água pura do que outro de vinagre. E o que bebemos na Quarta-Feira de Cinzas em Dublin?
Bebemos da boa fonte que nosso futebol sempre produz com a bola nos pés e da cicuta avinagrada de nossos cartolas, incapazes de conciliar um bom faturamento com bons testes técnicos para uma seleção que tem eliminatórias e Olimpíada pela frente.
Sim, raro leitor, bem sei que você é que já anda cheio deste papo vazio, porque é recorrente e sem solução.
Só que, enquanto a Itália fazia 3 a 1 em Portugal, o Brasil pegava a inexistente, tosca Irlanda.
É claro. A cota paga à seleção brasileira impede que se consiga um adversário de mesmo nível, porque, vezes dois ou quase, o custo ficaria proibitivo.
Como o time pentacampeão é atração até contra o vento, mesmo o gelado de Dublin, o que resta são as Irlandas da vida.
Some-se a isso o azar das lesões de Kaká e Pato e pronto: de que valeu o amistoso, se é que valeu?
Valeu para ver um time principal insinuante no primeiro tempo, mas apenas insinuante, pois nada conclusivo, embora agradável de se ver, tamanha a magia do toque de bola imposto por Robinho e Diego durante quase toda a partida.
O resultado de apenas 1 a 0, em gol de quem sabe tudo, de Robinho, nem fez justiça ao desempenho brasileiro, embora Dunga tenha optado por conquistar uma vitória inédita em Dublin em vez de testar a garotada olímpica, talvez inebriado pelo espetáculo requintado diante de uma Irlanda retrancada ao extremo.
O fato é que Dublin fica longe de Pequim, assim como a conquista da medalha de ouro, esta sim de um ineditismo que vale a pena.
Ficou, então, o gosto bom do malte irlandês, embora amargo pela chance desperdiçada.

Cheio de mágoas
O Palmeiras viu a volta de Marcos e a sexta vitória seguida do Guaratinguetá, 3 a 0, com direito à falha do goleirão no segundo gol. Uma lástima. O Palmeiras não só pode entrar na zona do rebaixamento hoje como está cada vez mais perto do 13º ano de fila no Paulista.

Vazio de glórias
Luta, alguns momentos de bom futebol, mas o Corinthians não passou de um péssimo 1 a 1 com o Barueri. O calvário é espinhoso.

blogdojuca@uol.com.br

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