São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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MOTOR

O duelo


Projeto de equipe de F-1 nos EUA não vai vingar porque o arraigamento da Nascar não deixa espaço para mais nada


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

POUCA GENTE no esporte a motor vai parar para lembrar, na próxima quarta-feira, dos 50 anos da morte de Marshall Teague. Quem? Marshall Teague, piloto americano versátil, bom com carros carenados e com fórmulas, herói da Nascar, destaque na Indy, nascido e criado em Daytona Beach, na Flórida, e por isso apelidado de "o rei da praia". Sua história e seus feitos no automobilismo guardam ao menos duas fortes ligações com os dias atuais.
Uma na ficção: o Hudson Hornet com o qual brilhava foi a inspiração para o personagem Doc Hudson na animação "Carros", de 2006. Outra no mundo real, bem real: Teague foi o responsável por plantar a sementinha que fez da Nascar um fenômeno comercial. E que explica por que a F-1 nunca emplacou nem emplacará na maior economia do mundo, para tristeza dos que tentam, agora, lançar uma equipe por lá.
No início dos 50, Teague conseguiu dinheiro da Pure Oil Company em troca de espaço nos paralamas do Hudson. Estava inaugurado o patrocínio no automobilismo. Estava aberto o caminho para que outros pilotos da Nascar fizessem o mesmo. E eles fizeram. E não pararam. Há décadas, os carros da Nascar são colchas de retalhos. No campeonato que começa na semana que vem, veja só, em Daytona, logos de Fedex, AT&T, Jim Beam, Red Bull, Mobil, Target, UPS e DuPont, entre outros, estamparão as bolhas de Toyota, Dodge, Ford e Chevrolet. São todas marcas que estão por lá há anos. Que, na capital do consumo, ajudaram a categoria a se tornar a sexta "liga" mais popular dos EUA.
E que, numa simbiose perfeita, cresceram também por causa dela. A F-1 viveu, nos EUA, uma história errática, cheia de idas e vindas. No jargão das pesquisas de popularidade, não passa de traço. Para se ter uma ideia da concorrência que encontra em termos de arraigamento comercial, seu primeiro carro patrocinado surgiu em 1968. Por isso, a tal USF1, equipe que estaria sendo montada por lá, não vai sair do papel. E a crise global, nesse cenário inóspito, é apenas um detalhe.

HÁ 50 ANOS
Teague correu duas vezes em Indianápolis quando as 500 Milhas compunham o calendário da F-1. Morreu em 11 de fevereiro de 1959 ao volante de um Indy modificado, em Daytona, durante uma tentativa de recorde de velocidade em circuitos fechados. Tinha 36 anos.

AQUI AGORA
A Stock, que nesta semana perdeu a Mitsubishi, cancelou os testes dos dias 17 e 18 em Interlagos. O motivo, faltam pilotos na categoria. E faltam pilotos porque faltam patrocinadores. E faltam patrocinadores porque falta dinheiro na praça. E pensar que anos atrás tiveram de limitar o grid, sempre inchado...

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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