São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Sou exceção, diz "ilegal" mais famoso

DA SUCURSAL DO RIO

""Clandestino" brasileiro mais bem-sucedido no futebol mundial, o atacante Cacau, 28, alerta que a sua trajetória não pode ser usada como exemplo.
Em 2000, ele deixou a escolinha Joana D'Arc, em Mogi das Cruzes, para jogar num clube da comunidade turca em Munique (o Türk-Gücü, da quinta divisão). Em 2001, Cacau se transferiu para o time B do Nuremberg e, três meses depois, ganhou vaga de titular na equipe principal.
Desde então, atua na elite do milionário futebol alemão. ""Dei muita sorte. Não passei por metade do que muitos atletas sofrem aqui. Fui levado por um amigo, que me colocou na casa dele, me ensinou o idioma, e fui beneficiado pela legislação da época", afirmou Cacau, que é um dos principais jogadores do tradicional Stuttgart.
Até 2001, o governo alemão concedia visto de trabalho a atletas que atuavam nas divisões amadoras. Hoje, os jogadores só obtêm o visto para defender os clubes da primeira e da segunda divisão.
Cacau está próximo de realizar o sonho de disputar a sua primeira Copa. Na última quarta, fez seu ""vestibular" com a camisa alemã. O atacante, que mudou a cidadania em 2009, entrou no segundo tempo da derrota para a Argentina por 1 a 0.
""Apesar do meu sucesso, não quero ser tratado como exemplo. Já conheci muitos jogadores que vieram em condições parecidas com a minha e se deram mal. Muitos empresários até usam o meu nome para aliciar esses jovens", disse Cacau, por telefone celular, do quarto da concentração alemã, na terça.
""Gostaria de deixar claro aos jovens que não se aventurem a jogar em clubes pequenos por aqui. Já vi cinco atletas brasileiros dividindo um quarto minúsculo, outro passando fome, e um que vendeu tudo no Brasil para jogar aqui, e o empresário sumiu. Essa vida não é fácil", concluiu Cacau. (SR)


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