São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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NATAÇÃO

Paraibano vence 100 m borboleta no Mundial de Xangai e mostra que país só consegue se sobressair na piscina curta

Kaio triunfa e reforça paradoxo do Brasil

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Kaio Márcio de Almeida reforçou ontem um paradoxo da natação brasileira. Mesmo sem alcançar a melhor marca de sua carreira, o atleta triunfou nos 100 m borboleta no Mundial de Xangai.
Ao cravar 51s07, manteve a tradição do país de brilhar no evento -é a oitava vez em 13 anos que atletas com uniforme verde-amarelo sobem no alto do pódio.
Parece a descrição de uma potência da modalidade, não fosse um detalhe: o local da disputa.
O título de ontem e os sete anteriores foram conquistados em piscina curta (25 m). Realizados desde 1993, os Mundiais com esse formato não costumam atrair os principais astros do esporte.
Trata-se de um cenário bem diferente do visto nos Mundiais em piscina de 50 m, disputados desde 1973. Preferidas pelos atletas da elite, tais competições revelam um Brasil bem menos glamouroso, que não consegue espaço no pódio desde 1994 e que não obtém um ouro desde 1982.
O próprio Kaio, 21, já sentiu na pele a diferença entre as duas versões. No ano passado, acabou os 100 m borboleta em sétimo no Mundial de Montréal, quase três segundos atrás do vencedor.
Já ontem, na China, nem precisou estabelecer o melhor tempo de sua vida para vencer -ele já completou a distância em 50s62. "Sei que poderia ter um tempo ainda melhor. A tensão bate porque este é um campeonato importante", declarou o atleta.
Os dois nomes que dominaram a prova nos últimos três anos não compareceram ao campeonato. Os americanos Michael Phelps, campeão olímpico, e Ian Crocker, dono do título e do recorde mundial em piscina longa, treinam para participar do Pan-Pacífico, torneio que será realizado em agosto.
A presença mais ilustre na concorrência de Kaio era a do ucraniano Andriy Serdinov, bronze na Olimpíada de Atenas.
Bem longe de suas melhores marcas, ele acabou eliminado nas semifinais. Melhor para o brasileiro, que tem chances reais de abocanhar outras duas medalhas, nos 50 m e nos 200 m borboleta.
A prova mais curta, aliás, é seu xodó. Em 17 de dezembro do ano passado, bateu o recorde mundial, com 22s60. Na recém-encerrada Copa do Mundo, ganhou oito ouros na distância.
"Vim para a China pronto para lutar por três medalhas", disse.
Nascido em João Pessoa, Kaio continua no clube Cabo Branco, na capital paraibana, onde dá suas braçadas desde os nove anos -à exceção do período 1999-2001, quando nadou pelo Flamengo.
Ele encerra a participação no Mundial chinês no domingo.


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