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NATAÇÃO
Paraibano vence 100 m borboleta no Mundial de Xangai e mostra que país só consegue se sobressair na piscina curta
Kaio triunfa e reforça paradoxo do Brasil
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Kaio Márcio de Almeida reforçou ontem um paradoxo da natação brasileira. Mesmo sem alcançar a melhor marca de sua carreira, o atleta triunfou nos 100 m
borboleta no Mundial de Xangai.
Ao cravar 51s07, manteve a tradição do país de brilhar no evento
-é a oitava vez em 13 anos que
atletas com uniforme verde-amarelo sobem no alto do pódio.
Parece a descrição de uma potência da modalidade, não fosse
um detalhe: o local da disputa.
O título de ontem e os sete anteriores foram conquistados em
piscina curta (25 m). Realizados
desde 1993, os Mundiais com esse
formato não costumam atrair os
principais astros do esporte.
Trata-se de um cenário bem diferente do visto nos Mundiais em
piscina de 50 m, disputados desde
1973. Preferidas pelos atletas da
elite, tais competições revelam
um Brasil bem menos glamouroso, que não consegue espaço no
pódio desde 1994 e que não obtém
um ouro desde 1982.
O próprio Kaio, 21, já sentiu na
pele a diferença entre as duas versões. No ano passado, acabou os
100 m borboleta em sétimo no
Mundial de Montréal, quase três
segundos atrás do vencedor.
Já ontem, na China, nem precisou estabelecer o melhor tempo
de sua vida para vencer -ele já
completou a distância em 50s62.
"Sei que poderia ter um tempo
ainda melhor. A tensão bate porque este é um campeonato importante", declarou o atleta.
Os dois nomes que dominaram
a prova nos últimos três anos não
compareceram ao campeonato.
Os americanos Michael Phelps,
campeão olímpico, e Ian Crocker,
dono do título e do recorde mundial em piscina longa, treinam para participar do Pan-Pacífico, torneio que será realizado em agosto.
A presença mais ilustre na concorrência de Kaio era a do ucraniano Andriy Serdinov, bronze na
Olimpíada de Atenas.
Bem longe de suas melhores
marcas, ele acabou eliminado nas
semifinais. Melhor para o brasileiro, que tem chances reais de
abocanhar outras duas medalhas,
nos 50 m e nos 200 m borboleta.
A prova mais curta, aliás, é seu
xodó. Em 17 de dezembro do ano
passado, bateu o recorde mundial, com 22s60. Na recém-encerrada Copa do Mundo, ganhou oito ouros na distância.
"Vim para a China pronto para
lutar por três medalhas", disse.
Nascido em João Pessoa, Kaio
continua no clube Cabo Branco,
na capital paraibana, onde dá suas
braçadas desde os nove anos -à
exceção do período 1999-2001,
quando nadou pelo Flamengo.
Ele encerra a participação no
Mundial chinês no domingo.
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