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Condutores já se justificam por tocha
Com virulência e até extintor de incêndio, ativistas fazem tour de Pequim-08 viver em Londres trecho mais conturbado
Medalhista Steve Redgrave
diz que atletas não devem ser "bodes expiatórios", mas vê celebridades desistirem de atuar no revezamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma reação sintomática
aos protestos que vêm acompanhando a tocha olímpica de Pequim-08 em sua rota, condutores do artefato passam a se justificar por carregá-lo.
""Como atleta, ficaria muito
feliz em apoiar governos e empresas que se recusassem a realizar negócios com a China",
explicou o britânico Steve Redgrave, que, no remo, conquistou cinco medalhas olímpicas
de ouro e ontem iniciou o revezamento da tocha em solo inglês -um percurso de 50 km.
""Mas ninguém se abstém de
negociar com a China, então
por quê os atletas devem ser os
bodes expiatórios? Fala-se
muito pouco de quem negocia
com a China e consegue lucros", completou Redgrave.
Outra personalidade, Gordon Brown, premiê do Reino
Unido, que presenciou a passagem da tocha em trecho próximo à sua residência -apesar de
protestos de políticos de oposição-, eximiu-se de culpa ao invocar discurso do dalai-lama.
""É importante lembrar que,
quando se fala da tocha, o próprio dalai-lama afirmou que
não pretende ver um boicote à
Olimpíada", apelou Brown.
Diversas personalidades, do
mundo do esporte e do entretenimento, evitaram a saia justa
ao desistir de conduzir a tocha.
Melhor jogador de badminton da Inglaterra, Richard Vaughan foi um deles. Ele alegou
que a China não está fazendo
todo o possível para evitar os
conflitos na região do Darfur.
Já a comediante Francesca
Martinez disse que não participaria, pois isso legitimaria
ações do governo chinês no Tibete. O embaixador da China
na Inglaterra, Fu Ying, procurou desvincular o esporte do
cenário político. ""Há meios
melhores para solucionar questões políticas. Você não as resolve no campo de futebol ou
na piscina de natação", falou.
Ontem, na cidade que organizará a Olimpíada-12 e que
conta com a maior comunidade
chinesa da Europa, a tocha experimentou um dos trechos
mais caóticos do revezamento
até o momento, graças à ousadia de ativistas que reivindicam
o respeito aos direitos humanos, especialmente no Tibete.
Um deles chegou a pôr a mão
na tocha. Outros dois, um de
cerca de 20 anos e outro aparentando 40, mais criativos,
usaram extintor de incêndio
para apagar a chama. Condutores -um deles teve de ser isolado dentro de um ônibus pela
polícia- admitiram nervosismo com a possibilidade de ser
atacados por manifestantes.
Os protestos foram contidos
com uso de força pela polícia,
que contou com contingente de
2.000 homens e estimou que
havia centenas de manifestantes. Segundo a Scotland Yard,
37 pessoas foram detidas.
""Há pessoas até de fora do
país para protestar", disse
Terry Tettger, porta-voz da
campanha ""Tibete Livre". ""Arruinamos esse evento político",
analisou Kim Westwood, militante pelos direitos humanos.
Com agências internacionais
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