São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Condutores já se justificam por tocha

Com virulência e até extintor de incêndio, ativistas fazem tour de Pequim-08 viver em Londres trecho mais conturbado

Medalhista Steve Redgrave diz que atletas não devem ser "bodes expiatórios", mas vê celebridades desistirem de atuar no revezamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma reação sintomática aos protestos que vêm acompanhando a tocha olímpica de Pequim-08 em sua rota, condutores do artefato passam a se justificar por carregá-lo.
""Como atleta, ficaria muito feliz em apoiar governos e empresas que se recusassem a realizar negócios com a China", explicou o britânico Steve Redgrave, que, no remo, conquistou cinco medalhas olímpicas de ouro e ontem iniciou o revezamento da tocha em solo inglês -um percurso de 50 km.
""Mas ninguém se abstém de negociar com a China, então por quê os atletas devem ser os bodes expiatórios? Fala-se muito pouco de quem negocia com a China e consegue lucros", completou Redgrave.
Outra personalidade, Gordon Brown, premiê do Reino Unido, que presenciou a passagem da tocha em trecho próximo à sua residência -apesar de protestos de políticos de oposição-, eximiu-se de culpa ao invocar discurso do dalai-lama.
""É importante lembrar que, quando se fala da tocha, o próprio dalai-lama afirmou que não pretende ver um boicote à Olimpíada", apelou Brown.
Diversas personalidades, do mundo do esporte e do entretenimento, evitaram a saia justa ao desistir de conduzir a tocha.
Melhor jogador de badminton da Inglaterra, Richard Vaughan foi um deles. Ele alegou que a China não está fazendo todo o possível para evitar os conflitos na região do Darfur.
Já a comediante Francesca Martinez disse que não participaria, pois isso legitimaria ações do governo chinês no Tibete. O embaixador da China na Inglaterra, Fu Ying, procurou desvincular o esporte do cenário político. ""Há meios melhores para solucionar questões políticas. Você não as resolve no campo de futebol ou na piscina de natação", falou.
Ontem, na cidade que organizará a Olimpíada-12 e que conta com a maior comunidade chinesa da Europa, a tocha experimentou um dos trechos mais caóticos do revezamento até o momento, graças à ousadia de ativistas que reivindicam o respeito aos direitos humanos, especialmente no Tibete.
Um deles chegou a pôr a mão na tocha. Outros dois, um de cerca de 20 anos e outro aparentando 40, mais criativos, usaram extintor de incêndio para apagar a chama. Condutores -um deles teve de ser isolado dentro de um ônibus pela polícia- admitiram nervosismo com a possibilidade de ser atacados por manifestantes.
Os protestos foram contidos com uso de força pela polícia, que contou com contingente de 2.000 homens e estimou que havia centenas de manifestantes. Segundo a Scotland Yard, 37 pessoas foram detidas.
""Há pessoas até de fora do país para protestar", disse Terry Tettger, porta-voz da campanha ""Tibete Livre". ""Arruinamos esse evento político", analisou Kim Westwood, militante pelos direitos humanos.


Com agências internacionais


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