José Luis Medeiros/ Folha Imagem

Luiz Carlos Figueiredo Mello, o 'Juninho Bill', com a camisa do Sinop, mata bola no peito; e em 87 (no detalhe), na época do ''Trem da Alegria''

RUBENS VALENTE
em Cuiabá

O cantor "Juninho Bill", um dos integrantes do extinto conjunto infantil "Trem da Alegria", virou jogador de futebol profissional em Mato Grosso.
Luiz Carlos Figueiredo Mello, 19 anos, ganha dois salários mínimos mensais e é meio-campista reserva no Sinop Futebol Club, terceiro colocado no Campeonato Mato-Grossense deste ano.
Sinop fica 500 km ao norte de Cuiabá (MT), já na Amazônia Legal (área definida pelo governo federal, que inclui todos os Estados do Norte, além de parte de Maranhão e Mato Grosso), e tem 38 mil habitantes.
Juninho deixou de cantar profissionalmente em 1993, com a dissolução do "Trem da Alegria". O conjunto gravou oito discos, que venderam ao todo 8 milhões de cópias, com sucessos como "He-Man", "Fera Neném" e "Piuí Abacaxi".
Os outros dois integrantes, Luciano e Patrícia Marques, seguiram a carreira artística.
Com o fim do "Trem da Alegria", o cantor começou a jogar futebol no São Bento, time amador de Santana, na zona norte de São Paulo.
Depois, foi para o juniors do Corinthians, onde ficou por sete meses recebendo R$ 100 mensais até ser dispensado, em 1995. No juniors da Lusa, ficou em teste por cinco meses, mas também não foi aproveitado.
No final do ano passado, recebeu um convite do técnico Luiz Antônio dos Santos, 32, o "Casão", para jogar no Sinop. Dos 30 jogadores do time, 24 são de outros Estados, além do técnico, que veio de Piracicaba. "Estamos sofrendo oposição na cidade", disse Casão.
O time já disputou cinco partidas este ano -ganhou 3 e perdeu 2. A última derrota foi para o Mixto, da capital, em 27 de abril, por 2 a 0. Juninho jogou apenas os 15 minutos finais. Na última vitória, no último domingo, 2 a 1 contra União de Rondonópolis, Juninho entrou no segundo tempo.
Abaixo da média
Nos cinco jogos do time, Juninho não marcou ainda nenhum gol.
Para o técnico Casão, até agora o jogador "não jogou mal, mas também não jogou bem".
De zero a 10, dá nota quatro para a participação mais longa de Juninho no time, no segundo jogo.
O jogador afirma que tem "total apoio" dos pais.
Com o dinheiro conseguido no "Trem da Alegria", Juninho conta que a família comprou apartamento, carro e um sítio. Pelo que acumulou nos tempos de artista, afirma que dinheiro não é o maior problema na sua nova carreira.
"Sempre tive o sonho de jogar futebol. Se não der certo, volto a cantar."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice