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"Quero nova chance de
provar que somos bons"
GRISELDA VISSER
JACQUELINE STORM
INTERNATIONAL FEATURE AGENCY
Pergunta - Houve muitas críticas à atuação alemã na Euro-2000 e
nas eliminatórias. É possível confiar no time para o Mundial?
Oliver Kahn - Claro que há uma
energia negativa em torno da
equipe nacional. Falou-se que a
seleção alemã não estava à altura.
Felizmente o clima ficou mais positivo graças ao Rudi Voeller e ao
fato de a Alemanha ser a sede da
Copa de 2006. Temos de levar essas coisas boas para o Mundial.
Todos os jogadores que estiveram
na Eurocopa-2000 querem uma
nova chance para provar que esta
é uma boa geração de futebol.
Pergunta - Qual é o caminho para
atingir esse objetivo afinal?
Kahn - O mais importante para
nós é desfrutar o futebol e sentir
que estamos relaxados, calmos e
motivados apesar de toda a pressão. Isso nos ajudará a ir longe.
Pergunta - Em que proporção essa pressão prejudica o jogador?
Kahn - Tudo é pouco vivido. Você nem percebe e já chega o próximo jogo. É tanta pressão que não
desfruta dos feitos. Cada coisa que
você faz é vista, cada coisa que você fala é ouvida. É duro viver com
tantas expectativas sobre você.
Pergunta - Qual é a receita para
se livrar dessa pressão?
Kahn - É lindo ganhar títulos,
mas há muito mais na vida que no
futebol, futebol e futebol. Você
precisa encontrar felicidade na
sua vida. Às vezes nos sentimos
como hamsters correndo em uma
gaiola. É tanto treino, jogo e título
que raramente você percebe o que
está ganhando.
Pergunta - Mas você vem treinando em clube na posição de goleiro
desde muito pequeno...
Kahn - Jogar futebol é como tocar piano: você precisa praticar
todos os dias. A última vez que joguei na linha foi aos cinco anos.
Minha infância foi dominada pelo
futebol. Não havia outra coisa na
minha vida. Meu pai era jogador e
treinador, eu sempre estava perto
do campo.
Pergunta - Você acha que nasceu
para jogar na posição ou foi seu esforço que o fez um grande goleiro?
Kahn - Claro que há talento. Você não chega tão longe sem talento. Mas, para isso, é preciso muita
força de vontade e convicção.
Pergunta - Um de seus treinadores de goleiro foi a lenda Sepp
Maier, guarda-meta da Alemanha
no título mundial de 1974. Você
mesmo conta que, quando era pequeno, ganhou de presente um kit
de goleiro dele. Como foi, depois
disso, trabalhar com ele?
Kahn - É muito louco trabalhar
com seu herói de infância, que você só via pela televisão. Eu não podia acreditar no começo, depois
foi se desenvolvendo uma amizade. A relação entre goleiro e treinador de goleiro é muito frágil.
Pergunta - Você é considerado
um goleiro fora de série. O que você acha que o diferencia da média
dos jogadores da função?
Kahn - Eu encaro a função de
uma forma nova e diferente. Não
fico no gol de boca fechada. Encorajo e dou instruções para os
meus companheiros. Para ser
mais efetivo, comunico-me por
gesto, afinal, o barulho em um estádio lotado é infernal.
Pergunta - Você disse que pretende cumprir seu contrato com o Bayern de Munique até 2007 e também quer disputar a Copa de 2006.
Você já tem planos para o que fará
após a aposentadoria?
Kahn - Não sei. O futebol ainda é
uma coisa divertida para mim.
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