São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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"Quero nova chance de provar que somos bons"

GRISELDA VISSER
JACQUELINE STORM


INTERNATIONAL FEATURE AGENCY

Pergunta - Houve muitas críticas à atuação alemã na Euro-2000 e nas eliminatórias. É possível confiar no time para o Mundial?
Oliver Kahn -
Claro que há uma energia negativa em torno da equipe nacional. Falou-se que a seleção alemã não estava à altura. Felizmente o clima ficou mais positivo graças ao Rudi Voeller e ao fato de a Alemanha ser a sede da Copa de 2006. Temos de levar essas coisas boas para o Mundial. Todos os jogadores que estiveram na Eurocopa-2000 querem uma nova chance para provar que esta é uma boa geração de futebol.

Pergunta - Qual é o caminho para atingir esse objetivo afinal?
Kahn -
O mais importante para nós é desfrutar o futebol e sentir que estamos relaxados, calmos e motivados apesar de toda a pressão. Isso nos ajudará a ir longe.

Pergunta - Em que proporção essa pressão prejudica o jogador?
Kahn -
Tudo é pouco vivido. Você nem percebe e já chega o próximo jogo. É tanta pressão que não desfruta dos feitos. Cada coisa que você faz é vista, cada coisa que você fala é ouvida. É duro viver com tantas expectativas sobre você.

Pergunta - Qual é a receita para se livrar dessa pressão?
Kahn -
É lindo ganhar títulos, mas há muito mais na vida que no futebol, futebol e futebol. Você precisa encontrar felicidade na sua vida. Às vezes nos sentimos como hamsters correndo em uma gaiola. É tanto treino, jogo e título que raramente você percebe o que está ganhando.

Pergunta - Mas você vem treinando em clube na posição de goleiro desde muito pequeno...
Kahn -
Jogar futebol é como tocar piano: você precisa praticar todos os dias. A última vez que joguei na linha foi aos cinco anos. Minha infância foi dominada pelo futebol. Não havia outra coisa na minha vida. Meu pai era jogador e treinador, eu sempre estava perto do campo.

Pergunta - Você acha que nasceu para jogar na posição ou foi seu esforço que o fez um grande goleiro?
Kahn -
Claro que há talento. Você não chega tão longe sem talento. Mas, para isso, é preciso muita força de vontade e convicção.

Pergunta - Um de seus treinadores de goleiro foi a lenda Sepp Maier, guarda-meta da Alemanha no título mundial de 1974. Você mesmo conta que, quando era pequeno, ganhou de presente um kit de goleiro dele. Como foi, depois disso, trabalhar com ele?
Kahn -
É muito louco trabalhar com seu herói de infância, que você só via pela televisão. Eu não podia acreditar no começo, depois foi se desenvolvendo uma amizade. A relação entre goleiro e treinador de goleiro é muito frágil.

Pergunta - Você é considerado um goleiro fora de série. O que você acha que o diferencia da média dos jogadores da função?
Kahn -
Eu encaro a função de uma forma nova e diferente. Não fico no gol de boca fechada. Encorajo e dou instruções para os meus companheiros. Para ser mais efetivo, comunico-me por gesto, afinal, o barulho em um estádio lotado é infernal.

Pergunta - Você disse que pretende cumprir seu contrato com o Bayern de Munique até 2007 e também quer disputar a Copa de 2006. Você já tem planos para o que fará após a aposentadoria?
Kahn -
Não sei. O futebol ainda é uma coisa divertida para mim.


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