São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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COPA 2006

Torcedores das duas regiões européias planejam confrontos durante o Mundial e preocupam autoridades alemãs

Hooligans reabrem conflito Leste x Oeste

ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma Copa do Mundo diferente, entre Leste e Oeste, corre o risco de ser realizada na Alemanha, no mês que vem. O temor é de autoridades policiais responsáveis pela segurança do maior evento do esporte mais popular do planeta.
Em vez de oferecer um cobiçado troféu ao vencedor, a temida disputa pode terminar com mortos e feridos: hooligans das duas regiões européias -antes separadas simbolicamente pelo muro que dividia Berlim- teriam marcado uma espécie de duelo para que se conheça qual facção é a mais forte, poderosa e violenta.
O alerta sobre o enfrentamento partiu da cidade polonesa de Szczecin, com 500 mil habitantes, na fronteira com a Alemanha.
"Há meses os torcedores dos dois lados têm trocado ameaças. E tudo leva a crer que planejam um encontro trágico em pleno Mundial", diz Tadeusz Pawlaczyk, chefe de polícia local.
Ele sabe do que está falando: em novembro de 2005, cerca de 50 hooligans alemães e 45 poloneses protagonizaram uma preliminar do conflito. Os dois bandos foram de ônibus a um bosque no lado alemão, onde a pancadaria com hora marcada comeu solta. Outro encontro já havia ocorrido menos de dois meses antes.
"Para nós, a grande incógnita é saber o que pode vir dos países do Leste", afirma Heinz Theus, diretor da polícia de Leipzig, que receberá cinco partidas da Copa.
Uma delas preocupa as autoridades em especial: o choque Sérvia e Montenegro x Holanda, marcado para 11 de junho.
Os hooligans dos países da ex-Iugoslávia (entre eles a Croácia, rival do Brasil na primeira fase) são considerados hoje os mais perigosos e violentos. Os holandeses não ficam atrás em termos de intolerância. O jogo, portanto, é um clássico da nova -e inesperada- guerra Leste x Oeste.
As facções da República Tcheca também são um problema iminente. E um considerável reforço para as "tropas" do Leste.
"Sabemos quem são esses torcedores e de que forma eles se comunicam", conta Theus.
A internet, pela sensação de anonimato, é território livre para conchavos entre cidadãos violentos que possuem, como outro laço comum, a paixão pelo futebol.
A polícia alemã sabe, por exemplo, que vários destes sérvios e tchecos mantêm contato freqüente com poloneses em busca de apoio para sua questão de honra: "destruir vermes do Oeste", ou seja, hooligans alemães, ingleses e holandeses, seu alvo principal.
A inquietação das autoridades se justifica, segundo Pawlaczyk, porque, apesar de as identidades serem conhecidas, seus planos ainda são uma incógnita. "Qualquer coisa pode acontecer e em qualquer lugar", admite o policial.
A fórmula para impedir uma tragédia passa, forçosamente, pelo controle fronteiriço na região de Szczecin. O problema é que há milhares de pessoas que circulam diariamente entre os dois países, para trabalhar ou estudar.
Camuflados de operários (o que muitos de fato são), visitantes indesejados podem ingressar na terra da Copa facilmente.
A equação ainda não foi resolvida pelos alemães. Por enquanto, existe só a certeza de que hooligans que tentem entrar no país por via aérea, férrea ou marítima serão barrados. Pelo menos, garante a polícia, aqueles que já tenham no currículo confusão suficiente para ter o visto negado na hora de passar pela aduana.


Com agências internacionais

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