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COPA 2006
Torcedores das duas regiões européias planejam confrontos durante o Mundial e preocupam autoridades alemãs
Hooligans reabrem conflito Leste x Oeste
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma Copa do Mundo diferente,
entre Leste e Oeste, corre o risco
de ser realizada na Alemanha, no
mês que vem. O temor é de autoridades policiais responsáveis pela segurança do maior evento do
esporte mais popular do planeta.
Em vez de oferecer um cobiçado
troféu ao vencedor, a temida disputa pode terminar com mortos e
feridos: hooligans das duas regiões européias -antes separadas simbolicamente pelo muro
que dividia Berlim- teriam marcado uma espécie de duelo para
que se conheça qual facção é a
mais forte, poderosa e violenta.
O alerta sobre o enfrentamento
partiu da cidade polonesa de
Szczecin, com 500 mil habitantes,
na fronteira com a Alemanha.
"Há meses os torcedores dos
dois lados têm trocado ameaças.
E tudo leva a crer que planejam
um encontro trágico em pleno
Mundial", diz Tadeusz Pawlaczyk, chefe de polícia local.
Ele sabe do que está falando: em
novembro de 2005, cerca de 50
hooligans alemães e 45 poloneses
protagonizaram uma preliminar
do conflito. Os dois bandos foram
de ônibus a um bosque no lado
alemão, onde a pancadaria com
hora marcada comeu solta. Outro
encontro já havia ocorrido menos
de dois meses antes.
"Para nós, a grande incógnita é
saber o que pode vir dos países do
Leste", afirma Heinz Theus, diretor da polícia de Leipzig, que receberá cinco partidas da Copa.
Uma delas preocupa as autoridades em especial: o choque Sérvia e Montenegro x Holanda,
marcado para 11 de junho.
Os hooligans dos países da ex-Iugoslávia (entre eles a Croácia,
rival do Brasil na primeira fase)
são considerados hoje os mais perigosos e violentos. Os holandeses
não ficam atrás em termos de intolerância. O jogo, portanto, é um
clássico da nova -e inesperada- guerra Leste x Oeste.
As facções da República Tcheca
também são um problema iminente. E um considerável reforço
para as "tropas" do Leste.
"Sabemos quem são esses torcedores e de que forma eles se comunicam", conta Theus.
A internet, pela sensação de
anonimato, é território livre para
conchavos entre cidadãos violentos que possuem, como outro laço
comum, a paixão pelo futebol.
A polícia alemã sabe, por exemplo, que vários destes sérvios e
tchecos mantêm contato freqüente com poloneses em busca de
apoio para sua questão de honra:
"destruir vermes do Oeste", ou seja, hooligans alemães, ingleses e
holandeses, seu alvo principal.
A inquietação das autoridades
se justifica, segundo Pawlaczyk,
porque, apesar de as identidades
serem conhecidas, seus planos
ainda são uma incógnita. "Qualquer coisa pode acontecer e em
qualquer lugar", admite o policial.
A fórmula para impedir uma
tragédia passa, forçosamente, pelo controle fronteiriço na região
de Szczecin. O problema é que há
milhares de pessoas que circulam
diariamente entre os dois países,
para trabalhar ou estudar.
Camuflados de operários (o que
muitos de fato são), visitantes indesejados podem ingressar na
terra da Copa facilmente.
A equação ainda não foi resolvida pelos alemães. Por enquanto,
existe só a certeza de que hooligans que tentem entrar no país
por via aérea, férrea ou marítima
serão barrados. Pelo menos, garante a polícia, aqueles que já tenham no currículo confusão suficiente para ter o visto negado na
hora de passar pela aduana.
Com agências internacionais
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