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AUTOMOBILISMO
Estreante do ano, Rosberg disputa GP da Europa para se tornar mais conhecido entre seus compatriotas
"Beckham da F-1" faz 1ª corrida em casa
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A NURBURGRING
"Prost ou Senna? Senna." "Meu
bem mais querido? A academia
que montei em casa." "Por quantos exames passei até tirar carteira
de motorista? Foi de primeira." "E
de moto? Ainda não tirei, preciso
fazer isso na semana que vem."
"Minha primeira paixão? Na escola. Uma menina irlandesa, o
nome era Vicky." "Medo? De altura." "Meu maior defeito? Ah, eu
sou bem tímido. Muito, muito."
E talvez seja por culpa da timidez que sempre repita as perguntas dos entrevistadores antes de
responder. Foram centenas nos
últimos dias: estreante sensação
da F-1, Nico Rosberg, 20, piloto da
Williams, disputa hoje, a partir
das 9h (horário de Brasília), a sua
primeira corrida em casa.
Sim, em casa. Não, ele não é fin-landês como o pai, Keke, campeão há 24 anos. É alemão. Essa
foi das questões que mais ouviu.
Em Nurburgring, a crise de
identidade explodiu: muitos seguidores dos irmãos Schumacher
nem sequer sabiam que tinham
mais um compatriota para apoiar
no fim de semana. A ponto de um
jornal ter publicado um texto sob
título "Porque Nico é alemão".
Nico é alemão porque nasceu
em Wiesbaden (centro-oeste do
país, a 150 km da pista), cidade da
mãe. Apesar de ter também passaporte finlandês, seu registro de
piloto foi emitido na Alemanha.
Ou seja, no caso de um pódio, a
bandeira alemã será hasteada.
Mas a confusão é compreensível. Sua história é multinacional.
Ele foi criado pelos pais em Mônaco e, além do alemão, fala
fluentemente francês, inglês, italiano e um pouco de finlandês.
Mais: nas categorias de base,
sempre fugiu dos holofotes. Até
porque não sabia se seguiria na
carreira de piloto. Bom aluno, Nico chegou a receber bolsa de uma
universidade inglesa para estudar
aerodinâmica. Recusou.
"Com o tempo e os bons resultados, vão descobrir quem sou."
A idéia de Bernie Ecclestone,
homem forte da categoria, é justamente essa: tornar o novato mais
conhecido. Para o inglês, Nico,
loiro, olhos azuis, porte atlético,
tem potencial de marketing para
se converter no "Beckham da F-1", uma alusão ao jogador do Real
Madrid, atraindo mais atenção e
dinheiro ao esporte.
Ele vem cumprindo o plano. No
Bahrein, fez o que apenas 53 pilotos da história (nenhum deles
brasileiro) já haviam conseguido:
chegou na zona de pontos na sua
corrida de estréia. Foi o sétimo colocado. Na Malásia, sua segunda
prova, largou em terceiro lugar.
Abandonou, porém, com o motor
quebrado. Na Austrália, deixou o
GP na largada, acertado por Felipe Massa. Enfim, em Imola, fez
uma prova apagada e cruzou a linha de chegada em 11º.
Hoje, enfrenta uma boa e uma
má notícia. A má é que a Williams
decidiu trocar o seu motor e, com
isso, largará em 22º e último no
grid. A boa é que terá a chance de
fazer uma corrida de recuperação,
empurrado por um propulsor zero quilômetro e apoiado por estratégia de menos pit stops, para
chegar na frente.
"Sei o quanto de gasolina tenho
no tanque, tenho um boa tática
para a corrida e acho que posso
lutar para terminar bem."
Pelo que mostrou neste começo
de temporada, é possível. O que
certamente abriria os olhos dos
torcedores. E o que tornaria menos freqüentes as insistentes perguntas sobre sua identidade.
NA TV - GP da Alemanha,
Globo, ao vivo, às 9h
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