São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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AUTOMOBILISMO

Estreante do ano, Rosberg disputa GP da Europa para se tornar mais conhecido entre seus compatriotas

"Beckham da F-1" faz 1ª corrida em casa

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A NURBURGRING

"Prost ou Senna? Senna." "Meu bem mais querido? A academia que montei em casa." "Por quantos exames passei até tirar carteira de motorista? Foi de primeira." "E de moto? Ainda não tirei, preciso fazer isso na semana que vem." "Minha primeira paixão? Na escola. Uma menina irlandesa, o nome era Vicky." "Medo? De altura." "Meu maior defeito? Ah, eu sou bem tímido. Muito, muito."
E talvez seja por culpa da timidez que sempre repita as perguntas dos entrevistadores antes de responder. Foram centenas nos últimos dias: estreante sensação da F-1, Nico Rosberg, 20, piloto da Williams, disputa hoje, a partir das 9h (horário de Brasília), a sua primeira corrida em casa.
Sim, em casa. Não, ele não é fin-landês como o pai, Keke, campeão há 24 anos. É alemão. Essa foi das questões que mais ouviu.
Em Nurburgring, a crise de identidade explodiu: muitos seguidores dos irmãos Schumacher nem sequer sabiam que tinham mais um compatriota para apoiar no fim de semana. A ponto de um jornal ter publicado um texto sob título "Porque Nico é alemão".
Nico é alemão porque nasceu em Wiesbaden (centro-oeste do país, a 150 km da pista), cidade da mãe. Apesar de ter também passaporte finlandês, seu registro de piloto foi emitido na Alemanha. Ou seja, no caso de um pódio, a bandeira alemã será hasteada.
Mas a confusão é compreensível. Sua história é multinacional. Ele foi criado pelos pais em Mônaco e, além do alemão, fala fluentemente francês, inglês, italiano e um pouco de finlandês.
Mais: nas categorias de base, sempre fugiu dos holofotes. Até porque não sabia se seguiria na carreira de piloto. Bom aluno, Nico chegou a receber bolsa de uma universidade inglesa para estudar aerodinâmica. Recusou.
"Com o tempo e os bons resultados, vão descobrir quem sou."
A idéia de Bernie Ecclestone, homem forte da categoria, é justamente essa: tornar o novato mais conhecido. Para o inglês, Nico, loiro, olhos azuis, porte atlético, tem potencial de marketing para se converter no "Beckham da F-1", uma alusão ao jogador do Real Madrid, atraindo mais atenção e dinheiro ao esporte.
Ele vem cumprindo o plano. No Bahrein, fez o que apenas 53 pilotos da história (nenhum deles brasileiro) já haviam conseguido: chegou na zona de pontos na sua corrida de estréia. Foi o sétimo colocado. Na Malásia, sua segunda prova, largou em terceiro lugar. Abandonou, porém, com o motor quebrado. Na Austrália, deixou o GP na largada, acertado por Felipe Massa. Enfim, em Imola, fez uma prova apagada e cruzou a linha de chegada em 11º.
Hoje, enfrenta uma boa e uma má notícia. A má é que a Williams decidiu trocar o seu motor e, com isso, largará em 22º e último no grid. A boa é que terá a chance de fazer uma corrida de recuperação, empurrado por um propulsor zero quilômetro e apoiado por estratégia de menos pit stops, para chegar na frente.
"Sei o quanto de gasolina tenho no tanque, tenho um boa tática para a corrida e acho que posso lutar para terminar bem."
Pelo que mostrou neste começo de temporada, é possível. O que certamente abriria os olhos dos torcedores. E o que tornaria menos freqüentes as insistentes perguntas sobre sua identidade.


NA TV - GP da Alemanha, Globo, ao vivo, às 9h



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