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FUTEBOL
Às vésperas da competição, atletas e comissão técnica temem "contágio" em eliminatórias se Brasil fracassar no Peru
Seleção já pede extinção da Copa América
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A mais antiga competição entre
seleções de futebol virou um estorvo para o Brasil. A ponto de alguns dos principais jogadores do
país e de integrantes da comissão
técnica defenderem, pelo menos
nas rodinhas da concentração, a
extinção da Copa América.
A Folha apurou que Ronaldo e
Roberto Carlos estão entre os que
querem o fim do sul-americano,
disputado desde 1916. E não estão
sozinhos. Membros do estafe técnico também excluiriam o torneio do calendário mundial.
A avaliação dos contrários à Copa América é simples: se vencê-la,
o Brasil não obtém dividendos
efetivos. Não será mais festejado
nem receberá refresco nas cobranças. Mas, caso fracasse, haverá "contágio" para as eliminatórias, nas palavras de um deles.
A campanha na Colômbia é
exemplo. Em 2001, o futebol no
país vivia crise sem precedentes,
em meio a duas CPIs no Congresso e ao risco de ficar fora do Mundial-2002. Com Luiz Felipe Scolari, o time foi eliminado por Honduras. A pressão, que já era grande, só aumentou.
Os críticos da Copa América
acham que ela atrapalha a equipe
fisicamente. Como é disputada
nas férias da temporada européia,
os atletas ficam sem descanso. Há
ainda o temor de contusões.
E esse será o argumento dos
atletas para fugir do torneio no
Peru, daqui a um mês, e evitar ser
tachados de desertores.
Se nos corredores da seleção a
Copa América é desprezada, publicamente ninguém defende sua
extinção. Comissão técnica e atletas sabem que ela é importante
politicamente para a CBF. Ter os
pentacampeões contra a confederação sul-americana seria um
problema para Ricardo Teixeira.
O presidente da CBF precisa do
apoio de seus colegas para ser reeleito no Comitê Executivo da Fifa,
em 2006. Também não quer entrar em atrito no continente em
plena campanha pela Copa-14.
Uma questão interna também
colocaria Teixeira em saia justa. A
Copa América é bancada pela
Traffic, agência de marketing que
sempre foi parceira da CBF. "Vão
todos os craques. Vencer a Copa
América é prioridade do Ricardo", diz J. Hawilla. Mas o desejo
do dono da agência não virará
realidade. "Vou fazer o que é melhor para o Brasil, mas lá na frente", disse Carlos Alberto Parreira.
"A Copa América é só um apêndice do calendário. É totalmente
inoportuna. Ela existe para atender a interesses de outros países,
da TV e dos patrocinadores. Se o
Brasil ganhar ou perder a Copa
América, o que vai mudar?"
Publicamente, Roberto Carlos
fala em transformar o torneio em
classificatório para o Mundial.
"Ela não é tão importante porque
na América do Sul se joga muito."
Já o lateral Cafu, lacônico, resume o sentimento geral dos atletas.
"Copa América sempre houve."
Colaborou Paulo Cobos, enviado
especial a Santiago
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