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JUCA KFOURI
Chacrinha e a bolha
A bolha de Ronaldo virou o maior caso antimarketing dos últimos tempos
A BOLHA durou poucas horas. Enquanto cercada de mistério e de informações desencontradas, ocupou espaços generosos na imprensa nacional. Ora eram
cinco bolhas, espalhadas
pela planta dos pés e pelo
calcanhar do Fenômeno,
ora era só uma. O número
e o lugar variaram de acordo com a assessoria de Ronaldo e o médico do Brasil.
Ora a bolha tinha sido
causada por uma costura
na chuteira do craque, ora
não havia costura na chuteira, informações que se
alternavam caso a fonte
fosse a empresa que a fabricou ou o médico da
CBF. Ora Ronaldo não poderia jogar futebol na terça-feira, ora poderia, como acabou acontecendo,
para esvaziar a bolha.
Mas a bolha se transformou no maior caso antimarketing dos últimos
tempos, maior que a CPI
da CBF/Nike, porque as
chuteiras sob suspeita foram motivo de preocupação para um público maior
do que o das CPIs.
E, para piorar as coisas, a
equipe desta Folha ouviu
do fabricante que o novo
modelo era igual ao anterior, com mudança só de
cor, o que torna incompreensível a diferença de
preço entre a Mercurial
Vapor II e a III, razão pela qual virou piada, de
Mercurial Vapor Blue para Mercurial Cromo Red.
E pensar que tanto o
peso, outro motivo de
controvérsias, quanto a
bolha de Ronaldo poderiam ser esclarecidos
com duas medidas prosaicas, tais como pesá-lo
diante da imprensa e
mostrar seus pés, assim
como a chuteira, com ou
sem a costura.
Prevaleceu, porém, a
teoria do Chacrinha, que
não veio para explicar,
mas sim para confundir.
É claro que sempre se
poderá alegar o direito à
privacidade do paciente,
discussão que só engatinha na medicina esportiva brasileira, embora já
seja tema de seminários.
Fosse essa a razão e
bastaria ser claro a respeito. Cada jornalista que
tratasse de fazer suas investigações. O distinto
público saberia que, por
compreensíveis justificativas éticas, as fontes oficiais não falariam do tema. Mas optou-se pela
confusão.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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