No 6/6/6, no treino da seleção nacional, a superstição mostrou que é séria

ZICADO leitor, caipora leitora, ontem foi o sexto dia do sexto mês do sexto ano do milênio. Ou seja, 6/6/6. Muitos dizem que esse número traz azar. Mas não achei que seria meu caso, pois nesse dia eu veria pela primeira vez um treino da seleção brasileira "in loco". Pensei que veria nossos guerreiros afiando suas armas e forrando seus escudos para as sangrentas batalhas vindouras. Pensei que eles entoariam cânticos de guerra (mesmo que fossem em ritmo de pagode). Pensei que veria jogadas de letra, como um X criado por Ronaldinho e Kaká ao trocarem de lado, como Robinho driblando em S pela direita, como a bola fazendo um Z por conta das tabelas entre Ronaldo e Adriano. Ledo engano. Os treinos pela manhã começaram com os jogadores se espreguiçando. Alongamento para cá, alongamento para lá... Depois eles correram um pouco. Mas nada de apostar corrida, o que daria uma certa emoção à coisa. Eles apenas corriam aos pares e, de vez em quando, apressavam o passo por alguns metros. Aí alguns jogadores foram chutar bolas para o goleiro Dida, e o resto do grupo fez um jogo usando apenas metade do campo. Mas era um jogo um tanto aborrecido, pois só havia um gol e os jogadores trocavam de equipe a toda hora. É claro que, como treinamento, deve ser algo muito útil, mas para quem assiste não é exatamente emocionante. Meu consolo seria a entrevista coletiva de Parreira, às 13h. Pensei que me seriam revelados os mais secretos planos de nosso técnico. Andei dois quilômetros (de subida) até o hotel da seleção, mas, para minha surpresa, não pude entrar. Os policiais disseram que já havia outros dois jornalistas da Folha por lá, e esse era o limite. Voltei para o campo e fiquei esperando três horas pelo começo do treino da tarde, que, dizem, é bem melhor que o da manhã. Pensei que aí, finalmente, acabaria meu dia 666. Ledo engano. Choveu. Decididamente, esse negócio de superstição é coisa muito séria. Atchim!