São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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Para número 1, segredo da Sérvia é não ter estrutura

Ana Ivanovic, que treinou em piscina vazia e se mudou para a Suíça, diz que dificuldades a fizeram mais forte

Uma das musas do circuito reclama que aparência não ajuda a ganhar partidas e que ama o Brasil, país que visitou quando era juvenil

DA REPORTAGEM LOCAL

A nova número um do mundo, a tenista sérvia Ana Ivanovic, 20, costumava bater bola em uma piscina vazia em Belgrado, quando era criança. Ciente de que precisaria de mais estrutura para progredir no tênis, aos 14 anos se mudou para a Suíça, onde vive até hoje.
A busca por melhores condições obrigou também outros destaques sérvios a migrarem.
Jelena Jankovic, número três do ranking, foi para os EUA. Novak Djokovic, terceiro do mundo entre os homens, seguiu para a Alemanha.
Ela diz que essas condições ajudaram em sua formação.
"Pessoalmente isso me fez mais determinada", afirmou Ivanovic à Folha, por e-mail.
"Somos grandes lutadores." Uma das musas do circuito, a sérvia afirma que toda mulher gosta de receber elogios, mas que sua aparência não a auxilia quando entra em quadra.
Ivanovic conta também que ama o Brasil, que conheceu quando disputava torneios juvenis. "É um país que combina comigo."0 (FERNANDO ITOKAZU)

 

FOLHA - Justine Henin dominou no ano passado. O circuito feminino deve ficar mais competitivo com a aposentadoria dela? Agora quem é a mulher a ser batida? Você?
ANA IVANOVIC -
Fiquei triste ao ver Justine parar. Nós fizemos alguns jogos muito bons, e eu sentia que eu estava me aproximando cada vez mais para superá-la. Acho que, se você analisar esta temporada, há várias garotas que estão muito bem: Maria [Sharapova], Serena [Williams], Jelena e eu. Mas outras meninas também. Há adversárias duras, e isso é muito bom para o tênis feminino.

FOLHA - Além de sua vitoriosa carreira, você é sempre citada como uma das mais bonitas tenistas do circuito. Como você lida com isso? Há ciúmes entre as jogadoras?
IVANOVIC -
Obrigada. É ótimo ouvir um elogio desses. Qualquer mulher adora receber elogios sobre sua aparência. Mas eu sou conhecida pelo meu tênis, e a aparência não ajuda a ganhar nenhum ponto.

FOLHA - Qual o segredo do tênis sérvio? Mesmo após guerras, a Sérvia tem duas tenistas entre as top 3 e o número três no ranking masculino. O Brasil é muito maior e só tem dois homens entre os top 100...
IVANOVIC -
É ótimo ter três sérvios, todos nós muito jovens, jogando tão bem. Acho que todos nós somos grandes lutadores. Somos muito determinados e sabemos que é necessário muito trabalho duro para chegar ao topo. Nunca houve uma boa estrutura para o tênis na Sérvia. Então, eu fui para a Suíça, Novak, para a Alemanha, e a Jelena, para os EUA. Nenhum de nós conseguiu nada facilmente, mas pessoalmente isso me fez mais determinada.

FOLHA - Você é embaixadora do Unicef. Como você foi convidada para o cargo? Quais são suas funções?
IVANOVIC -
Foi uma grande honra quando me convidaram. Há poucas pessoas na Sérvia que fazem esse trabalho, e fico feliz que eu seja uma delas. Para mim, é importante ser um modelo, um exemplo para as crianças. Com o Unicef, eu estou ajudando no programa Escola sem Violência. É chocante saber que muitos garotos são vítimas de violência na escola. Nós estamos tentando educar as pessoas para fazer das escolas um lugar seguro.

FOLHA - O que você sabe sobre o tênis brasileiro?
IVANOVIC -
Não sei muita coisa. Mas eu amo o Brasil. Na verdade, a viagem mais agradável que fiz em minha carreira foi quando eu jogava os torneios da ITF [Federação Internacional de Tênis, como juvenil] na América do Sul, incluindo o Brasil. Amo o modo de vida mais tranqüilo e também sou ligada em praia, então o Brasil é um país que combina comigo.


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