São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Mosley e a lógica da F-1

Maiores investidores no esporte a motor não tiveram voz na reunião que definiu permanência do dirigente

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

"MARKETING WEEK" é a principal revista britânica especializada em, errr, não preciso dizer. E, na atual edição, dedica um belo espaço à permanência de Mosley à frente da FIA.
"Não se trata mais de discutir se Mosley é simpatizante do nazismo, mas de saber se a F-1 agüentará o tranco de ter alguém tão politicamente incorreto no comando (...)
Essa é uma história ainda em andamento, com potencial explosivo muito maior que o do episódio que a originou. O escorregão serviu para jogar luz na organização da F-1. Para mostrar que por trás de tantas estrelas e de tanto dinheiro, há uma administração arcaica, incompetente e eticamente dúbia (...) Nenhuma das montadoras ou patrocinadores que investem pesado teve direito a voto na reunião que referendou Mosley como o chefão do automobilismo."
Pois é. Tiveram direito a voto 222 entidades filiadas à FIA. Várias, muitas delas tão ou mais inexpressivas como a Associação Automobilística do Brasil e o Car Club do Brasil.
A Toyota, que gastará neste ano US$ 452 milhões, nada. A Philip Morris, que colocou US$ 200 milhões no esporte por cinco temporadas, nada. Red Bull, Vodafone, Ferrari, McLaren, Mercedes, Bridgestone, BMW, ING, Renault, nada. Mosley provavelmente não conseguiria dobrar marcas como essas.
O mesmo não se pode dizer de entidades como o Touring y Automovil Club de Venezuela, a Federation du Sport Automobile de Madagascar ou o Ceylon Motor Sports Club -esta, uma das duas (!!!!!!) representantes do Sri Lanka presentes à reunião. Com apoio dos nanicos, ele manteve o posto. Mas como governará até outubro de 2009, quando termina o mandato? É o que a "Marketing Week" e a F-1 se perguntam agora.
Enquanto isso, Joanne Villeneuve, a eterna companheira de Gilles, mãe de Jacques, foi barrada no circuito que leva o nome do marido porque não levava no pescoço um pedaço de plástico com a inscrição "guest", "VIP" ou coisa parecida.
Assim é a F-1. E essa é sua empertigada (e agonizante, na opinião deste colunista) lógica da conveniência.

SILÊNCIO
A CBA não revelou seu voto na reunião da terça-feira, em Paris. Aliás, já se passaram 17 dias e até agora a entidade não divulgou qual foi a substância encontrada no antidoping de Paulo Salustiano. É outra adepta da lógica da conveniência. Só não é empertigada porque ainda lhe resta algum bom senso.

TOMBOS
Lorenzo começou o ano como a sensação, candidato ao título, até. Mas quebrou os tornozelos na China, caiu de novo em Le Mans e ontem foi levado de helicóptero ao hospital, após ficar inconsciente, numa nova queda. Vai murchar após tudo isso? Aposto que não.


fseixas@folhasp.com.br


Texto Anterior: Lorenzo cai de novo e não corre em casa
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.