São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002

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FUTEBOL

Copa da Alemanha poderá ter bilhetes distribuídos por confederações

Depois de escândalo, Fifa quer nacionalizar ingresso

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

Após o segundo fiasco consecutivo, o sistema de confecção e distribuição de ingressos para a Copa vai mudar mais uma vez.
O esquema centralizador adotado na Coréia/Japão dará lugar a um exatamente oposto no Mundial da Alemanha, em 2006.
A idéia da Fifa é que cada uma das 204 federações associadas à entidade distribua sua cota de ingressos da forma que achar melhor. Haveria, portanto, 204 centros de distribuição de entradas e não apenas um, como na Ásia.
Por determinação da própria Fifa, em 2002 a confecção e a distribuição dos bilhetes ficou a cargo de uma única empresa: a Byrom Inc., da Inglaterra.
O sistema não funcionou a contento e, ao lado do baixo nível das arbitragens, conforme reconheceu a entidade, foi a principal falha na organização da Copa-2002.
Apesar de ter havido muita procura por ingressos, especialmente no Japão, a maioria dos jogos não teve lotação máxima. Mesmo na final, cerca de 2.300 lugares em Yokohama ficaram vazios.
De acordo com os comitês organizadores, a falha foi da Byrom. A empresa, que é de dois irmãos mexicanos amigos de Joseph Blatter, o presidente da Fifa, não teria entregue as entradas a tempo a todos os compradores. ""Primeiro eles disseram que tinham vendido todos os ingressos colocados à venda no exterior. Descobrimos que não era verdade. Quando pedimos para eles mandarem os bilhetes que não foram vendidos, a entrega atrasou", disse Shunichiro Okano, do comitê japonês.
""Mesmo com a Copa já encerrada, é possível que ainda haja ingressos a caminho", ironizou.
A Byrom e a Fifa reconhecem o problema, mas colocam a culpa, em parte, nos comitês organizadores, que teriam atrasado a totalização de ingressos nas sedes. Mesmo assim, David Will, da comissão de bilheteria da Fifa, acha que foi um erro deixar ""todos os ovos numa única cesta".
Para 2006, a proposta da comissão é que dez empresas sejam contratadas para confeccionar os bilhetes, duas por continente. De posse das entradas, a Fifa as distribuiria para as confederações de acordo com um ranking. O país que se classificar para a Copa terá direito a mais entradas, especialmente para os jogos de sua seleção. Também serão levados em conta critérios como posição do país no ranking da Fifa, desempenho anterior e procura estimada.
Para ser adotado, o sistema terá de ter o crivo do Comitê Organizador da Alemanha. Mas, para Franz Beckenbauer, homem-forte do comitê, deixar os ingressos nas mãos das federações pode trazer problemas. Lembra que tanto na França como na Ásia bilhetes em mãos de pelo menos 12 federações foram parar no mercado paralelo a preços exorbitantes.



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