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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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FUTEBOL

O "efeito Boca"

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Parece até um "efeito Boca Juniors": a rodada do Brasileirão foi amplamente favorável aos times do Sul. Venceram seus jogos o Grêmio, o Atlético-PR, o Figueirense, o Criciúma e o Paraná, os dois últimos fora de casa.
E o que o Boca tem a ver com isso? É que os clubes sulistas seguem, em geral, a receita aplicada pelo técnico Carlos Bianchi, tão comentada nos últimos dias: marcação cerrada no próprio campo e saída rápida nos contra-ataques, buscando explorar o chamado "erro do adversário".
Foi assim no Olímpico, no Grêmio 2 x 0 Flamengo, e foi assim na Arena da Baixada, no Atlético-PR 3 x 0 Corinthians. Neste último, a estratégia paranaense foi facilitada pela chuva forte e pelo péssimo estado do gramado. E, claro, também pelo pênalti perdido pelo corintiano Rogério.
Mas não estou tirando o mérito do Furacão. Para que a "tática Boca" dê certo, é preciso ter jogadores inteligentes e velozes para aproveitar as poucas chances de gol. E Dagoberto e Ilan estavam inspirados ontem, particularmente o segundo, que fez três gols e assumiu a artilharia do torneio.
Com essa derrota, o Corinthians, que já vivia em clima de tensão entre técnico, diretoria e torcida, agora deve entrar em crise aberta.
O problema não é tanto de Geninho. Visto numa perspectiva temporal ampla, o elenco do Corinthians se empobreceu muito nos últimos tempos.
Se o forte da equipe nos anos 1998/99 era seu meio-campo versátil e criativo, hoje o alvinegro tem bons defensores, ótimos atacantes e meio-campistas medianos, para não dizer medíocres.
A saída (por contusão) de Vampeta, o último remanescente daquela fase áurea, foi simbólica. Ficaram os carregadores de piano. Só não tem mais quem toque.
Curiosamente, o único time sulista que perdeu na rodada foi justamente o que estava melhor na tabela, o Coritiba.
A vitória santista serviu para reanimar o time depois da derrota na Libertadores e também para testar os reservas que assumirão os lugares dos convocados para a seleção sub-23. Ontem eles foram bem.
 
Para vencer um esquema de duas linhas de marcadores como o de Bianchi, é preciso antes de tudo criatividade na forma de atacar, conforme lembra o leitor Mario Tagara, segundo o qual em termos táticos o futebol está muito atrasado em comparação com o basquete. Não acompanho o basquete de perto, mas tendo a concordar com o leitor.
De todo modo, a aposta nas inovações, na criatividade e nas variações de jogadas ofensivas me parece sempre a melhor opção. Para isso, volto a insistir, é preciso valorizar o meio de campo e a qualidade técnica dos alas.
O segundo tempo do jogo de ontem em Curitiba foi medonho porque a chuva ocasionou (ou serviu de pretexto para) as coisas mais abomináveis do futebol: o chutão para o mato e a ligação direta defesa-ataque.

Reação catarinense
Os times catarinenses estão subindo rapidamente na tabela de classificação. Nos últimos 40 dias, Criciúma e Figueirense tiveram apenas uma derrota cada (o Criciúma diante do Vasco e o Figueirense diante do próprio Criciúma). Nas duas últimas rodadas, o time de Florianópolis venceu o Flamengo (no Maracanã) e o todo-poderoso Cruzeiro. Está agora mais perto do líder que do lanterna. E o Criciúma já está entre os oito primeiros.

Futebol opaco
Diante do "rei do empate" (o São Caetano), o São Paulo perdeu a grande chance de alcançar o líder Cruzeiro. O tricolor adotou realmente o "futebol de resultados": perdeu o brilho, mas ganhou consistência defensiva.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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