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Retranca de ouro
Em Copa de poucos gols, Fifa escolhe,
pela primeira vez mais defensores do
que atacantes entre os dez candidatos
ao prêmio de melhor da competição
PAULO GALDIERI
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Importante para estabelecer o recorde defensivo italiano
-concedeu só um gol, e contra-, o jogador de 32 anos, com
poucas falhas, organiza a retaguarda e é um forte candidato."
Assim a Fifa define o zagueiro italiano Fabio Cannavaro, na
apresentação da lista dos dez
melhores da Copa, da qual sairá
o principal jogador do torneio.
A descrição de qualidades defensivas do atleta não é uma exceção -virou regra neste Mundial. Dos dez escolhidos, são
seis cuja principal função é defender: Cannavaro, Vieira, Buffon, Pirlo, Zambrotta e Maniche. E quatro ofensivos: Zidane, Henry, Ballack e Klose.
Isso nunca ocorreu desde a
criação do prêmio Bola de Ouro
em 1982. Naquele Mundial, só
havia dois defensores, um deles
o habilidoso volante Falcão.
Desde então, foram 59 atletas relacionados entre os melhores. Deles, só um terço são
defensores, incluída a Copa-06.
Dos 6 eleitos para a Bola de
Ouro, só 1 tinha como função
impedir gols: o goleiro alemão
Oliver Kahn, em 2002. E sua
eleição foi questionada, pois os
votos só valiam até o intervalo
da final. No segundo tempo,
Ronaldo fez dois gols -e o alemão falhou feio em um deles.
Por isso, a Fifa mudou a eleição. Os jornalistas poderão votar até a noite de domingo, pelo
menos uma hora após a final.
Por isso, o anúncio será feito no
dia seguinte à decisão. São favoritos italianos e franceses. O
melhor só não saiu dos finalistas em 1990, com o italiano
Schilachi (a Itália foi terceira).
Se um dos quatro defensores
italianos for eleito, o país supera o Brasil em Bolas de Ouro.
Romário, em 94, e Ronaldo, 98,
ganharam para o Brasil, e Paolo
Rossi levou o troféu em 82.
"O que pode ser dito é que pela primeira vez não há nomes
novos", constatou Franz Beckenbauer, presidente do Comitê Organizador do Mundial.
A lista tem só atletas acima
de 27 anos. Os jovens ficarão
com o prêmio de revelação. São
candidatos Cristiano Ronaldo
(POR), Valencia (EQU), Messi
(ARG), Podolski (ALE), Barnetta (SUI) e Fabregas (ESP).
Também não há brasileiros,
pela segunda vez na eleição
-não havia nenhum em 1990.
É mais um sinal da superioridade dos defensores na Copa,
que tem a segunda pior média
de gols da história -2,27.
Nos mata-matas, a Fifa já optava por defensores, que foram
81,2% dos escolhidos como melhores dos jogos. Em todo o
Mundial, zagueiros e volantes
registraram 48,4%. Em 2002,
foram só 25%.
Uma curiosidade da lista é o
fato de 4 dos 10 atletas jogarem
na Juventus (ITA), clube ameaçado de rebaixamento à terceira divisão por envolvimento em
escândalo de manipulação de
arbitragem.
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