São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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JUCA KFOURI

Mulheres de apenas


A badalada seleção brasileira feminina está 100%, mas tem se limitado a jogar para o gasto


A SELEÇÃO FEMININA acabou a fase de grupos da Copa do Mundo na Alemanha com 100% de aproveitamento, sete gols marcados, nenhum sofrido.
E badalada como merece, principalmente pelo inesgotável talento de Marta.
Só mesmo um chato para fazer reparos à campanha das mulheres e, no entanto, o papel do jornalista nunca foi o de ser simpático.
É preciso que se diga que o futebol das mulheres está aquém do esperado e do já mostrado por elas, que têm se limitado a liquidar os jogos em poucos minutos, como nos casos dos jogos de ontem, nos 3 a 0 sobre a Guiné Equatorial, e de domingo, contra a Noruega, pelo mesmo placar, quando um começo de segundo tempo fulminante resolveu as coisas.
Mas ninguém ganha uma Copa do Mundo jogando apenas dez minutos por jogo com instinto assassino. É preciso mais.
Já foi dito aqui que o meio de campo deixa a desejar porque a nossa Formiga já está cansada, cinco Copas do Mundo nas costas.
O que lhe sobra em experiência, e por isso merece todo respeito, falta em capacidade criativa e de alimentação ao ataque, o que obriga Marta a voltar demais para buscar jogo, o que a tira do espaço onde é mais letal.
Como resolver, francamente, não sei, porque não há mesmo ninguém no grupo que possa fazer o papel de pensadora e armadora do time, o que revela que a falta de tal especialista não se limita aos homens do Brasil.
O primeiro tempo ontem foi tão abaixo do nível do time que deu a sensação de que as mulheres, em vez de festejar a vitória no domingo passado, ficaram vendo o jogo dos homens contra a Venezuela.
E guardaram na memória o desempenho do segundo tempo em La Plata.
Não pode.
Agora é mata-mata nas quartas de final, e as norte-americanas que virão, apesar da derrota para a Suécia, serão parada duríssima, não fossem simplesmente as bicampeãs mundiais, tricampeãs olímpicas e primeiras do ranking da Fifa.
Seja como for, resta esperar que os homens tenham visto o segundo tempo delas contra as africanas em Frankfurt, principalmente o golaço de Erika, com direito a chapéu e batida de primeira, de esquerda, no primeiro gol.
Porque por mais que as mulheres venham jogando apenas para o gasto, quando resolvem jogar fazem gols belíssimos, como os homens, antigamente.

blogdojuca@uol.com.br


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