São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Bomba na Gávea afasta reforços do Flamengo

Morales e Gracián desistem de jogar no clube com medo de protestos violentos

"Alguns atletas do elenco também já demonstraram que estão inseguros e não querem continuar", diz o conselheiro Michel Assef


SÉRGIO RANGEL
EM SÃO PAULO

Um dia depois de uma bomba de fabricação caseira explodir durante o treinamento na Gávea, o Flamengo perdeu ontem o atacante Richard Morales e tenta conter a debandada de jogadores de seu elenco.
Anunciado anteontem como solução para a falta de gols da equipe, o uruguaio desfez o negócio e não vai se apresentar hoje no Rio. Ele alegou aos dirigentes que sua família o impediu de se transferir para o Brasil após assistir as cenas de violência no treino de anteontem.
"Acabei de falar com o Morales e não posso culpá-lo. Tentei chamá-lo aos brios, mas nada resolveu. Ele disse que não temia nada, mas que a família o impediu", contou Michel Assef, presidente do Conselho Administrativo do Flamengo, citando a bomba atirada no campo durante treino na Gávea.
Além do uruguaio, o argentino Leandro Gracián, que negociava com o Flamengo, também desistiu de jogar no clube.
""Foi muito chato o que aconteceu. Além deles, alguns jogadores do elenco também já mostraram que estão inseguros e não querem continuar. Estamos dando todas as garantias aos atletas, mas teremos que conversar muito com o grupo", admitiu Assef, que também é advogado do Flamengo na Justiça desportiva.
Depois da explosão da bomba, os jogadores quase entraram em conflito com os torcedores na Gávea. O artefato foi lançado do lado oposto onde estavam os manifestantes. Os chefes das duas organizadas negam ter responsabilidade pela explosão. O zagueiro Fábio Luciano, o lateral Juan, o meia Ibson e o goleiro Bruno foram os mais exaltados diante da atitude dos torcedores.
Ontem, o muro do clube amanheceu pichado por fãs descontentes com o time. Eles escreveram frases contra o vice-presidente de futebol do clube, Kléber Leite, e contra o atacante baiano Obina.
""Aquilo foi muito grave. Vamos tentar punir os responsáveis", disse o presidente do Flamengo, Márcio Braga. O dirigente considerou a atitude dos torcedores uma invasão ao clube. A maioria não era sócio.
Apesar de Braga ter declarado que os jogadores vão continuar treinando na Gávea diante dos sócios, a diretoria do clube preparou um esquema de segurança especial para o desembarque da equipe hoje no Rio. Ontem, os cariocas enfrentariam o Goiás, em Goiânia.
Designado pelo presidente do clube para apurar a confusão no treino de terça, Assef inocentou os torcedores.
""A polícia já está apurando o caso, mas eles não explodiram aquela bomba. Aquilo não pode ter sido feito por um torcedor do Flamengo. Foi um ato de um mercenário pago pela oposição. O Flamengo quase foi rebaixado nos últimos anos e nada parecido com isto ocorreu. Estou no Flamengo há 38 anos e sei sobre o que estou falando", disse o dirigente, que se recusou apontar o suposto mandante.
No boletim de ocorrência registrado anteontem no 14º Distrito Policial do Rio, no Leblon, não constam nomes de nenhum dos participantes da manifestação na Gávea -o protesto foi capitaneado por duas torcidas organizadas.


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