São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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FUTEBOL

Cambistas atuam incólumes diante da Swat chinesa

Desesperados para desfazer encalhe, vendedores nem tentam disfarçar atuação na porta do estádio

Entrar na arena de Shenyang para ver Brasil x Alemanha envolve desde revista e passagem por detector de metais até o uso de raio-X


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG

Os homens da Swat (assim mesmo, em caracteres romanos), estavam a cerca de 30 metros. Mas nem eles, uma espécie de elite das várias divisões da polícia chinesa, deram a mínima para uma praga dos grandes eventos esportivos.
Antes do empate do Brasil contra a Alemanha, em Shenyang, na abertura do torneio feminino de futebol da Olimpíada de Pequim, dezenas de cambistas ofereciam ingressos a poucos metros dos portões do imponente estádio local.
Quando a reportagem da Folha mostrou a um deles interesse em comprar uma entrada, logo foi cercada por outros quatro. Todos desesperados para se desfazerem do encalhe -numa arena com capacidade para 60 mil pessoas, o público não chegou a 21 mil.
A opção acabou por uma entrada de 100 yuans (cerca de R$ 22), o mesmo valor de face da entrada. Toda a negociação, sem preocupação em esconder algo, ocorreu ao lado de dezenas de policiais, incluindo os da Swat, e os cambistas não foram incomodados.
Autoridades chinesas prometeram até 15 dias de prisão para cambistas.
O ingresso não era falso, tanto que passou sem problemas pela catraca. Difícil foi passar pelo rígido esquema de segurança, com várias barreiras de policiais e uma rigorosa revista. Em todos os portões, era preciso passar por um detector de metais. Quem levou bolsas precisou colocá-las em máquinas de raio-X, como as de aeroportos. Elas eram dezenas.
No primeiro evento dos Jogos, as campanhas feitas para acabar com duas manias chinesas tiveram efeitos distintos.
As filas para a entrada no estádio e para compra de bebidas e comidas foram respeitadas -furar fila é uma tradição local.
Já a nada educada mania de escarrar em público continuou em alta -até o piso de mármore do belo estádio de Shenyang foi alvo de cusparadas.
Ao contrário da maioria das instalações esportivas de Pequim, em que os organizadores instalaram privadas no estilo ocidental nos banheiros, o campo onde o Brasil jogou ontem tem apenas latrinas. Mas isso não foi problema, porque não havia uma centena de torcedores alemães ou brasileiros.
Durante o jogo, nenhum incidente foi notado, mesmo com latas de cervejas sendo vendidas no estádio por uma pechincha -a americana Budweiser custava R$ 1,10 a unidade.
Além dos lugares vazios, a sensação de silêncio na partida era enorme por causa da timidez dos chineses. Alvoroço só quando a seleção masculina do Brasil entrou no estádio, já perto do final do primeiro tempo.
No intervalo, nem a trilha sonora com seqüência de músicas de Jorge Benjor mudou a atitude dos torcedores chineses. "Eles têm esse jeito quieto. E, quando gritam, a gente não entende. Mas estamos acostumadas, foi assim no Mundial-07", disse a atacante Cristiane.


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