São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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TOCHA

Alegria, marchas e revistas marcam desfile em Pequim

Chama olímpica entusiasma a capital chinesa, em contraste com protestos vistos no resto do mundo

Com bandeiras e camisas vermelhas, nacionalismo dá o tom do evento, que tem esquema de segurança com helicópteros e barreiras


Caio Guatelli
Detalhe do público que tentou acompanhar a tocha ontem

ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI

ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM Chao Pin, 28, acordou cedo ontem. Pegou metrô e ônibus lotados e enfrentou o trânsito carregado. Tudo com a intenção de assistir à passagem da tocha olímpica por Pequim.
Horas depois, não escondia a decepção em frente do portão principal da Cidade Proibida.
"Cheguei atrasado, às 9h, e ela já havia passado. Foi uma pena. Queria muito ver a nossa tocha", lamentou o chinês, um dos muitos frustrados na festa de ontem, que iniciou o périplo do símbolo em Pequim.
Nem todos mostravam essa face pela manhã. Muitos haviam conseguido um lugar adequado para ver parte da cerimônia. Mas, para isso, foi preciso madrugar ainda mais.
"Chegamos antes das 6h, mas a praça já estava bastante lotada. Deu para ver pouco. Foi emocionante. Quero ir outros dias", disse Shie Li, uma das 70 mil voluntárias do evento. "Ainda bem que conseguimos assistir daqui porque, se houvesse muita confusão, a polícia iria fechar o percurso."
A chama foi recebida com entusiasmo na cidade-sede dos Jogos, após acidentado percurso mundial, quando enfrentou protestos de grupos pró-Tibete e outros opositores da China.
Desde o nascer do Sol, sobre o céu branco e enevoado de Pequim, ônibus estacionavam em todas as direções. Despejavam milhares de espectadores, cujo desembarque era apressados pelos guardas.
Havia revistas aleatórias em bolsas e sacolas nos locais próximos às grades de segurança.
Acompanhada por forte aparato policial e militar, como ocorreu em toda a China, a tocha esteve longe dos ataques de hordas de manifestantes.
Helicópteros rondavam a área, para surpresa de parte do público, desabituado de ver tantos vagando no céu e que não parava de fotografá-los. Guardas e até voluntários civis se deslocavam ao ritmo de marchas militares.
O nacionalismo deu tom à festa. Por todos os lugares se cruzava com vendedoras comercializando bandeirinhas vermelhas da China e brancas com o símbolo olímpico por 1 yuan cada (cerca de R$ 0,23). Eram bastante vendidas. Grande parte do público, de todas as idades, trajava faixas e camisas vermelhas e os rostos pintados.
Alguns patrocinadores dos Jogos, como Coca-Cola e Lenovo, aproveitaram a visibilidade da cerimônia para enviar esquadrões de pessoas trajando camisas com seus logotipos.
Personalidades de fama internacional -ou nem tanto- estiveram entre os 433 carregadores do revezamento de ontem, iniciado por Yang Liwei, primeiro astronauta chinês.
O pivô Yao Ming, um dos símbolos do esporte no país, esteve entre os condutores da chama. Para absorver tantos participantes, cada um se deslocou por menos de 50 metros num percurso de 16,4 km.
O roteiro foi finalizado no Templo do Céu por cartola chinês. As etapas finais terão 841 carregadores da tocha, que passará por orgulhos pequineses, como a Grande Muralha.


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