São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Manual ensina chineses a lidar com vísceras

DOS ENVIADOS A PEQUIM

Se encontrar um intestino delgado exposto para fora da cavidade abdominal de um ferido, cubra o ferimento com pano umedecido em água limpa para não ressecar o local. Em nenhuma hipótese tente empurrar o órgão de volta para dentro da barriga ou poderá gerar uma infecção na vítima.
Essa é uma das recomendações do "Manual de Prevenção Contra o Terrorismo", publicado pelo Departamento de Segurança Chinês para os Jogos.
A Folha teve acesso ontem ao documento, uma relação de 16 páginas em mandarim, que prevê 39 situações de risco e orientações ao público olímpico de como lidar com elas.
Na introdução, o manual cita os atentados de 9 de setembro, o uso de antraz em cartas nos EUA e o emprego de gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995.
Estão contempladas possibilidades como ataques nucleares, cibernéticos, biológicos, químicos, seqüestros, explosões em trens e ônibus, tiroteios e até atentados incendiários contra embarcações.
O texto traz dicas até de como reportar situações de risco à polícia. Quando trata de seqüestro, por exemplo, recomenda às vítimas que "tentem memorizar as feições e as vozes dos infratores, para relatar à polícia de forma detalhada."
Outra indicação nesse tipo de situação de risco é não tentar sair do cativeiro por conta própria - "você deve confiar em seu governo", diz o manual.
Nas situações que podem acarretar pânico, com risco de as pessoas serem pisoteadas, o texto recomenda que objetos de valor sejam esquecidos.
"Não parem para pegar o telefone celular se ele cair na rota de saída." Tal rota, por sinal, deve ser sempre memorizada em ambientes desconhecidos.
As indicações em caso de incêndio são para a população que ficar encurralada em um ambiente tomado pelo fogo não saltar pelas janelas.
Deve tentar improvisar uma corda com lençóis. E se isso não for possível, vedar as frestas das portas e janelas com panos molhados para evitar intoxicação por fumaça. "Se não houver água, pode ser usado refrigerante", detalha o texto.
Ele sugere até a forma de pedir socorro. Diz que não se deve gritar, na medida em que o esforço para aumentar o tom de voz faz a vítima inspirar mais intensamente e inalar fumaça.
Correr das chamas também é desaconselhado, para o fogo não ser atiçado pelo deslocamento de ar gerado.
Pelo mesmo raciocínio, aconselha a fechar as janelas do quarto em que a pessoa ficar encurralada pelas chamas, pois o fluxo de ar propaga o fogo.
Em sua parte final, o documento indica artifícios que podem ser usados para identificar terroristas em potencial.
Indica a observação dos costumes de pessoas que alugam habitações por tempo curto -prática comum em Pequim.
São apontados alguns hábitos: passar o dia em casa e sair à noite, levar "coisas suspeitas" para casa, jogar no lixo materiais pouco convencionais e receber visitantes "estranhos".
Se encarar um vizinho com tais práticas, a determinação é avisar a polícia.
(ALF E LF)



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