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Nuzman teve crise parecida com Jacqueline
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Em um país com apenas 54
medalhas olímpicas, a prática de desperdiçar craques
por intransigências não é
novidade. O vôlei tem uma
história exemplar que remonta o início das turbulentas relações entre patrocinador, atleta e dirigente.
Um dos personagens é o
mesmo do caso Gustavo
Kuerten: o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro,
Carlos Arthur Nuzman.
Em 1985, ele comandava a
CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), e o conflito
foi com Jacqueline, na época
uma das melhores levantadoras da seleção brasileira.
Sem clube, Jacqueline procurou Nuzman. Pediu uma
ajuda de custo para jogar na
seleção, já que, no uniforme,
fazia propaganda do patrocinador do time. Naquela
época, as atletas não recebiam para estampar no uniforme os patrocinadores.
A resposta foi negativa.
Nos treinos, Jacqueline usava o agasalho pelo avesso.
Precisando de dinheiro, não
iria fazer propaganda de graça. Resultado: foi dispensada
por Nuzman e nunca mais
jogou pela seleção.
No livro ""Vida de Vôlei",
escrito pela jogadora, ela
conta: ""A única coisa que o
presidente da CBV disse para justificar meu corte foi
que entre nós estava havendo um desgaste muito grande e que isso poderia afetar a
seleção toda".
Sem clube e sem lugar na
seleção, a saída para Jacqueline foi o aeroporto. Nos
EUA, passou a fazer sucesso
no vôlei de praia. Depois de
quase oito anos, foi obrigada
a fazer as malas. Por determinação da CBV, só poderia
defender o Brasil no vôlei de
praia nos Jogos de Atlanta se
voltasse a jogar no país.
A mesma exigência foi feita para a então dupla sensação no circuito dos EUA, Loyola e Anjinho, que não voltou e ficou fora dos Jogos.
Jacqueline voltou e, junto
com Sandra Pires, foi campeã olímpica em 1996.
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