São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nuzman teve crise parecida com Jacqueline

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Em um país com apenas 54 medalhas olímpicas, a prática de desperdiçar craques por intransigências não é novidade. O vôlei tem uma história exemplar que remonta o início das turbulentas relações entre patrocinador, atleta e dirigente.
Um dos personagens é o mesmo do caso Gustavo Kuerten: o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman.
Em 1985, ele comandava a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), e o conflito foi com Jacqueline, na época uma das melhores levantadoras da seleção brasileira.
Sem clube, Jacqueline procurou Nuzman. Pediu uma ajuda de custo para jogar na seleção, já que, no uniforme, fazia propaganda do patrocinador do time. Naquela época, as atletas não recebiam para estampar no uniforme os patrocinadores.
A resposta foi negativa. Nos treinos, Jacqueline usava o agasalho pelo avesso. Precisando de dinheiro, não iria fazer propaganda de graça. Resultado: foi dispensada por Nuzman e nunca mais jogou pela seleção.
No livro ""Vida de Vôlei", escrito pela jogadora, ela conta: ""A única coisa que o presidente da CBV disse para justificar meu corte foi que entre nós estava havendo um desgaste muito grande e que isso poderia afetar a seleção toda".
Sem clube e sem lugar na seleção, a saída para Jacqueline foi o aeroporto. Nos EUA, passou a fazer sucesso no vôlei de praia. Depois de quase oito anos, foi obrigada a fazer as malas. Por determinação da CBV, só poderia defender o Brasil no vôlei de praia nos Jogos de Atlanta se voltasse a jogar no país.
A mesma exigência foi feita para a então dupla sensação no circuito dos EUA, Loyola e Anjinho, que não voltou e ficou fora dos Jogos.
Jacqueline voltou e, junto com Sandra Pires, foi campeã olímpica em 1996.


Texto Anterior: Investidor dá apoio a Kuerten e isola COB
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.