UOL


São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Será mais fácil

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Nas eliminatórias para a Copa de 2002, a Argentina brilhou e fracassou no Mundial, enquanto o Brasil foi mal e ganhou a Copa. Disso resultou a falsa e irresponsável teoria de que a qualidade da preparação não tem relação com os resultados e que o Brasil vence quando quer.
A seleção brasileira ganhou porque os seus melhores jogadores estavam em forma e inspirados, o título foi facilitado pelos desfalques e pelas eliminações precoces de seus principais rivais e pelos graves erros dos árbitros contra Itália e Espanha, que seriam adversários mais difíceis nas partidas finais. Mas, penso que o Brasil seria campeão mesmo se as outras seleções não tivessem tido tantos problemas.
Faço essa simplificada análise para dizer que o Brasil não pode repetir os erros da última eliminatória. Para ganhar o hexa, a seleção tem de formar um bom conjunto e não depender excessivamente de alguns craques e dos problemas dos outros. Vencer na Europa é muito mais difícil.
A classificação para o Mundial é certa. Deverá ser muito mais fácil do que na eliminatória anterior. Foi uma grande zebra o Brasil precisar da vitória no último jogo, numa competição por pontos corridos, turno e returno, com dez seleções e quatro vagas.
É quase impossível isso se repetir. Nas outras eliminatórias em que o Brasil precisou do resultado no último jogo, as regras eram bem diferentes e dificultavam mais a classificação dos favoritos.
Além disso, o Brasil tem hoje a base do penta e os dois Ronaldinhos no ataque (o gaúcho não joga contra a Colômbia). Na última eliminatória, os atacantes eram Jardel, Élber, Marcelinho Paraíba, Edílson, Luisão e outros. Há uma infinita diferença.
No início das eliminatórias para a Copa de 2002, não existia uma equipe e havia um grande número de jogadores do mesmo nível técnico. Os treinadores fizeram muitas trocas e não se formou um bom conjunto. As mudanças de técnicos agravaram as deficiências. Se o Felipão tivesse sido o primeiro treinador, provavelmente seria dispensado.
Isso não significa que os jogos da atual eliminatória serão fáceis. Após assistir ao Mundial, aprendi que ganhar fora de casa da Colômbia e da maioria das seleções sul-americanas (sem falar na Argentina, que está no mesmo nível do Brasil) é mais difícil do que vencer, num campo neutro, a Turquia, a Bélgica, a desfigurada Alemanha, a Costa Rica, a China e até a Inglaterra, um time medroso que não atacou o Brasil mesmo com um atleta a mais.
Se o Brasil empatar e tiver uma razoável atuação contra a Colômbia, não será ruim. Não pode mostrar desorganização e apatia. O desentrosamento não é mais uma boa desculpa. O time é quase o mesmo da Copa e a única alteração tática é a troca de um zagueiro (Edmílson) por um armador (Zé Roberto). Na verdade, Edmílson atuou mais de volante do que de zagueiro.
Parreira escalará Alex e Emerson nas vagas de Ronaldinho e Kleberson. O time com Emerson, Alex e Rivaldo, três atletas que não têm muita mobilidade, poderá ficar lento na passagem da bola do meio para o ataque.
Emerson vai jogar por causa da experiência, da marcação e pelo fato de o Renato nunca ter atuado na seleção. Muda a movimentação da equipe. Se não houvesse problemas, o time teria Gilberto Silva e um armador de cada lado (Kleberson e Zé Roberto). Os dois marcam como volantes e avançam como meias. Renato tem as características do Kleberson.
Apesar de ter iniciado a sua carreira na meia direita, Emerson se destaca mais pela marcação do que pela habilidade e pelo apoio ao ataque. Mas é um bom volante. Não é grosso. Não há outro melhor para ser reserva do Gilberto Silva.
Da mesma forma, Zé Roberto não é brilhante, porém não existe outro superior para exercer a sua função pela esquerda. Repito, gostaria que se tentasse mais na frente, sem pressa, adaptar o Diego em seu lugar.
Discordo do Parreira na maneira de marcar. O técnico, em todas as partidas, prefere recuar e fechar os espaços na defesa. Essa postura deveria ser intercalada com a marcação por pressão, no momento certo. Essa é uma forma de a equipe ser mais ofensiva e de evitar que o outro time toque a bola e organize as jogadas.
O Brasil não deve fazer hoje uma brilhante partida, mas espero que a campanha nas eliminatórias seja muito melhor do que a da edição anterior. Tomara!


E-mail
tostao.folha@uol.com.br



Texto Anterior: IRL: Ferran ignora aposentadoria em Chicago
Próximo Texto: Panorâmica - Futebol: Corinthians joga nos 856 anos de Moscou
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.