São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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CARLOS SARLI

Sangue bom


O filme de Bob Burnquist é uma amostra do melhor skatista do Brasil, de seu estilo de vida às sessions


NÃO FOSSE pelo delator "da Silva", o cidadão Robert Dean da Silva Burnquist dificilmente seria identificado como brasileiro. Bob Burnquist, que também é cidadão americano, fisicamente parece ter herdado mais da genética paterna, mas, pelas atitudes, percebe-se que o sangue brasileiro corre em suas veias, e é sangue bom.
Ele esteve por aqui na semana passada para o lançamento em português do documentário "The Reality of Bob Burnquist", de 70 minutos, que conta um ano da vida -se é que é possível ele ter feito tanta coisa num ano- do maior skatista brasileiro de todos os tempos.
Mesclando com esse um ano, o documentário apresenta imagens de arquivo, que vão desde a vitória logo no primeiro campeonato que disputou e imagens na extinta pista da Ultra, que revelou alguns dos maiores nomes do skate nacional, como Cris Mateus, Lincoln Ueda, Sandro Dias e o próprio Bob, até cenas cotidianas que revelam o seu estilo de vida: família (com a pequena Lótus e a mulher, Jen), saúde (comendo frutas orgânicas de sua própria plantação), trabalho e amigos.
O trabalho é levado muito a sério. Tudo bem, há de se convir, é o trabalho com que todos sonham, mas para chegar lá e se manter é ralação pra valer. Acompanhar a evolução do desafio de realizar o looping, que resultou em alguns ossos quebrados e muitas luxações até ser completado, dá a exata dimensão desse trampo.
Entre os amigos, Bob dá especial destaque a dois deles. Um de sua cidade natal, o Rio, e o outro de onde foi criado, São Paulo. Sinistrinho, garoto da Rocinha, merece a homenagem por ter conseguido por meio do skate criar a oportunidade de mudar de vida numa comunidade onde as chances são sempre escassas, mas foi vencido pelo crime. E Og de Souza, deficiente físico de nascença, mostra força interior rara e habilidade para o skate impressionante até para quem tem as duas pernas.
O quintal do sítio de Bob em Encinitas, Califórnia, é o principal cenário do filme e se transformou numa enorme pista de testes e desenvolvimento de manobras. Numa seqüência infindável, ele faz dezenas de manobras sem repeti-las. Em outra, a construção da pista e a execução do parafuso. E segue com uma session na megarrampa de Danny Way, modalidade que Bob pegou gosto.
A session na piscina com Steve Alba merece destaque, assim como as experiências no pára-quedismo, que rapidamente evoluíram de um tandem (salto em dupla) para os individuais, desses para o wingsuit (roupa especial para aumentar a distância horizontal do salto) e daí para o BASE jump, que ele faz à noite. O filme, dirigido por Jamie Mosberg, termina com o mais recente projeto de Bob, o salto no Grand Canyon, onde combina duas de suas paixões, o skate e o BASE jump, mas é uma seqüência rápida, só para dar um gostinho da experiência. O documentário sai em DVD neste mês.

MUNDIAL DE SURFE - WQS
Após a etapa portuguesa, o francês Jeremy Flores assumiu a ponta do ranking de acesso. Victor Ribas (oitavo) é o melhor entre os cinco brasileiros na zona de classificação.

MUNDIAL DE SURFE - WCT
Chelsea Georgeson venceu a etapa francesa, subiu para terceiro no ranking e acirrou a luta pelo título. Melanie Redman-Carr voltou à ponta, seguida por Layne Beachley. Silvana Lima está em quinto.

MUNDIAL DE ESQUI NA NEVE
Nikolai Hentsch obteve o melhor resultado da história do esqui brasileiro numa prova FIS. Na Copa Sul-Americana no Chile, ele ficou em 15º no slalom gigante.

SUPERSURF
Ondulação do SE bateu em Itacaré, palco da 4ª etapa do Brasileiro.

sarli@trip.com.br


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