São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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Equipe de Bernardinho se expõe a frio e a lesões

Estrutura do Sul-Americano do Chile fica aquém dos padrões internacionais

Melhores do mundo, atletas brasileiros sofrem com dores nos joelhos e nas costas por terem de jogar em quadra de piso duro

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A VIÑA DEL MAR

A quadra é dura, o ginásio, frio, praticamente todos os adversários não oferecem risco à seleção de Bernardinho.
O cenário encarado pelos brasileiros no Sul-Americano do Chile escancara as discrepâncias do vôlei do continente.
A organização do torneio chileno é um exemplo. O ginásio de Viña Del Mar não segue padrões internacionais.
A competição é organizada pela federação local, mas tem o carimbo da confederação sul-americana, presidida por Ary Graça Filho, também mandatário do vôlei brasileiro.
"De fato não são as condições ideais, mas temos de nos adaptar. O Chile não tem tradição no esporte, e os organizadores estão fazendo o melhor possível", afirmou Bernardinho.
A quadra é dura, com piso diferente do taraflex, obrigatório em campeonatos da federação internacional. No chão existem marcas de quadras de basquete, de vôlei e de handebol, o que confunde os jogadores.
Por causa do impacto, os atletas reclamam de dores nos joelhos e nas costas. E Bernardinho tenta poupá-los para evitar contusões sérias.
A temperatura é outro problema. O ginásio não tem aquecimento. Anteontem, na estréia do Brasil, os termômetros marcavam 12 C nas ruas. Dentro, a sensação era de mais frio.
A federação internacional diz que as partidas devem ocorrer em temperaturas superiores a 10 C. Nos torneios organizados pela entidade, a mínima exigida é de 16 C. No último Sul-Americano, em Lages (RS), em 2005, o frio também atrapalhou os times participantes.
Outro problema de agora: os torcedores, muito próximos, recebem boladas. Mais: o trânsito de pessoas pela quadra também ocorre inclusive com os jogos em andamento.
A pouca tradição do vôlei no Chile ficou evidente no público. Apesar da presença dos campeões olímpicos e bi mundiais, o ginásio só teve ocupados cerca de um terço dos 3.740 lugares na primeira rodada.
Os organizadores dizem que tentaram cumprir ao máximo as exigências. Admitem falhas, como o piso, mas dizem que o único disponível está em Santiago, que abriga o Grupo B e onde serão as finais. Segundo os voluntários que trabalham no Sul-Americano e jornalistas locais, foi uma surpresa o Brasil ter enviado o time principal.
"Temos de ter motivação de qualquer forma. Não adianta ficar reclamando que o piso é duro, que está frio... A gente também sabia que o nível dos rivais não seria dos melhores, não vamos mentir, mas para ir à Olimpíada temos de ganhar o Sul-Americano", afirmou Murilo.
O Brasil é favorito ao título e a uma das vagas na Copa do Mundo, em novembro, no Japão. Além dos campeões continentais, os quatro melhores segundos colocados, com base no ranking mundial de janeiro, também irão ao evento, que dá três vagas em Pequim.
O baixo nível dos times sul-americanos, no entanto, pode fazer o continente perder sua possível segunda vaga.
Depois do Brasil, líder, a Argentina aparece em nono no ranking mundial. Mas a equipe, atualmente, é mais frágil que a Venezuela, 24ª. À frente dos venezuelanos estão, além de nove europeus, três times da América do Norte e do Caribe, três asiáticos e dois africanos.


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