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Equipe de Bernardinho se expõe a frio e a lesões
Estrutura do Sul-Americano do Chile fica aquém dos padrões internacionais
Melhores do mundo, atletas brasileiros sofrem com dores nos joelhos e nas costas por terem de jogar em quadra de piso duro
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A VIÑA DEL MAR
A quadra é dura, o ginásio,
frio, praticamente todos os adversários não oferecem risco à
seleção de Bernardinho.
O cenário encarado pelos
brasileiros no Sul-Americano
do Chile escancara as discrepâncias do vôlei do continente.
A organização do torneio chileno é um exemplo. O ginásio
de Viña Del Mar não segue padrões internacionais.
A competição é organizada
pela federação local, mas tem o
carimbo da confederação sul-americana, presidida por Ary
Graça Filho, também mandatário do vôlei brasileiro.
"De fato não são as condições
ideais, mas temos de nos adaptar. O Chile não tem tradição
no esporte, e os organizadores
estão fazendo o melhor possível", afirmou Bernardinho.
A quadra é dura, com piso diferente do taraflex, obrigatório
em campeonatos da federação
internacional. No chão existem
marcas de quadras de basquete,
de vôlei e de handebol, o que
confunde os jogadores.
Por causa do impacto, os
atletas reclamam de dores nos
joelhos e nas costas. E Bernardinho tenta poupá-los para evitar contusões sérias.
A temperatura é outro problema. O ginásio não tem aquecimento. Anteontem, na estréia do Brasil, os termômetros
marcavam 12 C nas ruas. Dentro, a sensação era de mais frio.
A federação internacional diz
que as partidas devem ocorrer
em temperaturas superiores a
10 C. Nos torneios organizados pela entidade, a mínima
exigida é de 16 C. No último
Sul-Americano, em Lages (RS),
em 2005, o frio também atrapalhou os times participantes.
Outro problema de agora: os
torcedores, muito próximos,
recebem boladas. Mais: o trânsito de pessoas pela quadra
também ocorre inclusive com
os jogos em andamento.
A pouca tradição do vôlei no
Chile ficou evidente no público.
Apesar da presença dos campeões olímpicos e bi mundiais,
o ginásio só teve ocupados cerca de um terço dos 3.740 lugares na primeira rodada.
Os organizadores dizem que
tentaram cumprir ao máximo
as exigências. Admitem falhas,
como o piso, mas dizem que o
único disponível está em Santiago, que abriga o Grupo B e
onde serão as finais. Segundo
os voluntários que trabalham
no Sul-Americano e jornalistas
locais, foi uma surpresa o Brasil
ter enviado o time principal.
"Temos de ter motivação de
qualquer forma. Não adianta ficar reclamando que o piso é duro, que está frio... A gente também sabia que o nível dos rivais
não seria dos melhores, não vamos mentir, mas para ir à Olimpíada temos de ganhar o Sul-Americano", afirmou Murilo.
O Brasil é favorito ao título e
a uma das vagas na Copa do
Mundo, em novembro, no Japão. Além dos campeões continentais, os quatro melhores segundos colocados, com base no
ranking mundial de janeiro,
também irão ao evento, que dá
três vagas em Pequim.
O baixo nível dos times sul-americanos, no entanto, pode
fazer o continente perder sua
possível segunda vaga.
Depois do Brasil, líder, a Argentina aparece em nono no
ranking mundial. Mas a equipe,
atualmente, é mais frágil que a
Venezuela, 24ª. À frente dos venezuelanos estão, além de nove
europeus, três times da América do Norte e do Caribe, três
asiáticos e dois africanos.
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