|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulheres põem rúgbi do país no mapa
Versão do esporte que pode ser disputado nos Jogos de 2016 vê, no Brasil, seleção feminina mais forte do que a masculina
Brasileiras já participaram até do Mundial da categoria e teriam mais chances de disputar a Olimpíada do que os homens, coadjuvantes
SANDRO MACEDO
DA REPORTAGEM LOCAL
"O feminino é uma esperança de medalha, sim. Não tenho
nenhuma dúvida disso."
A empolgação é de Aluisio de
Oliveira Dutra Jr., presidente
da Associação Brasileira de
Rúgbi. A um mês da ratificação
do rúgbi 7 como modalidade
olímpica a partir dos Jogos de
2016, o dirigente vê no prestígio dos Jogos a chance de reestruturar o esporte.
Rúgbi 7 e golfe foram pré-selecionados pelo COI e aguardam confirmação da entidade,
que se reúne em Copenhague
no dia 2 de outubro.
A modalidade 7 é uma versão
reduzida do rúgbi, disputado
com 15 atletas por equipe.
Com regras e pontuação praticamente idênticas, a versão
com sete atletas ganha em agilidade, com dinâmica mais compreensiva -além de bastante
adequada para a TV.
Enquanto o rúgbi tradicional
tem dois tempos de 40 minutos, o rúgbi 7 tem dois tempos
de sete minutos -ou dez em fases decisivas, como foi no último Mundial. Assim, um torneio com 24 clubes pode começar e terminar no mesmo fim
de semana, com mais de uma
partida por dia -o que deve
ocorrer nos Jogos Olímpicos.
Seja no rúgbi convencional,
seja no 7, o Brasil sofre com a
falta de estrutura, com poucos
torneios e muito amadorismo.
Em caso de uma Olimpíada, a
seleção masculina teria um
longo caminho a trilhar para
conseguir uma vaga, atrás de
Argentina, Uruguai e Chile. Enquanto isso, o time nacional feminino domina o continente (é
pentacampeão sul-americano).
Na primeira edição do Mundial que incluiu as mulheres,
disputado em março, em Dubai, a seleção alcançou o 10º lugar -o masculino não conseguiu vaga para participar.
No entanto, para completar a
verba para chegar aos Emirados Árabes, as meninas tiveram
que ser criativas. Venderam um
calendário em que posavam em
várias fotos sensuais.
Com a participação no torneio internacional, atletas como Natasha Olsen, 31, administradora de empresas, viram aumentar o valor da Bolsa Atleta,
programa do governo federal,
para R$ 1.500.
Ainda assim, a prática do esporte no Brasil é incipiente.
Poucos times jogam as cinco
etapas do circuito feminino,
disputado entre setembro e fevereiro. E nenhuma atleta consegue se dedicar só ao esporte.
"Hoje é 100% amador, nós
precisamos nos preparar inclusive para receber os incentivos
de se tornar esporte olímpico",
admite Dutra Jr.
A primeira missão é transformar a associação da modalidade em confederação brasileira,
com pelo menos cinco federações estaduais. Só assim a entidade passaria a receber os incentivos do COB (Comitê
Olímpico Brasileiro).
Dutra alerta para a necessidade de divulgar e desenvolver
o esporte em várias regiões.
"Queremos criar oito torneios
regionais no ano que vem para
garimpar novos talentos."
Se o investimento no rúgbi 7
pode significar ainda mais o ostracismo do rúgbi tradicional
no Brasil, o dirigente não deixa
dúvidas. "Vamos ser sinceros: o
15 já está abandonado".
Texto Anterior: Vôlei: Brasil viaja com time novo e sem treinador Próximo Texto: Brasil comemora oportunidade em duelos contra amadores da França Índice
|