São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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Mulheres põem rúgbi do país no mapa

Versão do esporte que pode ser disputado nos Jogos de 2016 vê, no Brasil, seleção feminina mais forte do que a masculina

Brasileiras já participaram até do Mundial da categoria e teriam mais chances de disputar a Olimpíada do que os homens, coadjuvantes

SANDRO MACEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O feminino é uma esperança de medalha, sim. Não tenho nenhuma dúvida disso."
A empolgação é de Aluisio de Oliveira Dutra Jr., presidente da Associação Brasileira de Rúgbi. A um mês da ratificação do rúgbi 7 como modalidade olímpica a partir dos Jogos de 2016, o dirigente vê no prestígio dos Jogos a chance de reestruturar o esporte.
Rúgbi 7 e golfe foram pré-selecionados pelo COI e aguardam confirmação da entidade, que se reúne em Copenhague no dia 2 de outubro.
A modalidade 7 é uma versão reduzida do rúgbi, disputado com 15 atletas por equipe.
Com regras e pontuação praticamente idênticas, a versão com sete atletas ganha em agilidade, com dinâmica mais compreensiva -além de bastante adequada para a TV.
Enquanto o rúgbi tradicional tem dois tempos de 40 minutos, o rúgbi 7 tem dois tempos de sete minutos -ou dez em fases decisivas, como foi no último Mundial. Assim, um torneio com 24 clubes pode começar e terminar no mesmo fim de semana, com mais de uma partida por dia -o que deve ocorrer nos Jogos Olímpicos.
Seja no rúgbi convencional, seja no 7, o Brasil sofre com a falta de estrutura, com poucos torneios e muito amadorismo.
Em caso de uma Olimpíada, a seleção masculina teria um longo caminho a trilhar para conseguir uma vaga, atrás de Argentina, Uruguai e Chile. Enquanto isso, o time nacional feminino domina o continente (é pentacampeão sul-americano).
Na primeira edição do Mundial que incluiu as mulheres, disputado em março, em Dubai, a seleção alcançou o 10º lugar -o masculino não conseguiu vaga para participar.
No entanto, para completar a verba para chegar aos Emirados Árabes, as meninas tiveram que ser criativas. Venderam um calendário em que posavam em várias fotos sensuais.
Com a participação no torneio internacional, atletas como Natasha Olsen, 31, administradora de empresas, viram aumentar o valor da Bolsa Atleta, programa do governo federal, para R$ 1.500.
Ainda assim, a prática do esporte no Brasil é incipiente.
Poucos times jogam as cinco etapas do circuito feminino, disputado entre setembro e fevereiro. E nenhuma atleta consegue se dedicar só ao esporte.
"Hoje é 100% amador, nós precisamos nos preparar inclusive para receber os incentivos de se tornar esporte olímpico", admite Dutra Jr.
A primeira missão é transformar a associação da modalidade em confederação brasileira, com pelo menos cinco federações estaduais. Só assim a entidade passaria a receber os incentivos do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Dutra alerta para a necessidade de divulgar e desenvolver o esporte em várias regiões. "Queremos criar oito torneios regionais no ano que vem para garimpar novos talentos."
Se o investimento no rúgbi 7 pode significar ainda mais o ostracismo do rúgbi tradicional no Brasil, o dirigente não deixa dúvidas. "Vamos ser sinceros: o 15 já está abandonado".


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