São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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JOSÉ ROBERTO TORERO

A bola e o voto


Dois assuntos que não se misturam, eleições e futebol possuem pontos em comum e permitem comparações

FOI UM sábado de futebol e um domingo de política. Ou seja, um fim de semana de jogos e disputas, de vitórias e derrotas, de xingamentos e iabadabadus.
Teoricamente, eleições e ludopédio são dois assuntos que não se misturam, mas, forçando um pouco, podemos achar alguns pontos em comum e fazer certas comparações.
Fernando Gabeira, por exemplo, me lembra o Goiás. Não porque são verdes e começam com gê, mas porque ambos estavam atrás de muitos adversários, mas fizeram uma escalada vertiginosa e hoje estão em situação bem diferente. O Goiás já pode até pensar em Libertadores, e Gabeira, no Palácio das Laranjeiras.
Falando em Laranjeiras, o Fluminense tem um quê de Marcelo Crivella. O time pintava como grande campeão, mas perdeu a Libertadores e foi caindo, tanto que hoje é o penúltimo colocado no Brasileiro.
Quanto a Crivella, começou liderando as pesquisas, passou ao segundo lugar e agora nem vai ao turno final.
Portuguesa e Ipatinga podem servir de paralelo a Jair Viera, do DEM, e Pedro Euzébio Pedrinho, do PT.
Os times estão empatados em pontos, vitórias e saldo de gols. Só o ataque dá vantagem ao time paulista.
Quase o mesmo aconteceu com os dois candidatos à Prefeitura de Dom Cavati, em Minas Gerais, que empataram com 1.919 votos. Como diz a legislação eleitoral, neste caso vence o mais velho, que é Jair Vieira, de 73 anos, 31 a mais que Pedro Euzébio.
Já o Internacional de Porto Alegre tem algo a ver com Antonio Carlos Magalhães Neto. O herdeiro político de ACM parecia ter tudo para vencer: nome de tradição, juventude e exposição na mídia; assim como o Inter possui Nilmar, D'Alesandro, Alex e Daniel Carvalho. Mas os dois estão longe da liderança. Futebol e urna são caixinhas de surpresa.
Outro Inter, o de Santa Maria, pode ser comparado a Barack Obama.
O time e o candidato à Prefeitura de Berlfort Roxo têm homônimos famosos, mas o clube gaúcho não passou da primeira fase da Série C, e o Barack brasileiro teve sua candidatura impugnada.
Severino Cavalcanti, aquele presidente do Congresso que renunciou para não ser cassado, elegeu-se prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, no agreste pernambucano. Ou seja, foi da Série A para a B, e lá conseguiu sagrar-se campeão. Eu poderia fazer uma comparação com o Corinthians, mas seria maldade demais. Com o clube, é claro.
Por fim, na cidade de Benedito Leite, no Maranhão, aconteceu uma coisa estranha. Eleitores, ou pretensos eleitores, destruíram as urnas que seriam usadas na votação.
A confusão teria começado quando algumas pessoas tentaram votar, mas descobriram que seus títulos haviam sido cancelados, pois recentemente houve um recadastramento no município. Para piorar, as urnas foram guardadas num galpão, que foi invadido pelos tais eleitores, que incendiaram as urnas.
Curiosamente, o prefeito de Benedito Leite foi acusado de falsidade ideológica, era suspeito de enriquecimento ilícito e nepotismo. Ou seja, é uma história estranha, como são estranhas algumas iras de torcidas organizadas, que parecem ter uma indignação dirigida, orquestrada.
A bola e o voto têm mais coisas em comum do que se pensa.

torero@uol.com.br



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