São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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AÇÃO

Esquentando as pranchas

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Em novembro do ano passado, o pernambucano Carlos Burle entrou para a história do surfe mundial ao descer uma das maiores ondas, se não a maior. A conquista, feita em parceria com o conterrâneo Eraldo Gueiros, surfista e piloto do jet-ski que rebocou Burle para a onda, valeu à dupla o prêmio XXL de 2001 de US$ 50 mil mais um carro, oferecidos pelo site norte-americano www.swell.com.
A temporada de ondas grandes mal teve início no hemisfério Norte, mas fortes ondulações já alcançaram as ilhas havaianas e a costa da Califórnia, nos EUA. Ondas entre 15 e 35 pés esquentaram as pranchas dos big riders de plantão em Jaws, Sunset, Mavericks e Cortes, aumentando a expectativa dos que gostam e acompanham o esporte.
Contribui para isso o anúncio nesta semana da parceria entre a Billabong Odyssey, uma expedição em busca das maiores ondulações do planeta, e o XXL, que visa premiar o surfista que pegar a maior onda até março de 2003. O prêmio unificado ficou em US$ 60 mil, e ondas com mais de 60 pés merecerão US$ 1.000 para cada pé excedente.
Mas o mais estimulante, e ao mesmo tempo aterrorizante, é o prêmio de US$ 250 mil oferecido para o surfista que estiver na hora e no lugar certos para pegar uma onda de 100 pés, algo que muita gente duvida ser possível com os equipamentos atuais. O desafio é insano, mas não faltam candidatos, tanto que a organização ajustou o formato do projeto para atender aos inúmeros profissionais interessados.
Na contramão dos estímulos veio o anúncio da Quiksilver de cancelar neste ano o "Men Who Ride Mountains", campeonato para convidados realizado em Mavericks, 16 quilômetros ao sul de São Francisco, nos EUA. Segundo a empresa, a decisão foi estratégica e ocorreu para que ela pudesse se dedicar ao Eddie Aikau, outra prova no mesmo formato (neste ano, Burle e Rodrigo Resende estão na lista de convidados), que acontece desde 1986 em Waimea, Havaí.
O cancelamento da prova californiana deixou muita gente frustrada, em especial o pioneiro surfista de Mavericks e organizador do torneio Jeff Clark. Em nota divulgada, ele disse que a decisão foi exclusivamente da confecção e que a ele restava lamentar. E terminava especulando que o real motivo do cancelamento eram as recém-criadas competições de tow-in, o surfe com auxílio de jet-ski, ofuscarem o pioneiro campeonato havaiano.
Ardoroso defensor do tow-in, Clark se defende dizendo que o recurso deu nova dimensão ao surfe. E costuma dizer aos puristas que consideram a modalidade poluente e agressora à vida marinha que os hipócritas que reclamam provavelmente passeiam de barco, não regulam o motor do carro e não reciclam o lixo.
O assunto, que no início das últimas temporadas tem vindo à tona, é tão atual e borbulhante que até mesmo o conservador "The New York Times" concedeu duas páginas com argumentos e espinafrações de ambos os lados.
Seja como for, com a chegada do inverno, entram em cena surfistas e seus jet-skis e, mais cedo do que tarde, esses americanos que fazem tudo por uma nova legislação, tecerão um estatuto do tow-in, que deverá limitar o esporte a ondas com mais de 18 pés e a praias afastadas.

Skate no Corinthians
A última etapa do Mundial será disputada neste fim de semana em São Paulo. Na modalidade "street", o brasileiro Rodil Ferrugem, segundo colocado no ranking, pode chegar ao título. No vertical, Mineirinho está na quarta colocação.

SuperSurf
Começou ontem na Prainha, no Rio de Janeiro, a última etapa do circuito, com 20 atletas na luta pelo título brasileiro.

Surfe na TV
Volta hoje ao ar na Sportv o Circuito Mundial de 2002, WCT. O programa de estréia apresenta a prova da Gold Coast (Austrália).

EMA Series
A terceira e decisiva etapa do circuito de corrida de aventura, que seria realizada entre os dias 15 e 17 em Cananéia (SP), foi adiada.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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