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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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FUTEBOL AMERICANO

Segundo estudo, choque de elmos causa 61% das concussões

Liga dos EUA descobre que capacete faz mal à cabeça

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O que era para proteger os jogadores de futebol americano virou ameaça. Um estudo patrocinado pela NFL, a liga profissional norte-americana, mostra que um tipo de acidente cada vez mais comum no esporte, a concussão, é causado justamente pelo acessório de proteção que deveria minimizar seus riscos: o capacete.
A pesquisa foi feita com base na análise de 174 jogos de futebol americano da NFL da temporadas de 1996 até a de 2001.
Com o auxílio de bonecos, semelhantes aos utilizados em testes de colisões automobilísticas, os pesquisadores simularam o impacto de uma batida entre capacetes e suas consequências.
Divulgado recentemente pela NFL, o estudo mostrou que 61% dos casos de concussão (choque violento na cabeça que pode causar desde leve tontura até a perda temporária de memória e que, conforme a gravidade, afasta o jogador do esporte por até várias semanas) ocorrem quando há um forte choque entre capacetes.
O problema é que o uso do acessório protetor potencializa o choque e resulta na concussão.
O que seria uma colisão normal de cabeça contra cabeça sem grandes sequelas vira um transtorno para a vítima do impacto devido ao uso do capacete.
A colisão entre elmos é tão forte, segundo o estudo, que o atingido sente o peso no local do impacto equivalente a quase 450 kg.
O resultado do estudo pode até mesmo provocar uma revolução no design dos capacetes para os jogadores nos próximos anos.
Por hora, a Riddell, principal fabricante de capacetes para futebol americano e fornecedora oficial de todos os times da NFL, já lançou um modelo que visa diminuir os riscos de concussão.
Batizado de Revolution, o novo capacete -que já é comercializado pela empresa- traz algumas inovações, que, segundo o fabricante, seriam capazes de evitar uma concussão.
As principais mudanças são: 1) proteções laterais internas (uma espécie de almofada, chamada de "Z-pad") maiores e mais acolchoadas; 2) aumento no tamanho da "concha" do capacete (área interna) para diminuir o impacto da pancada; 3) extensão do elmo na área da mandíbula, um dos pontos mais sensíveis a choques, segundo a pesquisa.

Baixas famosas
Apesar do aumento de casos nas temporadas recentes da NFL, o que motivou a liga a patrocinar desde 1994 estudos sobre concussões, não é de hoje que as pancadas na cabeça fazem vítimas entre os astros do futebol americano.
Pelo menos dois dos maiores quarterbacks da liga nos últimos anos foram obrigados a se aposentar prematuramente com medo de, no futuro, aparecerem consequências mais graves das seguidas concussões que sofriam em campo: Steve Young (ex-San Francisco 49ers) e Troy Aikman (ex-Dallas Cowboys).
Ambos deixaram de praticar profissionalmente o esporte em 2000, quando desfrutavam do auge de suas carreiras e estavam entre as estrelas do campeonato.


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