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FUTEBOL
Cartolas apontam culpados diferentes por crise, e presidente deixa estádio sem definir o futuro do técnico que pode cair
Santos fala em vergonha e acaba rachado
DA REPORTAGEM LOCAL
A goleada para o Corinthians
provocou vergonha, turbulência e
racha no Santos. Mas, por enquanto, não derrubou o técnico
Nelsinho Baptista. Parte dos dirigentes culpa os jogadores e defende a permanência do treinador,
mas outros querem sua saída.
O presidente Marcelo Teixeira,
que já estava irritado com o trabalho do técnico, ainda não se pronunciou sobre seu destino.
Ontem, ele ficou tão revoltado
com o resultado que saiu antes do
fim do jogo, deixando o estádio
separado da equipe.
No vestiário, o diretor de futebol Francisco Lopes disse que, a
princípio, Baptista ficaria no comando do time. Mas ele afirmou
que ainda não tinha conversado
com Teixeira sobre o assunto.
"No futebol, tudo pode acontecer. Foi um resultado anormal.
Mas o Nelsinho não teve culpa",
afirmou o dirigente. "Nem o Vanderlei Luxemburgo resolve se o
zagueiro erra."
A referência foi aos zagueiros
Halisson e Rogério, que cometeram os erros mais graves. Há boas
possibilidades de uma lista de dispensa durante a semana-Flávio,
Bóvio, Diego e Léo Lima foram
afastados antes da partida.
Lopes e outros dirigentes, como
o vice-presidente, Norberto Silva,
querem que Baptista fique no clube. Embora não admita em público, o diretor culpa as pessoas que
fizeram as últimas contratações
do time pela crise.
Sua irritação concentra-se no
gerente de futebol Luiz Henrique
Menezes, que tem participado das
negociações. Há críticas porque
Menezes é carioca e não tem história dentro do Santos.
Outro que participou das contratações foi Mário Mello, do departamento jurídico. Ambos os
dirigentes não quiseram falar sobre a crise ou sobre Baptista.
Todos estavam esperando uma
posição de Teixeira, que não havia entrado em contato com aliados após deixar o estádio. Não havia reunião para discutir a questão ontem-o que deve acontecer
hoje. Baptista disse não estar
preocupado com a ameaça ao seu
emprego e, assim como Franscisco Lopes, culpou os jogadores.
"É um time que tem limitações,
principalmente na zaga. Ainda tivemos problemas de contusões",
afirmou. "Podemos preparar a
equipe, mas não podemos estar lá
dentro [do campo]."
Para o treinador, cinco gols
aconteceram em falhas individuais. Baptista classificou como
anormal o resultado-o treinador perdeu duas vezes de sete
quando dirigia o São Paulo. "A
realidade é que ficamos longe da
Libertadores", completou.
O treinador explicou que, no intervalo, tentou manter o time
ofensivo, ao tirar Halisson e colocar Wendell. O zagueiro admitiu
que pediu para sair porque estava
abalado com seus erros.
Entre os atletas, a palavra vergonha foi usada para descrever a
derrota. Para o meia Ricardinho,
foi a pior derrota de sua carreira.
"Perder desta forma é lamentável", disse o jogador. "A gente se
sente envergonhado." Abalado, o
auxiliar técnico Serginho Chulapa
afirmou ter ficado constrangido e
preferiu falar pouco. "Não é hora.
Quero evitar falar besteira"
Interlocutor da diretoria com a
torcida, Serginho pediu calma aos
santistas, que invadiram o CT Rei
Pelé durante a semana.
Ontem, membros da delegação
já estavam temerosos porque ouviram que torcedores iriam promover quebra-quebra em Santos.
Houve protestos no centro de
treinamento do clube e na Vila
Belmiro.(EDUARDO ARRUDA E RODRIGO MATTOS)
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