São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Cartolas apontam culpados diferentes por crise, e presidente deixa estádio sem definir o futuro do técnico que pode cair

Santos fala em vergonha e acaba rachado

DA REPORTAGEM LOCAL

A goleada para o Corinthians provocou vergonha, turbulência e racha no Santos. Mas, por enquanto, não derrubou o técnico Nelsinho Baptista. Parte dos dirigentes culpa os jogadores e defende a permanência do treinador, mas outros querem sua saída.
O presidente Marcelo Teixeira, que já estava irritado com o trabalho do técnico, ainda não se pronunciou sobre seu destino.
Ontem, ele ficou tão revoltado com o resultado que saiu antes do fim do jogo, deixando o estádio separado da equipe.
No vestiário, o diretor de futebol Francisco Lopes disse que, a princípio, Baptista ficaria no comando do time. Mas ele afirmou que ainda não tinha conversado com Teixeira sobre o assunto.
"No futebol, tudo pode acontecer. Foi um resultado anormal. Mas o Nelsinho não teve culpa", afirmou o dirigente. "Nem o Vanderlei Luxemburgo resolve se o zagueiro erra."
A referência foi aos zagueiros Halisson e Rogério, que cometeram os erros mais graves. Há boas possibilidades de uma lista de dispensa durante a semana-Flávio, Bóvio, Diego e Léo Lima foram afastados antes da partida.
Lopes e outros dirigentes, como o vice-presidente, Norberto Silva, querem que Baptista fique no clube. Embora não admita em público, o diretor culpa as pessoas que fizeram as últimas contratações do time pela crise.
Sua irritação concentra-se no gerente de futebol Luiz Henrique Menezes, que tem participado das negociações. Há críticas porque Menezes é carioca e não tem história dentro do Santos.
Outro que participou das contratações foi Mário Mello, do departamento jurídico. Ambos os dirigentes não quiseram falar sobre a crise ou sobre Baptista.
Todos estavam esperando uma posição de Teixeira, que não havia entrado em contato com aliados após deixar o estádio. Não havia reunião para discutir a questão ontem-o que deve acontecer hoje. Baptista disse não estar preocupado com a ameaça ao seu emprego e, assim como Franscisco Lopes, culpou os jogadores.
"É um time que tem limitações, principalmente na zaga. Ainda tivemos problemas de contusões", afirmou. "Podemos preparar a equipe, mas não podemos estar lá dentro [do campo]."
Para o treinador, cinco gols aconteceram em falhas individuais. Baptista classificou como anormal o resultado-o treinador perdeu duas vezes de sete quando dirigia o São Paulo. "A realidade é que ficamos longe da Libertadores", completou.
O treinador explicou que, no intervalo, tentou manter o time ofensivo, ao tirar Halisson e colocar Wendell. O zagueiro admitiu que pediu para sair porque estava abalado com seus erros.
Entre os atletas, a palavra vergonha foi usada para descrever a derrota. Para o meia Ricardinho, foi a pior derrota de sua carreira.
"Perder desta forma é lamentável", disse o jogador. "A gente se sente envergonhado." Abalado, o auxiliar técnico Serginho Chulapa afirmou ter ficado constrangido e preferiu falar pouco. "Não é hora. Quero evitar falar besteira"
Interlocutor da diretoria com a torcida, Serginho pediu calma aos santistas, que invadiram o CT Rei Pelé durante a semana.
Ontem, membros da delegação já estavam temerosos porque ouviram que torcedores iriam promover quebra-quebra em Santos. Houve protestos no centro de treinamento do clube e na Vila Belmiro.(EDUARDO ARRUDA E RODRIGO MATTOS)

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