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Amoroso joga sem saber de futuro
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele precisou de pouco mais de
cinco meses para conquistar a
torcida e escrever seu nome na
história do São Paulo com a conquista do tri da Libertadores. Mas,
apesar de ter se tornado ídolo em
tão curto espaço de tempo, Amoroso não sabe qual vai ser o seu futuro no clube após o Mundial.
O atacante revela o seu desejo de
seguir no São Paulo e encerrar a
carreira no time do Morumbi,
mas lamenta a demora dos dirigentes no acerto e já acena com a
possibilidade de voltar ao futebol
europeu. No Brasil, foi sondado
pelo Cruzeiro, mas é de fora que
vem a maior parte dos convites.
Aos 31 anos, Amoroso chega ao
Mundial de Clubes falando em ser
artilheiro e diz que vai fazer do
torneio do Japão a sua Copa do
Mundo particular, pois vê poucas
chances de ser convocado pelo
técnico Carlos Alberto Parreira.
Folha - Seu contrato termina em
dezembro. Você já acertou a sua renovação com o São Paulo?
Amoroso - Até agora não tem nada resolvido. O contrato termina
em 31 de dezembro, e não nos
sentamos para conversar. Pelo
que eu estou vendo, acho que vamos ter de esperar passar o Mundial para ter de decidir algo.
Folha - A diretoria chegou a lhe
procurar para uma conversa?
Amoroso - Já tivemos uma conversa rápida. Falaram por alto que
tinham interesse em renovar pelas mesmas bases. Só que depois
não me procuraram, e eu estou
esperando uma chance de conversar. Mas, com contrato ou sem
contrato, vou me dedicar ao máximo para ganhar o Mundial.
Folha - Mas se o contrato estivesse acertado não seria melhor?
Amoroso - Isso dá mais tranqüilidade. Com a chance que o São
Paulo me deu de reaparecer no futebol brasileiro, surgem propostas. Sou dono do meu passe. Isso
não é um mistério. Não tem jeito
de você não falar com outros clubes. Mas sempre deixei claro que
a prioridade é do São Paulo.
Folha - Já surgiram propostas para você sair no ano que vem?
Amoroso - No Brasil, foi por alto
[Cruzeiro]. Foram mais coisas de
fora: Itália, Espanha, Japão, Inglaterra e Alemanha.
Folha - O que pretende fazer depois do Mundial de Clubes?
Amoroso - Minha vontade é permanecer no São Paulo e encerrar
a minha carreira. Fazer um contrato para eu jogar aqui até o final.
Senão, dá para eu jogar mais dois
anos lá fora. Por isso é que foi pedido um contrato de três anos.
Folha - Em relação ao Mundial,
está preparado para provocações?
Amoroso - Isso sempre existiu, e
não vai deixar de existir agora.
Não tem jeito de um jogador não
chamar o outro de negão, japonês, coreano. Não me incomodo
de ser xingado. Também xingo.
Na hora, escapam uns palavrões.
E atacante não tem que entrar
nesse clima, tem que prometer é
gol. Quero ser artilheiro e campeão. Prometo raça e determinação, mas o time deve ter é atitude.
Folha - Você mudou seu estilo e se
tornou falastrão. Por quê?
Amoroso - Realmente esse não é
meu estilo. É mais para poder apimentar um jogo. Sei que, quando
falo, a responsabilidade vem dobrada. Mas com a experiência sei
falar as respostas corretas e me livrar da pressão. O importante é
você falar na hora que pode falar.
Folha - O Mundial pode ser a sua
última cartada para a Copa?
Amoroso - Estou fora há um
bom tempo. Nem penso muito
nisso. Se vier uma convocação, será bom, mas meus melhores momentos foram em 98 e 2002. Fiquei fora. O que eu quero agora é
fazer desse Mundial [de Clubes] a
minha Copa do Mundo.
Folha - A sua experiência internacional vai fazer diferença no Japão?
Amoroso - Joguei a Copa da Uefa, a Copa dos Campeões e já encarei o Liverpool quando estava
no Borussia Dortmund (ALE).
Foram nove anos da minha carreira na Europa. Saber a mentalidade dos atletas de lá ajuda, sim.
Folha - Você chegou ao São Paulo
para substituir Grafite. Como foi?
Amoroso - Substituir um jogador
como o Grafite, numa reta final de
um torneio sul-americano, é difícil. Mas foi ótimo. A minha vontade de voltar a jogar e também a de
estar num clube como o São Paulo ajudaram nessa tarefa.
Folha - Como é ser artilheiro, mas
ser superado em número de gols
pelo goleiro do próprio time?
Amoroso - Se eu chegasse um
pouco antes ao clube ou não tivesse perdido jogos no Brasileiro, teria passado [o Rogério]. A repetição dos jogos me desanimou. Perdi o tesão pela artilharia. Mas se trata de um grande goleiro. Quando cobra falta, fica difícil pegar.
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