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Contra "hooligans", PF se articula com polícias do exterior
Embaixadas brasileiras serão orientadas a dificultar visto para torcedores violentos que quiserem vir à Copa de 2014
Ricardo Teixeira usa dados do Pan como argumento para não se preocupar com possíveis ações de violência durante o Mundial do Brasil
ANDRÉA MICHAEL
FLÁVIO FERREIRA
ENVIADOS A FORTALEZA
Os principais alvos das ações
de segurança na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, serão os
torcedores violentos. A Polícia
Federal vai se articular com
suas correspondentes internacionais para mapeá-los.
As embaixadas e os consulados brasileiros, interligados em
rede com o Itamaraty, serão
orientados a evitar a concessão
de visto para este tipo de torcedor. Os que embarcarem terão
seus passos monitorados, um
modelo testado e bem-sucedido nos jogos do Mundial da Alemanha, há três anos.
Já está em curso, internamente, um mapeamento para
identificar torcedores violentos, que deixaram suas "marcas" durante os Estaduais e o
Campeonato Brasileiro.
Esse será o público preferencial das ações de segurança durante a Copa de 2014, segundo
disse ontem o diretor-geral da
Polícia Federal, delegado Luiz
Fernando Corrêa. Ele foi um
dos participantes do debate de
encerramento do 4º Congresso
Nacional de Delegados de Polícia Federal, em Fortaleza (CE),
que teve como tema ações de
segurança em grandes eventos.
Com a experiência de quem
coordenou a segurança nos Jogos Pan-Americanos, em 2007,
Corrêa também entende como
desafio para a Copa a necessidade de manter as cidades em
movimento e, ao mesmo tempo, garantir a segurança para a
realização dos jogos. "Isolar é
perder o espírito de competição. Não podemos trabalhar
com a ideia de segregar ou ter
áreas de isolamento."
Questionado sobre a situação
de violência conflagrada no Rio
de Janeiro e da ameaça dos traficantes contra as forças de segurança, Corrêa respondeu: "O
tráfico não é um problema do
Rio, é problema do mundo".
Quanto à solução do combate
à violência, ele disse que as medidas estão sendo tomadas pelo
secretário de Segurança do Rio
de Janeiro, José Mariano Beltrame, pelo "enfrentamento e
não contenção, para empurrar
com a barriga o problema".
Presente ao evento, o presidente da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol), Ricardo
Teixeira, declarou não estar
preocupado com a segurança
na Copa. Disse que, pelos resultados obtidos no Pan-Americano, de 2007, "quando o número
de assaltos no Rio, se comparado ao que se tinha na rotina, foi
quase a zero", o Brasil terá um
bom desempenho.
Teixeira apresentou ontem
números do aquecimento previsto para a economia, segundo
uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
As expectativas para 2014,
diz ele, são de injeção de R$ 155
bilhões na economia brasileira,
geração de 18 milhões de empregos e incremento de 20% no
número de turistas somente no
ano da realização do Mundial.
Convidado a participar do
painel, o policial alemão Bernd
Manthey, que atuou durante
40 anos na polícia de Berlim e
participou das equipes de segurança das Copas de Japão/Coreia do Sul, em 2002, e da Alemanha, disse que o fundamental, além do monitoramento
dos torcedores violentos e da
cooperação internacional, é desenvolver um trabalho coordenado entre as polícias do país,
para que haja agilidade na circulação de informações.
Em entrevista à Folha, o policial alemão disse que, até
2014, "o Brasil deverá passar
por um processo de pacificação", o que deverá se dar por
meio de investimentos em projetos sociais que motivem a população a se engajar nos preparativos para a Copa, que envolvam os cidadãos com a ideia de
serem anfitriões de um grande
evento, que dever ocorrer como se fosse a realização de um
sonho. "Isso não combina com
a violência. É preciso fazer a
motivação crescer para não dar
espaço para a violência."
Manthey é contrário ao uso
das Forças Armadas em ações
de segurança nas ruas.
"As Forças Armadas e as polícias não devem estar em primeiro plano, muito visíveis para as pessoas, e, sim, bem preparadas, com estratégias para
qualquer situação inusitada,
porém sempre em segundo
plano", disse o policial alemão.
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