São Paulo, sábado, 07 de novembro de 2009

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MOTOR

O que ficou


Lembraremos da F-1 de 2009 como aquela do baque na FIA, do cochilo das grandes, do campeão que soará estranho


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

DAQUI a um ano, provavelmente lembraremos do Mundial encerrado no domingo passado e daremos risada. Ferrari e McLaren estarão de novo no topo e comentaremos que o apagão de ambas em 2009, fruto da soberba após tantas temporadas disputando o título, serviu como lição.
Daqui a cinco anos, entenderemos que o legado deste campeonato foi outro: cair na real. Porque justamente quando trabalhava para a expansão, com direito a concorrência para a inscrição de novas equipes e subsídio disfarçado em regime de giros do motor, a F-1 levou um baque, com a saída de dois (ou três) times.
E, dos novos que entraram, alguns já terão partido, aqueles amparados em sombrios fundos de investimento. Outros terão surgido, fruto da luta de Todt em baratear a categoria. Daqui a dez anos, olharemos para a tabela de 2009 e constataremos que Vettel perdeu, naquela longínqua temporada, a chance de começar sua coleção de títulos. Assim como o Mundial "certo" de 1999 escapou de Schumacher no muro da Stowe, diremos que o segundo alemão campeão do mundo foi vítima das dores de crescimento de seu time.
Mas tudo bem, ele terá outros na conta. Aqui e ali, surgirão rumores sobre a volta de montadoras ao grid.
Daqui a 20 anos, 2009 será lembrado como exemplo. As montadoras, provavelmente três ou quatro megaconglomerados, estarão num novo ciclo de investimentos na F-1.
Muita gente se empolgará, apontará esse como o caminho do futuro. Daí, algum "chato" de boa memória levantará a voz e dirá: "Elas não têm compromisso com o esporte, sairão quando acharem que o marketing está feito. Lembrem de 2009...".
Daqui a 30 anos, olharemos para a lista de campeões do mundo e acharemos bizarra a presença de Button ali. "Quem era esse cara? Ele ganhou mesmo?", alguém há de perguntar, da mesma forma como ouvimos, hoje, sobre outros heróis temporãos.
E, aos poucos, o 2009 da F-1 vai esvaecer. Mas sempre haverá uma marca, uma percepção. Porque, se pode-se discordar de poetas, há alguns sempres que nunca acabam.

PRIMEIRA VEZ
Sobre Abu Dhabi, bela observação do www.blogdocapelli.com.br. Ao recolher para os boxes, com problemas nos freios, Hamilton experimentou seu primeiro abandono na F-1 por problema mecânico. A prova que encerrou o Mundial foi seu 52º GP. Marca impressionante, dele e da McLaren.

ÚLTIMA VEZ
Presidente da Renault, o brasileiro Ghosn desautorizou seu chefe de F-1 ao dizer que não há nada garantido para 2010. A equação é clara: ou a Renault repensa sua participação no Mundial e cria um plano econômico, à la Brawn, ou se tornará apenas fornecedora de motores.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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