São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Inverso

Corinthians resolve racha interno com Andres e passa de oprimido a opressor no clássico de hoje com o São Paulo , que vive ano decepcionante e relutante

MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

"Só desgraça. Está difícil administrar o Corinthians hoje. A gente trabalha a favor e 90% trabalha contra."
A frase é do ex-presidente corintiano Alberto Dualib em uma das suas conversas grampeadas pela Polícia Federal no caso MSI. Foi dita em abril de 2007.
Vivia-se o jejum de vitórias do Corinthians ante o São Paulo, então campeão brasileiro. Dois meses antes, o time são-paulino impusera a última derrota aos alvinegros (3 a 1). Iniciava-se ali novo tabu, desta vez em favor do clube de Parque São Jorge.
Três anos e oito meses depois, os rivais voltam a se enfrentar, hoje, no Morumbi. O Corinthians é vice-líder do Brasileiro. Sétimo, o São Paulo tem de vencer para manter chances de ir à Libertadores.
"Futebol é muito cíclico. Quatro anos atrás, a diferença técnica entre os dois times era muito grande. O Corinthians evoluiu muito", admitiu o diretor de futebol são-paulino, João Paulo de Jesus Lopes. "A temporada de 2010 não foi a que tivemos nosso melhor desempenho."
A explicação para a gangorra no clássico está na administração dos dois clubes.
Em 2007, o Corinthians estava em guerra entre sua diretoria e a MSI, o que gerou inquérito policial e o rebaixamento naquele ano.
Eleito, o presidente Andres Sanchez centralizou a gestão. Ouve assessores, porém fecha tudo sozinho. E até a oposição o elogia hoje.
Em 2007, já reinava Juvenal Juvêncio no São Paulo. Mas, se o poder continua centralizado, aumenta pressão interna sobre a cúpula.
Uma demonstração da diferença entre os dois clubes foram as trocas de técnicos.
Sanchez acertou com Adilson Batista imediatamente após a perda de Mano Menezes para a seleção. Tite foi contratado em uma semana.
Ao demitir Ricardo Gomes, a diretoria são-paulina demorou dois meses para achar um novo técnico efetivo.
Contribuiu para isso a influência da divisão de base do São Paulo, cujo diretor Marcos Tadeu dá telefonemas diretos a Juvenal.
A base pedia maior aproveitamento de seus pupilos. Emplacou Sergio Baresi como técnico interino.
A comissão técnica do profissional ficou contrariada, mas o presidente relutava em tirá-lo. Dirigentes de fora do futebol sugeriam até nomes como Vanderlei Luxemburgo antes da chegada de Paulo César Carpegiani.
Nas contratações, o Corinthians tem investido mais com o dinheiro de patrocínios. E tem astros como Ronaldo e Roberto Carlos.
A relação próxima de Andres com empresários e fundos, e bons observadores, garantiram ao clube revelações como Bruno César e Jucilei.
O São Paulo investiu em medalhões com resultados variáveis. Deu certo com Ricardo Oliveira, errado com Cléber Santana. A diretoria atribui à reformulação total no final de 2009 a dificuldade do time nesta temporada.
A frase de Dualib sobre a "desgraça" era uma reclamação de notícias sobre a dívida do clube. Resultado de uma auditoria feita por Andres Sanchez, então opositor.


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