São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Pelo Brasil, calendário da CBF é ficção

Enquanto atletas dos grandes centros gozam férias, Maranhão, Pará e Piauí invadem dezembro com seus Estaduais

Até fatores climáticos são apontados por cartolas para justificar a falta de respeito ao calendário que é hoje um dos xodós da confederação

PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

De acordo com a CBF, na próxima temporada "todos os Estaduais deverão ser concluídos até 6 de maio, um domingo, inclusive os que não têm representantes nas séries A e B".
É melhor, então, a entidade combinar com suas filiadas.
As federações do Maranhão, do Pará e do Piauí ignoram solenemente o calendário que é um dos xodós de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
Fizeram isto nesta temporada e vão repetir a dose no próximo ano. Enquanto os jogadores dos principais clubes do país terão, enfim, 30 dias de férias e um período para preparação antes do início dos campeonatos de 2007, a bola segue rolando em campos maranhenses, piauienses e paraenses.
Nos dois Estados nordestinos, os campeonatos locais estão na reta final e devem acabar na semana anterior ao Natal. No Pará, o calendário é ainda mais inusitado. Como já virou praxe, alguns times pequenos disputam desde outubro o Estadual. Na fase atual, uma rodada está marcada para o dia 23, véspera da noite natalina.
A ressaca do Ano Novo terá pouco tempo para ser curada -o Paraense, que desde seu torneio classificatório até a decisão terá mais de sete meses de duração, tem partidas marcadas para 3 de janeiro.
Cartolas de clubes e federações dos Estados rebeldes não estão preocupados com o calendário da CBF.
"A CBF só faz calendário olhando para os times do Sul e do Sudeste. Se a gente seguir o calendário deles, o futebol do Nordeste e do Norte está morto. A rivalidade regional é que ainda alimenta o nosso futebol", diz José Alberto Moraes Rego, diretor de futebol do Sampaio Corrêa, que ontem iniciaria a decisão do segundo turno do Campeonato Maranhense contra o Chapadinha.
"Estado que não tem representante nas séries A e B não pode seguir o calendário da CBF. É o caso do Maranhão. No Conselho Arbitral, vamos repetir a fórmula deste ano, com com a Taça Cidade de São Luís no primeiro semestre e o Estadual no final", afirma Carlos Alberto Ferreira, presidente da federação maranhense.
Os dirigentes apontam um fator climático como essencial para o desprezo ao regulamento elaborado pela CBF.
"Aqui [no Maranhão], de janeiro a junho, é o período de chuvas. É muito difícil de jogar", diz Rego. "Por causa da chuva, tem que ser assim", explica Luís Joaquim Lula Ferreira, presidente da Federação de Futebol do Piauí, Estado famoso por suas longas estiagens.
A decisão de ignorar as datas da CBF faz com que os clubes dos três Estados joguem em um ritmo muito maior do que em outras unidades da federação com nível parecido no futebol.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o River de Teresina. Como fez certo sucesso na Série C (chegou à penúltima fase), o time vai acabar o ano com mais de 50 jogos disputados. Os jogos da terceira divisão Nacional aconteceram ao mesmo tempo que os do Estadual.
"Neste ano, a permanência do River por mais tempo na Série C atrapalhou um pouco o Estadual. Os jogos se acumularam, e eles tiveram de jogar até três vezes em uma semana. Pecamos nisso aí, mas, no ano que vem, vamos fazer uma tabela mais coerente -para o caso de um time ir mais longe na Série C", promete Ferreira, o presidente da federação do Piauí.


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