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Pelo Brasil, calendário da CBF é ficção
Enquanto atletas dos grandes centros gozam férias, Maranhão, Pará e Piauí invadem dezembro com seus Estaduais
Até fatores climáticos são apontados por cartolas para justificar a falta de respeito ao calendário que é hoje um
dos xodós da confederação
PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
De acordo com a CBF, na
próxima temporada "todos os
Estaduais deverão ser concluídos até 6 de maio, um domingo,
inclusive os que não têm representantes nas séries A e B".
É melhor, então, a entidade
combinar com suas filiadas.
As federações do Maranhão,
do Pará e do Piauí ignoram solenemente o calendário que é
um dos xodós de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
Fizeram isto nesta temporada e vão repetir a dose no próximo ano. Enquanto os jogadores
dos principais clubes do país terão, enfim, 30 dias de férias e
um período para preparação
antes do início dos campeonatos de 2007, a bola segue rolando em campos maranhenses,
piauienses e paraenses.
Nos dois Estados nordestinos, os campeonatos locais estão na reta final e devem acabar
na semana anterior ao Natal.
No Pará, o calendário é ainda
mais inusitado. Como já virou
praxe, alguns times pequenos
disputam desde outubro o Estadual. Na fase atual, uma rodada está marcada para o dia 23,
véspera da noite natalina.
A ressaca do Ano Novo terá
pouco tempo para ser curada
-o Paraense, que desde seu
torneio classificatório até a decisão terá mais de sete meses de
duração, tem partidas marcadas para 3 de janeiro.
Cartolas de clubes e federações dos Estados rebeldes não
estão preocupados com o calendário da CBF.
"A CBF só faz calendário
olhando para os times do Sul e
do Sudeste. Se a gente seguir o
calendário deles, o futebol do
Nordeste e do Norte está morto. A rivalidade regional é que
ainda alimenta o nosso futebol", diz José Alberto Moraes
Rego, diretor de futebol do
Sampaio Corrêa, que ontem
iniciaria a decisão do segundo
turno do Campeonato Maranhense contra o Chapadinha.
"Estado que não tem representante nas séries A e B não
pode seguir o calendário da
CBF. É o caso do Maranhão. No
Conselho Arbitral, vamos repetir a fórmula deste ano, com
com a Taça Cidade de São Luís
no primeiro semestre e o Estadual no final", afirma Carlos Alberto Ferreira, presidente da
federação maranhense.
Os dirigentes apontam um
fator climático como essencial
para o desprezo ao regulamento elaborado pela CBF.
"Aqui [no Maranhão], de janeiro a junho, é o período de
chuvas. É muito difícil de jogar", diz Rego. "Por causa da
chuva, tem que ser assim", explica Luís Joaquim Lula Ferreira, presidente da Federação de
Futebol do Piauí, Estado famoso por suas longas estiagens.
A decisão de ignorar as datas
da CBF faz com que os clubes
dos três Estados joguem em um
ritmo muito maior do que em
outras unidades da federação
com nível parecido no futebol.
Foi o que aconteceu, por
exemplo, com o River de Teresina. Como fez certo sucesso na
Série C (chegou à penúltima fase), o time vai acabar o ano com
mais de 50 jogos disputados. Os
jogos da terceira divisão Nacional aconteceram ao mesmo
tempo que os do Estadual.
"Neste ano, a permanência
do River por mais tempo na Série C atrapalhou um pouco o
Estadual. Os jogos se acumularam, e eles tiveram de jogar até
três vezes em uma semana. Pecamos nisso aí, mas, no ano que
vem, vamos fazer uma tabela
mais coerente -para o caso de
um time ir mais longe na Série
C", promete Ferreira, o presidente da federação do Piauí.
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