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Sem gaúchos, Grêmio mimetiza estilo gaúcho
Time, que tenta título contra Atlético-MG, não tem titulares nascidos no RS
Para moldar elenco atual a
seu gosto, clube mantém
parcerias e franquias com
times e escolinhas do país
que alimentam sua base
DO ENVIADO A PORTO ALEGRE
Para chegar à última rodada
do Brasileiro na disputa do título, o Grêmio abusa do estilo
gaúcho. Tudo está lá: marcação
forte, faltas, cruzamentos na
área e contra-ataque. Só faltam
mesmo os gaúchos.
No provável time titular que
iniciará neste domingo não há
sequer um atleta natural do Rio
Grande do Sul. Será com jogadores de fora do Estado que a
equipe tentará bater os rivais.
Precisa de uma vitória e uma
derrota são-paulina para chegar ao título.
Parte do elenco foi formada
com atletas baratos, às vezes,
não aproveitados em outros times. Mas a força da equipe está
nas categorias de base.
Tanto que 44% do grupo é
formado por jogadores das divisões inferiores. São quatro só
entre os titulares. O segredo é
que o Grêmio busca jovens talentos fora de casa.
O zagueiro Léo e o lateral-esquerdo Hélder são mineiros.
Os volantes Willian Magrão e
Rafael Carioca são paulista e
fluminense, respectivamente.
Saíram de 90 clubes e 95
franquias que detêm parceria
com o Grêmio, espalhados pelo
Rio Grande do Sul e pelo Brasil.
"Comecei na escolinha. Fui a
um time que tinha parceria
com o Grêmio. Eles me viram,
gostaram e me trouxeram para
cá em 2006, com 17 anos", conta Rafael Carioca, que chegou
de um clube do interior do Rio.
Depois de trazer os atletas
para o Sul, o próximo passo é
transformá-los em "gaúchos".
Com jogadores fortes e altos, é
fácil ensiná-los a marcar em cima e priorizar o jogo aéreo. Rafael teve de se adaptar ao estilo
de pegada. "A pegada era muito
maior. Nos treinos, você passa
por um e já tem dois, três marcando na seqüência", explica.
"Buscamos jogadores que
atendam ao nosso estilo. Começamos a aproveitar só jogadores que chegam desde a base.
E adotam o estilo castelhano",
explicou o diretor de futebol,
André Krieger.
Para completar o serviço, o
Grêmio conta com um gaúcho,
no banco. O técnico Celso Roth
repete seguidas vezes os treinos para compactar a equipe,
além de ensaiar à exaustão jogadas de bola parada pelo alto.
"Fiz neste último treino o
que tenho feito todo o ano.
Treino e repito. Treino e repito", explicou o treinador, após o
coletivo de sexta-feira.
Claro que, para isso, ele também contou com atletas contratados de fora. Jogador com a
cara do Grêmio, Tcheco é paranaense. Destaque da campanha, o goleiro Victor é paulista.
"O jogador sente a diferença
[no Rio Grande do Sul]. O torcedor aplaude mais um carrinho, um lance de marcação, e o
jogador faz mais o que a torcida
gosta", disse o goleiro gremista.
Terra do rival pelo título, São
Paulo é o Estado que tem mais
representantes no elenco gremista. No total, são 11 paulistas,
ou 34% do total. Serão esses
"novos gaúchos" que tentarão o
tricampeonato brasileiro, que
não deve ser considerado uma
surpresa se acontecer.
Desde a volta da Série B, no
final de 2005, nos três últimos
anos o time gaúcho ostenta
aproveitamento de 57,22% dos
pontos disputados. Só fica atrás
justamente do São Paulo, bicampeão e líder do atual campeonato (com 67% de aproveitamento).
(RODRIGO MATTOS)
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