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FUTEBOL
Chileno Figueroa recebe honras da Fifa, funda entidade e se diz brasileiro
Don Elías entra no top 100 e lidera ex-atletas do mundo
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A CONCEPCIÓN
Só um chileno está entre os cem
melhores jogadores de todos os
tempos. Don Elías Figueroa, 57,
tido por muitos como o melhor
estrangeiro da história do Brasileiro, será homenageado no dia 4
de março em Londres. Em meio
às celebrações do centenário da
Fifa, o ex-jogador do Inter foi indicado para a seleta lista por Pelé.
O ex-zagueiro jogou três Copas
(1966, 74 e 82) e, se o Chile tivesse
se classificado para 1970 e 78, seria
recordista de participações em
Mundiais. À Folha, falou da homenagem, da entidade internacional de ex-jogadores que fundou, do Pré-Olímpico em seu país
e de seu vinho.
Folha - Como recebeu a notícia de
que estava na lista dos cem melhores da história?
Elías Figueroa - Foi superagradável. Havia sido eleito para uma seleção ideal da América no século
20. Se estava entre os melhores
sul-americanos, tinha chance de
ficar entre os cem melhores do
mundo. É um orgulho.
Folha - Indicado por Pelé...
Figueroa - Joguei contra ele com
17 anos quando o Santos fez uma
partida no Chile. Depois, no Brasil, tive a chance de enfrentá-lo algumas vezes. Foi o melhor de todos os tempos. E é um amigo.
Folha - Por ter sido zagueiro, o
prêmio é mais valioso?
Figueroa - É mais difícil ganhá-lo, mas eu já havia sido eleito melhor da América, não só o melhor
defensor, em 1974, 1975 e 1976. É
normal dar prêmios para os que
fazem os gols, mas eu também fazia. Marquei um decisivo no campeonato de 1975 [final do Brasileiro, contra o Cruzeiro].
Folha - Há frustração por não ter
jogado no futebol europeu?
Figueroa - Pelé não jogou na Europa. Para mim, os melhores jogadores da Europa são sul-americanos. Tive proposta do Real Madrid, mas quis ficar no Brasil, no
Inter. Hoje, todos vão à Europa
por razões econômicas.
Folha - Como foi jogar no Brasil
quase toda a década de 70?
Figueroa - Quando cheguei ao
Brasil, havia poucos estrangeiros,
quatro ou cinco. Era difícil jogar
no país, mas fui bem recebido. Para mim, não basta ser grande jogador. Quero ser reconhecido como boa pessoa. Sou reconhecido.
As pessoas têm carinho por mim.
Folha - Onde nasceu o Don?
Figueroa - Começou no Chile,
quando atuei no Unión La Calera.
O time era pequeno, mas ganhamos do Colo Colo, da Universidad Católica. Fomos ponteiros do
campeonato e ficou o Don. Uso o
nome no meu vinho [Don Elías].
Folha - Como vê a crise por que
passa o futebol chileno?
Figueroa - O futebol não acompanhou o crescimento econômico do país. Há muito a ser feito pelo futebol no Chile. A legislação
esportiva vigente é de 1939. O Colo Colo deve US$ 32 milhões e
ninguém é responsável. É má gestão atrás de má gestão.
Folha - O que acha do Pré-Olímpico em seu país?
Figueroa - Vivo em Viña del Mar
e assessorei a prefeitura [a cidade
será sede da fase final]. Verifiquei
locais de treinamento, estádio e
instalações. Sobre times, o Brasil
tem atletas de primeira linha. Me
sinto brasileiro e sei que a Olimpíada é uma espinha para o Brasil.
No Pré-Olímpico, o time tem
muitas chances. A Argentina tem
boa equipe. O Paraguai pode aparecer, e o Uruguai tem tradição.
Folha - E o Chile?
Figueroa - Não existe uma grande confiança nesta seleção.
Folha - O que faz hoje?
Figueroa - Sou o presidente da
Fútbol Masters, entidade de ex-jogadores de todo o mundo. Não
gosto de falar ex-jogador, pois
não há ex-médico, ex-jornalista.
Jogador é sempre jogador. Fazemos ações beneficentes e pensamos em montar uma seleção com
esse fim. No dia 21 de fevereiro, tenho reunião na ONU em Nova
York para um acordo para a Fútbol Masters. Há muitos nomes na
entidade: Cubillas, Eusébio, Kevin Keegan, Rivellino...
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