São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Secretário de Esportes de SP quer disputa com Rio

Walter Feldman assume hoje com planos de bater Rio na candidatura olímpica

Deputado é contra lei que impede jogos após as 21h, a favor do Morumbi na Copa e propõe troca de impostos por serviços dos clubes

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O médico Walter Feldman, 52, um estranho no ninho no que se refere ao mundo esportivo, assume hoje a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo. Sua chegada promete apimentar a rivalidade com o Rio. Ele planeja colocar São Paulo no caminho dos cariocas na disputa por grandes eventos, como uma edição dos Jogos Olímpicos. "Sou um bairrista convicto", afirma o deputado federal eleito pelo PSDB, que coordenou as subprefeituras na gestão de José Serra.

 

FOLHA - O senhor não tem nenhuma ligação com a área esportiva. Como foi sua escolha para o cargo?
WALTER FELDMAN
- Como tenho experiência em outras áreas, fui escolhido para fazer um trabalho transversal, integrando o esporte com outras secretarias, a da Educação, por exemplo.

FOLHA - Qual a sua principal meta?
FELDMAN
- A idéia é amarrar o esporte e a educação. Equipar as escolas para os alunos ficarem mais tempo lá, praticando esportes. E, se agregarmos as idéias da bola às idéias urbanísticas [área na qual é especialista], poderemos dar um vareio.

FOLHA - Além de receber o Pan-07, o Rio é candidato de novo aos Jogos Olímpicos. O senhor defende que São Paulo concorra com o Rio na candidatura a eventos deste porte?
FELDMAN
- Tem que concorrer em tudo. Nada atrai mais patrocínio, movimenta mais hotéis e segmentos da economia do que essas competições.

FOLHA - No que São Paulo está atrás do Rio de Janeiro em termos de uma candidatura para eventos esportivos?
FELDMAN
- Não estamos atrás em nada, pelo contrário, temos condições muito melhores do que as do Rio. E não estou falando da questão de segurança. O Rio viveu um grande período de administrações complicadas. Nesse aspecto, levamos vantagem. São Paulo não pode ser humilde, tem que ser mais ousada, mais valente.

FOLHA - O fato de haver um grande estouro no orçamento, como no Pan, não o deixa temerário em relação a assumir compromissos como esse?
FELDMAN
- Cada um tem que saber o tamanho da encrenca em que está se metendo. Falta fazer mais parcerias com a iniciativa privada para custear isso.

FOLHA - Qual a primeira grande competição que pensa em abrigar?
FELDMAN
- Precisamos analisar o calendário, quero fazer algo grande em esportes radicais. Mas, temos que pensar em brigar por uma Olimpíada, é coisa de médio a longo prazo.

FOLHA - A Federação Paulista já discutiu com a CBF projetos para a Copa-2014, caso ela seja no Brasil. Defende locais como Barueri, Diadema e Guarulhos. A opinião é que a capital tem trânsito muito complicado, entre outros problemas.
FELDMAN
- Acho difícil fazer um grande estádio fora da capital e transportar toda a estrutura da cidade para lá. É mais fácil reformar os estádios daqui e solucionar os problemas.

FOLHA - Então o senhor apóia a idéia do São Paulo de incluir o Morumbi no projeto da Copa?
FELDMAN
- Sem dúvida, além do mais sou são-paulino. E um bairrista convicto. A capital tem condições de fazer tanto a abertura como a final da Copa.

FOLHA - E a lei que os vereadores aprovaram para impedir jogos de futebol na cidade após as 21h? Falta o prefeito sancionar.
FELDMAN
- Sou contra. Trabalhei no PSIU (programa para limitar o funcionamento de estabelecimentos à noite, por causa do barulho), mas nunca impedi que a cidade tivesse eventos 24 horas por dia. O Serra me pediu para estimular a prática de esportes até 1h, 2h. Vamos iluminar campos e praças esportivas para os jovens praticarem esporte de madrugada. É melhor do que fazerem outras coisas.

FOLHA - Há clima tenso entre clubes e prefeitura por conta de taxas...
FELDMAN
- Vou chamar os clubes para conversar. Eles perderam muitos sócios e alguns vivem situação dramática. Então podemos fazer uma parceria. Se eu for cobrar uma taxa atrasada de IPTU, por exemplo, vou demorar para receber. Podemos trocar algumas taxas por uma parceria. Em vez de ser em dinheiro, os clubes podem oferecer professores. É um jeito de direcionar o dinheiro de alguns impostos para a área esportiva.


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