São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atleta vence em Israel e é expulso de país árabe Mushir Salem Jawher perde cidadania de Bahrein após triunfar em maratona Queniano, Jawher defendia o Bahrein desde 2003 e teve o passaporte cassado devido às leis do país, que proíbem atuação em evento israelita
ADALBERTO LEISTER FILHO DA REPORTAGEM LOCAL Quando Mushir Salem Jawher triunfou na Maratona de Tiberias (Israel), na quinta-feira, nem imaginava a confusão em que havia se envolvido. O corredor foi o primeiro atleta defendendo um país árabe -o Bahrein- a vencer a competição. "Estou muito orgulhoso", ressaltou o atleta. Seu país de adoção, no entanto, não quis compartilhar tal glória. A Federação de Atletismo do Bahrein divulgou nota oficial afirmando ter recebido com "choque e pesar" a notícia de que um atleta do país havia participado de prova em Israel. Com base nas leis locais, o Bahrein decidiu revogar a cidadania de Jawher, nascido originalmente no Quênia, em 1978, como Leonard Mucheru. Em 2003, ele havia passado a defender a nação do Oriente Médio e adotara nome árabe. "O atleta desobedeceu as regras ao ir a Israel sem avisar", criticou Mohammed Abdul Jalal, presidente da federação. Jawher viajou quase em surdina e usou seu passaporte queniano. Ele chegou a Israel com 20 ex-compatriotas, todos enviados pelo técnico Mike Kosky, que já dirigiu a seleção queniana de corridas de rua. "Seria possível que nós reconsiderássemos a questão, se ele tivesse uma boa desculpa. Mas competir em um país no qual não mantemos relações diplomáticas é imperdoável", sentenciou Abdul Jalal. Na maratona, nem os quenianos foram páreo para Jawher. Ele cravou 2h15min12s, apenas dois segundos à frente de Joseph Kirwabirgen. Expulso de seu novo país, Jawher já tem sua biografia manchada. Para minimizar sua importância, a federação se apressou em dizer que o único resultado internacional relevante do queniano para o Bahrein havia sido uma prata nos Jogos Asiáticos, em Doha, em dezembro. Não é bem verdade. Jawher conquistou a melhor marca bareinita nos 5.000 m (13min22s15) e a terceira melhor nos 3.000 m (7min54s28) da temporada passada. Em 2004, também terminou em segundo lugar os 5.000 m na etapa de Zurique da prestigiada Liga de Ouro, que engloba os seis mais importantes GPs do calendário do atletismo. O queniano não é um caso singular de migração de talentos para países do Oriente Médio. Na década de 90, nações como Qatar e Bahrein, impulsionadas pelos petrodólares, decidiram importar treinadores de alto nível na tentativa de se tornarem mais competitivas. Como a iniciativa não proporcionou resultados significativos em eventos internacionais, os dirigentes adotaram solução mais drástica, passando a assediar jovens talentos, notadamente de Quênia e Marrocos, e a oferecer vantagens financeiras para ter os atletas com o passaporte árabe. Para disciplinar a farra das naturalizações, a Iaaf (entidade que comanda o atletismo) adotou regra mais rígida. Aqueles que mudarem de nação têm passar por período de três anos antes de defender o novo país. Com agências internacionais Texto Anterior: Santos: Clube traz volante do Iraty e lateral Próximo Texto: Butim: Atleta trocou país por salário vitalício Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |