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BASQUETE
Planeta umbigo
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
A casa dos Paytons deve ser
uma confusão. Culpa do pai
de família. Homem confiante, satisfeito consigo, resolveu festejar o
legado em dobro na maternidade. Primeiro, deu boas-vindas ao
Júnior; depois, ao Segundo. Gary
pai, Gary Jr. e Gary II. Afe.
Gosto de recorrer ao "clã" do
convencido armador, hoje no
Boston Celtics, quando preciso
ilustrar o mundinho da NBA, em
que auto-suficiência se confunde
com egotismo, um mundinho erguido sobre pilares tão frágeis
quanto à condição humana.
Hoje ele me servirá para explicar a desintegração do Minnesota
Timberwolves, talvez a equipe
mais engenhosa e equilibrada de
2003/04, que, neste torneio, surpreendentemente, está fora da zona de classificação aos playoffs.
Antes do campeonato, o clima
era de otimismo em Minneapolis.
Afinal, o clube manteve intacto
o time-base e restaurou todos os
contratos encerrados (o armador
Troy Hudson e o ala Trenton
Hassell). O ala Wally Szczerbiak
teve tempo para se recuperar de
uma longa série de contusões; o
pivô Michael Olowokandi, para
tentar aprender algo de basquete.
Sem falar, claro, na presença espetacular de Kevin Garnett.
Porém tudo degringolou já na
primeira semana de competição.
O ala Latrell Sprewell acendeu o
rastilho ao reivindicar a renovação antecipada do contrato. O armador Sam Cassell pegou o vácuo
e também reclamou. Szczerbiak
sentiu o clima pesado e pediu para ficar na reserva; ao perna-de-pau Olowokandi faltou o discernimento de sugerir o mesmo.
Sim, Garnett continua espetacular. Lidera a NBA em rebotes e
duplo-duplos e está a caminho de
se tornar o segundo jogador da
história a registrar médias superiores a 23 pontos, 14 rebotes e 6
assistências -o único foi o legendário pivozão Wilt Chamberlain.
Mas não espetacular o suficiente para salvar o grupo da apatia.
Garnett confirma neste ano seus
pouquíssimos críticos, mostrando
que de fato carece de recursos
emocionais que agreguem os colegas (o tal espírito de liderança).
Nas 48 partidas até aqui, o Minnesota já atingiu o total de derrotas sofridas em todas as 82 rodadas do campeonato passado: 24.
No final de janeiro, levou a
maior biaba dentro de seu ginásio em quase uma década. Assistiu, passivo, ao Phoenix Suns impor uma vantagem de 40 pontos
antes de fechar o jogo em 108 x 79.
Foi o 9º revés por mais de dez
pontos nesta temporada. Na anterior, foram somente seis.
Os vexames não param aí. Contra oponentes da Conferência
Leste, sabidamente a metade
mais fraca da NBA, os Wolves
têm sido ainda mais patéticos. Somam 13 tropeços em 21 duelos (só
um triunfo nos dez fora de casa).
Em 2003/04, foram 6 em 30!
São resultados de um time que
entregou os pontos, que desistiu
de lutar na quadra, que atua na
base do cada um por si, de um
bando que se basta, que olha para
o umbigo em vez da cesta.
Por isso que ironia, e de tremendo mau gosto, que os basqueteiros
da gelada Minneapolis fervam
nesses dias com a notícia de um
novo reforço. O objeto do desejo
dos Wolves? Gary Payton. Afe II.
Estrelas 1
Conforme prometido, seguem os reservas da coluna para o All-Star
Game. Pelo Oeste: Kobe Bryant (LA Lakers), Manu Ginóbili (San Antonio), Tracy McGrady (Houston), Shawn Marion (Phoenix), Amaré
Stoudemire (Phoenix), Chris Webber (Sacramento) e Garnett. Pelo
Leste: Steve Francis (Orlando), Gilbert Arenas (Washington), Paul
Pierce (Boston), Chris Bosh (Toronto), Emeka Okafor (Charlotte),
Ben Wallace (Detroit) e, vá lá, Vince Carter (New Jersey). Os titulares,
escalados na semana passada, você pode conhecer (ou relembrar)
-com a manobra picareta que reuniu Allen Iverson (Philadelphia) e
Dwyane Wade (Miami) no Leste- no melk.blog.uol.com.br.
Estrelas 2
Ninguém ainda acertou a transmissão do jogo festivo do dia 20.
E-mail: melk@uol.com.br
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