São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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BASQUETE

Planeta umbigo

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

A casa dos Paytons deve ser uma confusão. Culpa do pai de família. Homem confiante, satisfeito consigo, resolveu festejar o legado em dobro na maternidade. Primeiro, deu boas-vindas ao Júnior; depois, ao Segundo. Gary pai, Gary Jr. e Gary II. Afe.
Gosto de recorrer ao "clã" do convencido armador, hoje no Boston Celtics, quando preciso ilustrar o mundinho da NBA, em que auto-suficiência se confunde com egotismo, um mundinho erguido sobre pilares tão frágeis quanto à condição humana.
Hoje ele me servirá para explicar a desintegração do Minnesota Timberwolves, talvez a equipe mais engenhosa e equilibrada de 2003/04, que, neste torneio, surpreendentemente, está fora da zona de classificação aos playoffs.
Antes do campeonato, o clima era de otimismo em Minneapolis.
Afinal, o clube manteve intacto o time-base e restaurou todos os contratos encerrados (o armador Troy Hudson e o ala Trenton Hassell). O ala Wally Szczerbiak teve tempo para se recuperar de uma longa série de contusões; o pivô Michael Olowokandi, para tentar aprender algo de basquete.
Sem falar, claro, na presença espetacular de Kevin Garnett.
Porém tudo degringolou já na primeira semana de competição.
O ala Latrell Sprewell acendeu o rastilho ao reivindicar a renovação antecipada do contrato. O armador Sam Cassell pegou o vácuo e também reclamou. Szczerbiak sentiu o clima pesado e pediu para ficar na reserva; ao perna-de-pau Olowokandi faltou o discernimento de sugerir o mesmo.
Sim, Garnett continua espetacular. Lidera a NBA em rebotes e duplo-duplos e está a caminho de se tornar o segundo jogador da história a registrar médias superiores a 23 pontos, 14 rebotes e 6 assistências -o único foi o legendário pivozão Wilt Chamberlain.
Mas não espetacular o suficiente para salvar o grupo da apatia. Garnett confirma neste ano seus pouquíssimos críticos, mostrando que de fato carece de recursos emocionais que agreguem os colegas (o tal espírito de liderança).
Nas 48 partidas até aqui, o Minnesota já atingiu o total de derrotas sofridas em todas as 82 rodadas do campeonato passado: 24.
No final de janeiro, levou a maior biaba dentro de seu ginásio em quase uma década. Assistiu, passivo, ao Phoenix Suns impor uma vantagem de 40 pontos antes de fechar o jogo em 108 x 79.
Foi o 9º revés por mais de dez pontos nesta temporada. Na anterior, foram somente seis.
Os vexames não param aí. Contra oponentes da Conferência Leste, sabidamente a metade mais fraca da NBA, os Wolves têm sido ainda mais patéticos. Somam 13 tropeços em 21 duelos (só um triunfo nos dez fora de casa). Em 2003/04, foram 6 em 30!
São resultados de um time que entregou os pontos, que desistiu de lutar na quadra, que atua na base do cada um por si, de um bando que se basta, que olha para o umbigo em vez da cesta.
Por isso que ironia, e de tremendo mau gosto, que os basqueteiros da gelada Minneapolis fervam nesses dias com a notícia de um novo reforço. O objeto do desejo dos Wolves? Gary Payton. Afe II.

Estrelas 1
Conforme prometido, seguem os reservas da coluna para o All-Star Game. Pelo Oeste: Kobe Bryant (LA Lakers), Manu Ginóbili (San Antonio), Tracy McGrady (Houston), Shawn Marion (Phoenix), Amaré Stoudemire (Phoenix), Chris Webber (Sacramento) e Garnett. Pelo Leste: Steve Francis (Orlando), Gilbert Arenas (Washington), Paul Pierce (Boston), Chris Bosh (Toronto), Emeka Okafor (Charlotte), Ben Wallace (Detroit) e, vá lá, Vince Carter (New Jersey). Os titulares, escalados na semana passada, você pode conhecer (ou relembrar) -com a manobra picareta que reuniu Allen Iverson (Philadelphia) e Dwyane Wade (Miami) no Leste- no melk.blog.uol.com.br.

Estrelas 2
Ninguém ainda acertou a transmissão do jogo festivo do dia 20.


E-mail: melk@uol.com.br

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