São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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ex-intocável

Luxemburgo perde a unanimidade

Falhas do Palmeiras em campo e excesso de atividades do técnico, que teve todos os pedidos atendidos, irritam conselho

Treinador festeja empenho dos atletas e progresso da equipe, mas não esconde abatimento após a derrota no jogo com Guaratinguetá


Rubens Cardia/Folha Imagem
Marcos, que levou três gols em seu primeiro jogo pelo Palmeiras neste ano, descansa em treino


TONI ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

O processo de fritura ainda não começou. Mas as três derrotas seguidas no Campeonato Paulista e a queda vertiginosa do time na classificação já começam a arranhar a imagem até então imaculada do treinador Vanderlei Luxemburgo dentro do Palmeiras.
Tido como o técnico capaz de recolocar o clube no caminho dos títulos, Luxemburgo encontra o primeiro foco de resistência dentro do conselho e no segundo escalão da diretoria.
Pessoas ligadas à presidência alegam que ele obteve os reforços que quis, com o respaldo da Traffic (empresa de marketing esportivo responsável por viabilizar os atletas pretendidos), mas que, dentro de campo, o resultado tem sido desolador.
Os insatisfeitos esperavam resultados mais rápidos. Reclamam de Luxemburgo pedir paciência à torcida e tempo para entrosar o time. Avaliam que, para passar por isso, o clube, não precisaria contratar o técnico mais caro do país. Os críticos também enxergaram um erro grosseiro na escalação de Marcos, que falhou contra o Guaratinguetá. Acham que ele ainda não estava pronto para retornar à equipe.
As muitas atribuições do treinador, que não se limita a comandar o time, participando das contratações de jogadores, também geram insatisfação. Nas entrevistas após as seguidas derrotas, Luxemburgo tenta maquiar ao máximo o clima de insatisfação. "A derrota foi doída. Foi um resultado duro [3 a 0 para o Guaratinguetá, anteontem], mas senti um progresso da equipe." No entanto, os consecutivos fracassos começam a colocar em xeque até o planejamento feito pela comissão técnica.
Entre os conselheiros, as escolhas de Piracicaba e São José do Rio Preto, que não possuem um bom gramado, contribuíram para os recentes reveses. Apesar de não correr o risco de queda ante um novo tropeço amanhã, contra o Guarani, Luxemburgo sabe que já não conta com o apoio irrestrito das arquibancadas. Após a derrota para o líder Guaratinguetá, ele mesmo falou que a resposta aos torcedores não é com pedido de desculpas e nem de paciência.
"A torcida, a gente conquista é com vitórias. Eles [torcedores] têm o direito de vaiar, mas continuo acreditando na classificação. Em um campeonato de três pontos, três vitórias seguidas mudam tudo. Agora, precisa começar a ganhar." Para descaracterizar o momento conturbado do Palmeiras, Luxemburgo se fixou no futebol apresentado pela equipe nos primeiros 25 minutos do jogo de anteontem.
"O grupo está querendo, mas não está conseguindo. Se enxergasse falta de empenho, já teria soltado os cachorros no vestiário. Perdemos o jogo em três contra-ataques. A única coisa que o Marcos fez foi pegar as bolas dentro do gol. Uma hora a bola vai bater na bunda do zagueiro deles e vai entrar. Futebol é isso."
Se no vestiário Luxemburgo esbanjava convicção, no ônibus do clube o clima era de abatimento. O retrato da desolação ficou por conta do presidente Afonso della Monica e do treinador. Sentados nas poltronas da frente, mal se falaram em frente ao estádio.


Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC


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