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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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FUTEBOL

Semifinal da Libertadores em 2000, decidida nos pênaltis e vencida pelo Palmeiras, deixa sequelas nas equipes

"Duelo do século" ainda marca clássico

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que decidir uma vaga na final do Paulista-2003, Corinthians e Palmeiras dão sequência hoje a um jogo que parece ainda não ter acabado.
Em junho de 2000, os arquiinimigos disputaram a partida de mais alto grau na história dos confrontos entre os dois clubes, que acabou virando uma "maldição" para os dois times.
Denominado na época "o jogo do século", os rivais entraram em campo em uma terça-feira à noite para duelar pelo direito de avançar à decisão da Taça Libertadores da América, o mais importante campeonato do continente.
De um lado estava o favorito Corinthians, do técnico Oswaldo de Oliveira, que foi ao jogo carregando a glória de, poucos meses antes, ter conquistado o primeiro Mundial de Clubes da Fifa.
Do outro, o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, com uma equipe inferior e já ensaiando uma época de vacas magras na montagem de esquadrões milionários. A parceria com a Parmalat estava no fim.
Para escancarar seu favoritismo, o Corinthians havia ganhado a primeira partida daquela semifinal, por 4 a 3, e precisava do empate no segundo jogo, o decisivo.
Na volta, o Palmeiras, graças a um gol do polêmico volante Galeano, assegurou uma vitória no tempo normal, por 3 a 2, e levou a definição para os pênaltis.
A dramática disputa foi até a última cobrança. O Palmeiras havia convertido em gol suas cinco batidas. Marcelinho, o mais gabaritado cobrador corintiano, chutou a derradeira de seu time, que o goleiro Marcos defendeu.
Hoje, quase três anos depois, aquela dramática partida, vencida de modo "improvável" pelo Palmeiras, ainda apresenta indeléveis sequelas nos dois times.
Desde então, a média de público no mais tradicional clássico do Estado não ultrapassa a marca de 22 mil pagantes, número irrisório no passado do confronto.
Logo no primeiro Palmeiras x Corinthians pós-junho de 2000, pela Copa João Havelange, os dois rivais atraíram pouco mais de 3.000 pessoas ao Morumbi, o pior público da história do clássico no campeonato nacional.
No primeiro jogo da semifinal deste Paulista, na quarta-feira passada, Palmeiras e Corinthians levaram pouco mais de 13 mil pessoas ao Morumbi.
Os quatro artilheiros do jogo de 2000, Luizão, Euller, Alex e Galeano, atravessaram ou ainda atravessam problemas em suas carreiras. Luizão, que fez os dois gols corintianos naquela noite, hoje amarga a reserva no Hertha Berlim, já que o único gol que fez pelo time, desde sua contratação em 2002, ocorreu na Copa da Uefa contra um time de Chipre.
Euller e Galeano hoje estão "escondidos" no Japão, enquanto Alex, depois de uma transação frustrada com o Parma italiano, tenta resgatar seu bom futebol no Mineiro, jogando pelo Cruzeiro.
A "maldição" do duelo da Libertadores sobrou até para o árbitro da partida. Edílson Pereira de Carvalho foi apanhado com diploma falso e está afastado da arbitragem paulista.
O antes intocável Marcelinho, depois do fatídico pênalti, teve uma saída conturbada do Corinthians no ano seguinte e foi parar no Gamba Osaka, do Japão. Neste ano, o ex-ídolo da Fiel tentou voltar ao clube em que construiu sua fama, mas foi recusado. Seu destino foi jogar pelo Vasco.
"Deixamos de chegar a uma final inédita na história do clube. Em um clássico como Corinthians x Palmeiras, ou você se consagra e vai para o céu ou você vai para o inferno", lembrou Marcelinho, ontem.
Marcos, o goleiro herói daquele confronto, nunca mais ganhou do Corinthians. O Palmeiras, que hoje está na segunda divisão nacional, nunca mais ganhou do Corinthians, que, por sua vez, saiu daquela Libertadores para um 28º lugar no Brasileiro-2000.


Colaborou Sérgio Rangel, da Sucursal do Rio


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